Carne: se confirmada a previsão, o maior exportador global de carne bovina, com mais de 20% das vendas internacionais, poderia registrar um novo recorde histórico (Fuse/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2015 às 16h13.
São Paulo - A exportação de carne bovina do Brasil deverá crescer cerca de 25 por cento em 2016, para 1,76 milhão de toneladas, retomando o crescimento após um ano em que o setor enfrentou dificuldades no cenário internacional, disse nesta quinta-feira o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Camardelli.
Se confirmada a previsão, o maior exportador global de carne bovina, com mais de 20 por cento das vendas internacionais, poderia registrar um novo recorde histórico, apagando a marca histórica de 2007, de 1,62 milhão de toneladas.
Segundo Camardelli, o otimismo se fundamenta na demanda adicional que virá da Ásia, especialmente da China e Japão, além da expectativa de que o mercado de carne in natura dos Estados Unidos seja finalmente aberto, após anos de espera.
Dessa forma, ele prevê que a receita gerada pelas exportações aumente no ano que vem para 7,5 bilhões de dólares, também um novo recorde, ante a estimativa de 6 bilhões de dólares para 2015.
A entidade também vê o vácuo de mercado deixado pela queda no número de abates da Austrália, importante exportador global, como uma oportunidade de crescimento da participação brasileira no mercado asiático.
"Sabemos que há uma demanda crescente na Ásia em geral. A Austrália não vai conseguir suprir esse mercado todo", disse o diretor-executivo da Abiec, Fernando Sampaio, em evento com jornalistas nesta quinta-feira.
A China, que também reabriu seu mercado ao produto brasileiro, é vista pela associação como "a primeira alternativa para cortes nobres", que antes tinham a Europa como principal destino. Atualmente, o Brasil exporta majoritariamente carne in natura desossada para o país asiático, mas estão previstas negociações para a exportação de miúdos e carnes com ossos, o que pode aumentar o volume das vendas para China, disse Camardelli.
"Dentro do pacote de ambições do ano que vem, a China tem um quantitativo de 1,3 bilhões de dólares", estimou o presidente da Abiec.
Em relação aos mercados da América do Norte, a entidade espera ainda que em 2016 sejam emitidos os certificados para entrada de carne brasileira in natura nos Estados Unidos --país que atualmente só importa o produto industrializado.
A Abiec ainda classificou como "aceleradas" negociações com o governo mexicano para abolir impostos em relação à importação de carne bovina.
RETOMADA EM DÓLAR
As estimativas para 2016 preveem um retorno do crescimento observado em 2014, quando as receitas somaram históricos 7,2 bilhões de dólares anuais, após um 2015 em que grandes mercados consumidores do produto brasileiro, como Venezuela e Rússia, enfrentaram dificuldades políticas e desvantagem cambial.
"A crise política levou o rublo a bater o recorde histórico (de desvalorização) de 70 ante o dólar. Quando iniciamos nosso processo na Rússia ele estava em 26. Paralelamente a isso, o petróleo está abaixo de 40 dólares. São obstáculos que nos fizeram enxergar a Rússia como um mercado que precisava de atenção para que não perdêssemos o share de mercado", afirmou Camardelli.
No acumulado do ano até novembro, as exportações do Brasil somaram 1,3 milhão de toneladas, uma queda de 10 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado. Em valores, a queda é de 17 por cento, para 5,4 bilhões de dólares.