Duterte não cortará relações com os EUA, diz porta-voz
O porta-voz do líder, Ernesto Abella, afirmou que Duterte só reiterava com suas palavras o objetivo de conseguir uma política externa independente
EFE
Publicado em 21 de outubro de 2016 às 10h54.
Última atualização em 21 de outubro de 2016 às 10h55.
Manila - O presidente das Filipinas , Rodrigo Duterte, que ontem garantiu que procura uma "separação" econômica e militar com os Estados Unidos , não tem intenção de cortar as relações com Washington, afirmou nesta sexta-feira o porta-voz do líder, Ernesto Abella, em comunicado.
Abella afirmou que Duterte só reiterava com suas palavras o objetivo de conseguir uma política externa independente.
"É a reafirmação de sua posição no que diz respeito à política externa independente disposta na Constituição das Filipinas que repetiu em seus discursos nacionais, afirmando o imperativo de separar a nação da dependência dos EUA e Ocidente e reequilibrar as relações com nosso vizinhos", aponta o escrito oficial.
Durante um fórum de negócios chinês-filipino realizado ontem em Pequim, o presidente filipino anunciou a "separação" econômica e militar de seu principal aliado, Estados Unidos.
As palavras de Duterte, que não deu mais detalhes a respeito, supuseram uma nova brecha nas relações entre ambos países que começaram a esfriar desde o juramento de cargo do líder, em junho.
"Isto não tem como intenção romper nossos tratados e acordos com os aliados, mas é uma afirmação de que somos uma nação independente e soberana para encontrar um terreno comum com nossos vizinhos amigos", precisou Abella para apagar o fogo sobre a polêmica surgida.
Está previsto que amanhã chegue a Manila o encarregado do Departamento de Estado para a Ásia Oriental e o Pacífico dos Estados Unidos, Daniel Russel, em uma visita programada há meses.
Russel aproveitará a visita para falar sobre o assunto com responsáveis do governo de Duterte e pedir uma explicação sobre "que quer dizer exatamente" o anúncio do presidente, explicou John Kirby, porta-voz do Departamento de Estado, em entrevista coletiva.
Em declaração enviada à Agência Efe, uma fonte da Casa Branca explicou, sob anonimato, que o governo americano ainda não recebeu nenhuma solicitação "através dos canais oficiais" para mudar a assistência ou cooperação com as Filipinas.
No início deste mês, Duterte mandou Obama "ao inferno" e a União Europeia (UE) "ao purgatório" pelas críticas a sua campanha contra as drogas iniciada por seu governo, na qual morreram mais de 3,5 mil pessoas.
Por causa das críticas dos EUA, Duterte também anunciou que quer pôr fim aos exercícios militares que ambos países realizam de forma regular desde os atentados terroristas do 11/9.
Além disso, Duterte ameaçou descumprir os acordos assinados com Washington em abril de 2014 e que possibilitam uma maior presença militar americano perto do mar da China Meridional, uma zona que Pequim disputa com vários países, incluído Filipinas.
O líder filipino chegou inclusive chamar Obama de "filho-da-puta", um insulto ao qual o presidente americano diminuiu importância, mas que motivou o cancelamento da reunião bilateral que ambos iam manter em setembro no Laos.