Economia

Falta decisão política para Brasil ser líder em etanol, diz FHC

Ex-presidente pede uma maior regulamentação do setor no país e consciência de outros governos

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

O Brasil tem condições para crescer como uma liderança no mercado de etanol, mas ainda depende de decisões políticas para assumir esse papel, afirmou nesta terça-feira (5/6) Fernando Henrique Cardoso. De acordo com o ex-presidente, que participou do segundo e último dia de um encontro sobre etanol promovido em São Paulo, é preciso que os governos de todo o mundo destinem uma maior atenção a alternativas que reduzam a agressão ao meio ambiente.

"Temos a vantagem porque dispomos de uma matriz mais limpa", afirmou. "Possuímos tecnologia, terra, mas isso não é a solução.". Para o ex-presidente, é "imperativo" um novo pacto mundial que gere iniciativas capazes de promover o desenvolvimento e levar em conta as questões ambientais. No Brasil, esse esforço poderia ser traduzido pela criação de uma agência de energia dedicada a estudar a relação com a ambiente e de ações contra a prática das queimadas, segundo Fernando Henrique. Além disso, é importante que o país também melhore as condições de trabalho nos canaviais, vistas com desconfiança por investidores e governos estrangeiros. "Já tivemos avanços nessa questão, mas a situação ainda não está boa".

No mundo, falta consciência política para que os países encarem o etanol como uma via eficiente e menos nociva do que os combustíveis atuais, segundo o ex-presidente. "O petróleo é indiscutivelmente causa de guerras, estamos assistindo à emergência de novos conflitos que têm como pano de fundo a questão energética", afirma. Países como os Estados Unidos parecem ainda não ter acordado para essa questão, na opinião de Fernando Henrique, que chama de "decisão errada" o fato de os americanos não seguirem as diretrizes do protocolo de Kyoto. "A única coisa positiva nos Estados Unidos é que os estados estão tomando suas próprias ações nessa matéria, enquanto o governo federal fica atrasado".

Segundo o ex-presidente, já há iniciativas para convencer os países a apostarem na bioenergia, que recebeu investimento global de 2,26 bilhões de dólares em 2005, pela estimativa mais recente da Organização das Nações Unidas (ONU). O Clube de Madrid, organização independente formada por ex-líderes de governo - e da qual Fernando Henrique é membro -, deve se reunir em Xangai, na China, em setembro para discutir o assunto. "O preço alto das commodities está mostrando que, se ontem a base do desenvolvimento era a industrialização, talvez hoje seja o agronegócio", afirma o ex-presidente.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Câmara tem até quarta-feira para votar reoneração da folha e cumprir decisão do STF

China registra crescimento de 6% no comércio exterior nos primeiros oito meses de 2024

Inflação de agosto desacelera e fica em -0,02%; IPCA acumulado de 12 meses cai para 4,24%

Por que o cenário de deflação na China vem preocupando o mercado?