Dinheiro: diretor do FMI para a AL disse que região precisa de mais investimento e reformas em setores-chave (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2014 às 16h56.
A América Latina corre o risco de entrar em um período de estagnação econômica, com baixo crescimento prolongado que pode dar margem a instabilidades políticas, advertiram nesta sexta-feira economistas e analistas em Miami.
Fatores externos, como a queda de preços das matérias-primas, e internos, como deficiências em infraestrutura, educação e impostos, têm colocado a região no caminho de um crescimento modesto, estimado pelo FMI em 2,5% para neste ano e em 3% para 2015.
"O risco hoje na América Latina não é o colapso. Com exceção de Venezuela e Argentina, que têm seus próprios problemas, para os outros países o risco é de estagnação, um baixo crescimento que se prolonga demasiadamente para ser politicamente sustentável", afirmou Joydepp Mukherji, responsável pela classificação da dívida soberana na Standard and Poor's.
"A previsão para a América Latina é: nublado com possibilidade de chuva", disse André Meier, do departamento para América Latina do Fundo Monetário Internacional, durante evento da Universidade de Miami.
"Se consideradas as duas variáveis, os desafios externos e os gargalos domésticos, há previsões menos otimistas do que no passado", afirmou.
Apesar disso, analistas concordaram em afirmar que a região está em uma posição mais estável do que no passado para suportar as pressões externas.
O problema é a "frustração" da população, que, apesar dos avanços, não têm as reivindicações atendidas, como pode ser visto em protestos no Brasil, disse Riordan Roett, especialista em América Latina da Universidade John Hopkins.
"Altas expectativas e fraca resposta do sistema político não é uma boa combinação para os próximos anos", advertiu.
A pergunta que deve ser respondida na região é "como acalmar as altas expectativas em tempos austeros?", apontou Meier.
O diretor do FMI para América Latina, Alejandro Werner, disse à AFP no mês passado que a região precisa de maiores investimentos e reformas em setores-chave, como infraestrutura e educação, para retomar o caminho do crescimento econômico sustentável.