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Empresas visam eliminar favelas de países em desenvolvimento

A urbanização e o aumento do número de pessoas em bairros pobres provocam a multiplicação de projetos para eliminar favelas de países em desenvolvimento

Pobreza: um terço da população urbana dos países em desenvolvimento vive em "assentamentos informais" (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2014 às 07h57.

Toronto - A explosão demográfica mundial, a crescente urbanização do planeta e o aumento do número de pessoas vivendo em bairros pobres está provocando a multiplicação de projetos que buscam eliminar as favelas de países em desenvolvimento .

De acordo com dados da ONU, em 2050 a população mundial será de nove bilhões de pessoas, dois bilhões a mais do que na atualidade.

Além disso, o número de pessoas que viverá em centros urbanos subirá a 6,3 bilhões, 2,8 bilhões a mais do que hoje.

Na atualidade, um terço da população urbana dos países em desenvolvimento, cerca de 900 milhões de pessoas, vive em "assentamentos informais", e 90% deste aumento da população urbana acontecerá na Ásia e na África, segundo um relatório das Nações Unidas publicado este ano.

Esse documento, intitulado "Perspectivas de Urbanização Mundial", ressaltou a necessidade de planejar a urbanização desses bilhões de pessoas proporcionando casas e serviços acessíveis. Especialistas afirmam que não é apenas uma questão de construir imóveis dignos que substituam os bairros marginalizados ou previnam a aparição de mais assentamentos informais. O desafio é oferecer oportunidades econômicas, educacionais e serviços.

Uma das respostas é o projeto iniciado pela Iris Corporation Berhad, uma empresa com experiência na Malásia no desenvolvimento de casas dignas para comunidades de agricultores empobrecidos.

A Iris, em parceria com o governo malaio, desenvolveu três "comunidades inteligentes" em zonas rurais da Malásia.

Cada uma delas tem cerca de 100 famílias, que combinam a construção de casas acessíveis com a criação de atividades econômicas que proporcionam renda a seus habitantes.

Cada casa custa, aproximadamente, US$ 3 mil, é eficiente no consumo de energia, produzida com materiais pré-fabricados e inclui um sistema integrado de viveiro e agricultura que proporciona alimentos a seus habitantes.

O excesso de produção é vendido, o que permite aos moradores triplicar a renda até alcançar US$ 500 ao mês, explicou à Agência Efe o empresário Tan Say Jim, que apresentou no Canadá o projeto da Iris para acabar com as favelas.

A ideia da empresa para centros urbanos se baseia na construção de edifícios de apartamentos produzidos com materiais pré-fabricados e que incluem estufas e jardins em seus telhados.

Tan Say Jim afirmou que a Iris já construiu na cidade malaia de Pahang o primeiro edifício de 32 apartamentos em 16 semanas.

O custo foi de US$ 1,5 milhão, incluído o preço do terreno.

O projeto, com um custo total de US$ 15 milhões, inclui a construção de cinco edifícios similares, 100 tanques de água (cada um de cinco mil litros) para a produção de viveiros, um centro comercial, creche, delegacia policial e centros de aprendizagem e recreação.

Segundo o empresário, este modelo permitirá tirar 160 famílias da pobreza e "pode ser aplicado em qualquer país do mundo". Por enquanto, dois países africanos estão interessados em aplicar o modelo em seus territórios.

No Canadá, a ABT Insulpanel oferece a países em desenvolvimento a fabricação de casas dignas e acessíveis utilizando painéis de fibra agrícola comprimida (CAF, na sigla em inglês).

Os painéis da CAF são produzidos com palha de produtos agrícolas que normalmente são desprezados. Com isso, as casas da ABT Insulpanel oferecem dupla vantagem: são acessíveis e ecológicas. Além disso, os agricultores locais recebem uma fonte de renda extra.

"Em longo prazo, a solução à necessidade de casas acessíveis em países em desenvolvimento será criar soluções locais que respondam a suas necessidades particulares", disse à Agência Efe Omer Riza, vice-presidente da ABT Insulpanel.

Riza, cuja companhia está trabalhando em países como Gana, Nigéria, Filipinas e Camboja, acrescentou que as necessidades de casas acessíveis "são muito diferentes dependendo de cada país".

"Nas Filipinas, por exemplo, grande parte das necessidades atuais de moradias dignas e acessíveis é produto de recentes desastres naturais. Já na África Ocidental essas necessidades são fruto de carências sistemáticas em responder ao aumento da população", explicou.

São Paulo - Existem 6,3 mil favelas espalhadas pelo Brasil. Mas enquanto o IBGE - que nesta semana divulgou um retrato desses locais de moradia - exige ao menos 51 domicílios em condições precárias para encaixar um conjunto habitacional na categoria, algumas dessas comunidades se agigantam a tal ponto de possuir mais moradores que a maioria dos municípios brasileiros . São os casos das 10 favelas a seguir: todas têm mais de 40 mil habitantes, de acordo com o Censo 2010 . A campeã Rocinha, no Rio de Janeiro, quase chega a 70 mil. Se fosse uma cidade, estaria entre as 450 maiores do país, de um total de 5,5 mil. Em todo o Brasil, são 11,4 milhões de pessoas morando em locais frutos de invasão de terras públicas ou privadas e sem acesso completo a serviços públicos. Segundo o IBGE , as favelas não são iguais em todos as cidades: enquanto no Rio, por exemplo, é comum que elas sejam formadas por becos e vielas, com casas de dois ou mais andares, em outras capitais, como Fortaleza, essas regiões possuem ruas de fato e as casas costumam ter apenas um pavimento. Confira as fotos das 10 mais populosas favelas do Brasil.
  • 2. 2ª Sol Nascente (Ceilândia), Distrito Federal – 56 mil moradores

    2 /9(Reprodução YouTube)

  • Veja também

    População: 56.483 Domicílios: 15.737 Esgoto: presente em 991 domicílios (6,2% do total)
  • 3. 3ª Rio das Pedras, Rio de Janeiro (RJ) – 54 mil moradores

    3 /9(Reprodução Google Street View)

  • População: 54.793 Domicílios: 18.700 Esgoto: presente em 13.105 domicílios (70% do total)
  • 4. 5ª Baixadas da Estrada Nova Jurunas, Belém (PA) – 53,1 mil moradores

    4 /9(Reprodução Google Street View)

    População: 53.129 Domicílios: 12.666 Esgoto: presente em 7.379 domicílios (58,2% do total)
  • 5. 6ª Casa Amarela, Recife (PE) – 53 mil moradores

    5 /9(Reprodução Google Street View)

    População: 53.030 Domicílios: 15.215 Esgoto: presente em 2.937 domicílios (19,3% do total)
  • 6. 8ª Paraisópolis, São Paulo (SP) – 42,8 mil moradores

    6 /9(Danny Lehman/Corbis)

    População: 42.826 Domicílios: 13.071 Esgoto: presente em 11.612 domicílios (88,8% do total)
  • 7. 9ª Cidade de Deus, Manaus (AM) – 42,4 mil moradores

    7 /9(Reprodução Google Street View)

    População: 42.476 Domicílios: 10.559 Esgoto: presente em 1.265 domicílios (12% do total)
  • 8. 10ª Heliópolis, São Paulo (SP) – 41,1 mil moradores

    8 /9(Leonardo Finotti)

    População: 41118 Domicílios: 12.105 Esgoto: presente em 11.415 domicílios (94,3% do total)
  • 9. Agora, veja as cidades que contrariam a regra no Brasil em saneamento básico

    9 /9(Germano Lüders/EXAME.com)

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