Economia

Eleições e FMI: mercado continua refém

O mercado financeiro brasileiro tem pelo menos dois fatores políticos para lidar durante o dia de hoje (5/08): o resultado do primeiro debate realizado entre os candidatos à presidência, organizado pela TV Bandeirantes ontem à noite, e o resultado da nova pesquisa eleitoral feita pelo Ibope, que deverá ser divulgada nesta terça-feira. As expectativas giram […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h48.

O mercado financeiro brasileiro tem pelo menos dois fatores políticos para lidar durante o dia de hoje (5/08): o resultado do primeiro debate realizado entre os candidatos à presidência, organizado pela TV Bandeirantes ontem à noite, e o resultado da nova pesquisa eleitoral feita pelo Ibope, que deverá ser divulgada nesta terça-feira. As expectativas giram em torno da confirmação ou não dos números favoráveis a Ciro Gomes (Frente Trabalhista).

A pesquisa da Toledo e Associados, feita entre os dias 25 e 27 de julho e divulgada no fim de semana mostra Ciro Gomes pela primeira vez à frente da corrida eleitoral. O candidato conta com a preferência de 34,3% dos eleitores contra 33,6% de Lula, 13,8% de José Serra (PSDB/PMDB) e 9% de Anthony Garotinho (PSB). Lula caiu 6,9 pontos percentuais em relação à última pesquisa feita no final de junho, Serra caiu 9,5 pontos e Ciro cresceu 22,2 pontos. Na pesquisa Vox Populi, divulgada no sábado, Lula tem 34%, Ciro, 30%, Serra, 13%, e Garotinho, 10%.

Além do quadro político, o desenrolar das negociações entre o governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) também deve como aconteceu durante toda a semana passada influenciar o humor do investidor. Hoje, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O Neill, irá se encontrar com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Ontem, O Neill jantou com Armínio Fraga, presidente do Banco Central, e Pedro Malan, Ministro da Fazendo, no Rio de Janeiro. Ao que tudo indica, o FMI está disposto a fechar um acordo para novo empréstimo ao país antes do dia 12 de agosto, quando os funcionários do FMI entrarão em férias.

Os recursos adicionais que a equipe econômica do governo está tentando obter junto ao FMI são apontados por analistas do mercado como a única alternativa viável para fazer com que os agentes econômicos deixem de acreditar que a tendência é a desvalorização da moeda brasileira.

A semana passada foi marcada pela forte desvalorização do real, impulsionada pelo corte de linhas internacionais de crédito o que serviu para tirar dólar do país e alimentar ainda mais a desconfiança do investidor estrangeiro. O que aconteceu semana passada não foi, portanto, apenas um movimento especulativo. As linhas de crédito deram suporte técnico para explicar grande parte da alta do dólar , afirma Odair Abate, economista-chefe do Lloyds TSB, em relatório para o banco. Entretanto, segundo ele, não há como justificar o fato do câmbio ter subido de 3 reais para 3,6 reais em três dias. Não sem considerarmos o elemento especulativo , diz ele.

A especulação em torno do futuro político do país não deve acabar nos próximos meses. Talvez dure até o início do ano que vem. A única saída que Abate vê para conter tal especulação é o acordo com o FMI. Queiramos ou não, no momento, a alternativa é a obtenção de recursos adicionais para reforçar o caixa do Banco Central e aumentar sua capacidade de intervir com sucesso no mercado , afirma ele. Como o medo, exagerado, do mercado reside no futuro é pouco provável que números macroeconômicos, mesmo que sejam bons, nos próximos 2 ou 3 meses, tenham força para reduzir as apreensões. Principalmente, se não houver a percepção de que o BC tem condições para prover o mercado com a liquidez necessária, evitando momentos de histeria como os observados no começo da semana passada.

Indicadores de hoje

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisa (Fipe) de julho, divulgado hoje (5/08), ficou em 0,67% -- abaixo da expectativa do mercado, mas bem acima do registrado no mês passado. Em junho, a inflação foi de 0,36% e, em julho do ano passado, 1,79%.

A maior alta do mês ficou com o grupo alimentação (1,12%), enquanto a menor foi do segmento de vestuário (0,09%). Nenhum dos setores pesquisados apresentou deflação. As demais variações foram as seguintes: habitação, 0,48%; transportes, 0,68%; despesas pessoais, 0,71%; saúde, 0,61%; e educação, 0,35%.

Como sempre acontece às segundas-feiras, hoje sai a projeção da balança comercial na primeira semana de agosto. A expectativa do mercado é de superávit de 50 milhões de dólares. Espera-se também que o fim da greve dos fiscais da Receita Federal aconteça em agosto, o que pode diminuir os superávits semanais (com os fiscais trabalhando, as importações aumentarão).

Nos Estados Unidos, a espera é pelo saldo de julho do setor industrial de não-manufaturados. O mercado aguarda um índice de 57,4%.

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