Para economista, corte de R$ 10 bilhões é insuficiente
Brasília - O corte de R$ 10 bilhões nos gastos públicos correntes, neste ano, é insuficiente como tentativa de conter eventual superaquecimento da economia brasileira, no entender do economista Fábio Pina, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio). Ele acredita que só com uma "redução drástica" das despesas […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - O corte de R$ 10 bilhões nos gastos públicos correntes, neste ano, é insuficiente como tentativa de conter eventual superaquecimento da economia brasileira, no entender do economista Fábio Pina, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio).
Ele acredita que só com uma "redução drástica" das despesas correntes o país terá condições de equilibrar a economia e romper com o "ciclo pernicioso de aumento de juros para tentar conter a inflação". Condição que seria relativizada, segundo o economista, com uma reforma fiscal, mas isso parece ser um "sonho de difícil realização".
Fábio Pina lembra a metáfora de que "o brasileiro só coloca a tranca na porta depois da casa arrombada", e ressalta que há anos a quase totalidade dos economistas tem feito alertas à administração pública sobre a necessidade de cortar gastos, de forma a estabelecer as condições para o país crescer de forma sustentável.
O economista da Fecomercio ressalta o "crescente exagero" dos gastos correntes no país, e por isso entende ser necessário um ajuste muito maior do que os R$ 10 bilhões anunciados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, independentemente do superávit primário (economia para pagamento dos juros) das contas públicas.
Segundo Pina, o consumo das famílias é crescente e o investimento das empresas também está em evolução. Então, "é natural que o equilíbrio da economia passe pela contenção de despesas governamentais". Mas o que se observa, em vez do aumento do consumo e dos investimentos ser comemorado, isso tira o sono do governo, em razão da incapacidade dos gestores públicos em conter as despesas.
Como resultado, diz ele, surge uma enorme pressão sobre a balança de comércio e serviços, pressões inflacionárias e a pressa de agora, de forma açodada e sem planejamento, para conter os gastos. "Tomara que não voltemos aos tempos dos pacotes que surgiam sempre para resolver problemas em sua fase extrema", acrescentou.