Plenário do Senado: governo espera arrecadar R$ 20 bilhões por ano com a proposta (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 29 de novembro de 2023 às 17h12.
Última atualização em 29 de novembro de 2023 às 17h44.
Em votação simbólica, o Senado aprovou o projeto de lei que tributa fundos exclusivos e offshores nesta quarta-feira, 29. O texto segue para sanção presidencial. A tributação de fundos é considerada essencial pelo Ministério da Fazenda para o governo conseguir aumentar a arrecadação federal em 2024 e zerar o déficit nas contas públicas.
A previsão do governo é arrecadar até R$ 20 bilhões com a proposta que trata da tributação de investimentos da alta renda em 2024.
O texto prevê uma tributação anual com alíquota de 15% sobre os rendimentos de offshores, independentemente dos valores aplicados. Os fundos de investimento offshores são aqueles mantidos fora do Brasil, e que contam com ativos internacionais. Atualmente, o capital investido no exterior é tributado apenas quando resgatado e enviado ao país.
No caso dos fundos fechados, o texto define que o investidor terá incidência da chamada taxa “come-cotas” — imposto recolhido semestralmente sobre alguns fundos de investimento — de 15% para os fundos de longo prazo, e de 20%, para os de curto prazo.
Essa modalidade de fundo tem apenas um investidor com no mínimo R$ 10 milhões aplicados, com custo de manutenção de até R$ 150 mil por ano. Hoje, a tributação desse investimento acontece apenas no resgate. Segundo estimativas do governo federal, há 2,5 mil brasileiros com recursos aplicados nesses fundos, que acumulam R$ 756,8 bilhões e correspondem a 12,3% dos fundos no Brasil.
O relator do projeto de lei, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), não alterou a proposta aprovada na Câmara. A proposta define uma taxa para quem optar por atualizar os rendimentos até 31 de dezembro deste ano. Foi estabelecida uma alíquota de 8% para a opção dada ao contribuinte de antecipar o pagamento do Imposto de Renda sobre rendimentos até 2023 nos fundos fechados e na opção de atualizar bens no exterior pelo valor de mercado em 31 de dezembro de 2023.
Os fundos de investimento exclusivos do agronegócio e imobiliários, com 50 participantes ou mais, vão continuar com isenção de imposto come-cotas. A manutenção da isenção para os fundos com menos cotistas, porém, teria uma condição: pessoas da mesma família, com CPFs interligados até parentesco de segundo grau, não podem ter juntos mais de 30% das cotas do fundo.