Secretários estaduais fecham posição sobre reforma tributária
Secretários querem comitê gestor somente com Estados e municípios para o imposto proposto na reforma tributária que está na Câmara
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de julho de 2019 às 14h41.
Última atualização em 31 de julho de 2019 às 14h47.
Secretários de Fazenda dos 26 Estados e do Distrito Federal fecharam nesta quarta-feira, 31, pontos de uma reforma tributária que serão apresentados ao Congresso Nacional. A redação do texto ainda será fechada no período da tarde e apresentada aos governadores na semana que vem para validação.
Os pontos definidos foram anunciados durante o intervalo de uma reunião do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) em Brasília pelos secretários do Piauí, Rafael Fonteles, presidente do órgão, e de São Paulo, Henrique Meirelles .
Os gestores decidiram que apresentarão uma proposta que cria um comitê gestor somente com Estados e municípios, sem a participação da União, para o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), proposto na reforma tributária que está na Câmara, conforme o jornal O Estado de S. Paulo antecipou na terça-feira, 30.
O texto irá trazer uma alíquota mínima, ainda a ser definida, e cada Estado ou município poderá alterar o porcentual. A União não poderá definir a alíquota do imposto, mas ainda terá participação na arrecadação, de acordo com a medida.
Os secretários querem ainda criar um fundo de desenvolvimento regional para atender principalmente as regiões Norte e Nordeste e um fundo de equalização de perda de receitas que eventualmente ocorrer com as mudanças. Os porcentuais para esses fundos ainda não foram fechados.
O benefício da Zona Franca de Manaus será mantido, de acordo com a proposta desenhada pelos Estados. Também no texto, a Justiça estadual será a instância para julgar contenciosos administrativos envolvendo o IBS. Uma base ampla para englobar serviços digitais na tributação também faz parte da proposta.
A ideia é que um deputado federal apresente os pontos por meio de uma emenda à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que está na Câmara e que ainda depende de votação em uma comissão especial. A PEC, idealizada pelo economista Bernard Appy, cria o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), substituindo três tributos federais (IPI, PIS e Cofins), o ICMS, que é estadual, e o ISS, municipal.
Aprovação
O secretário de Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles , afirmou que é possível aprovar uma reforma tributária no Congresso Nacional ainda neste ano.
"Hoje avançamos muito, talvez o passo mais importante, mais decisivo para a reforma tributária tenha sido hoje", comentou o secretário, afirmando acreditar na aprovação de uma proposta ainda em 2019.
Ele classificou a reforma tributária com a participação dos Estados como "absolutamente fundamental" justificando que grande parte das distorções no sistema tributária atual se dão exatamente nos impostos estaduais, como o ICMS.
"O mais importante é que os Estados entenderam isso e estão de acordo. Hoje não existe aqui nenhum desacordo, ninguém que discorda de se fazer a reforma que vá alterar, simplificar e consolidar os impostos estaduais e acabar com a guerra fiscal", comentou Meirelles.