Espanha se financia a menor custo a poucas horas de reunião
O país, que na terça-feira obteve um alívio da agência de classificação Moody's, conseguiu vender bônus a dez anos a um juro médio de 5,458%
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2012 às 17h44.
Madri - A Espanha pagou juros mais baixos nesta quinta-feira para captar 4,614 bilhões de euros (6 bilhões de dólares) em bônus da dívida, diante da aparente confiança dos investidores na iminência de um pedido de ajuda europeia por parte de Madri a poucas horas do início de uma reunião em Bruxelas.
O país, que na terça-feira obteve um alívio da agência de classificação Moody"s, conseguiu vender bônus a dez anos a um juro médio de 5,458%, abaixo do que teve que pagar na última emissão de títulos da dívida no mesmo prazo, 5,666%, no dia 20 de setembro.
Os juros também caíram para as emissões de títulos da dívida espanhola a três anos (3,227% frente a 3,676%) e a quatro anos (3,977% frente a 4,603%), cuja emissão anterior aconteceu no dia 6 de setembro.
O Tesouro espanhol se beneficiou assim de uma tranquilidade maior nos mercados e de uma importante demanda de 10,9 bilhões de euros para captar mais que seu objetivo fixado entre 3,5 bilhões e 4,5 bilhões de euros para esta emissão.
O relaxamento da tensão está diretamente ligado à decisão da Moody"s, anunciada na terça-feira à noite, de manter a classificação da dívida espanhola em Baa3.
Desde o começo do verão, a ameaça de ter sua nota rebaixada a "bônus lixo" tinha mantido a pressão sobre o país, mas a agência manteve a nota da Espanha um nível acima da categoria.
Uma das principais razões citadas pela Moody"s é justamente a provável solicitação pela Espanha de "uma linha de crédito de precaução ao Mecanismo Europeu de Estabilidade" (MEE), recentemente em vigor, o que deve permitir ao Banco Central Europeu (BCE) ativar seu programa de compra de bônus espanhóis sem que o país tenha que utilizar necessariamente a ajuda europeia.
Essa hipótese, alimentada por sinalizações do governo espanhol, ganhou forma nos últimos dias e pareceu tranquilizar os mercados.
Não é esperado que Madri faça um pedido formal durante a reunião que começou nesta quinta-feira em Bruxelas. Contudo, ele poderá ser feito na próxima semana ou antes do começo de novembro, informaram, nesta quarta-feira à AFP, duas fontes europeias.
"Talvez a cúpula europeia que começa hoje proporcione algumas pistas sobre o tempo desses acontecimentos (ajuda à Espanha e outros), mas tememos que, na realidade, seja decidida pouca coisa ou nada", consideraram em um relatório os analistas do banco Bankinter.
A corretora Link Securities é mais otimista. "Tudo aponta agora para que a Espanha e seus sócios estejam próximos de um acordo" sobre este pedido de ajuda, afirma.
Seus analistas preveem que "o possível resgate à Espanha ganhe forma na reunião de chefes de Estado da UE". Mas "não esperamos que, imediatamente depois, da mesma a Espanha solicite o resgate, mas sim que sejam estabelecidas as bases para que possa fazê-lo a curto prazo", dizem.
"Existe, além disso, esperança de que haja progressos sobre um acordo (nesse sentido) na reunião de Bruxelas que começa hoje", concorda John Higgins, analista da Capital Economics.
A Espanha afirma que a decisão será tomada "nas próximas semanas", segundo uma fonte do Ministério da Economia. "Estamos trabalhando em um consenso com nossos sócios. O dia em que fizermos nosso pedido devemos estar seguros de que será bem recebido", acrescentou.