Dívidas reduzem fatia do 13º salário para o Natal
Segundo estudo da Anefac, há menos consumidores que pretendem gastar mais nas compras de Natal neste ano
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2012 às 09h18.
São Paulo - O elevado endividamento das famílias ampliou ainda mais o uso do 13.º salário para pagamento de dívidas neste ano e reduziu o potencial de consumo. Neste ano, há menos consumidores que pretendem gastar mais nas compras de Natal, ao mesmo tempo que cresce o número daqueles dispostos a desembolsar cifras menores na compra de presentes, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
"Isso não quer dizer que não vai ser um Natal bom. Mas as famílias estão mais cautelosas nos gastos, em razão do aumento da inflação e do maior comprometimento da renda", afirma o vice-presidente de Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.
De acordo com a enquete, que consultou cerca de 700 pessoas na cidade de São Paulo nas últimas semanas, 61% delas informaram que vão usar esse salário extra para quitar dívidas já contraídas. No ano passado, essa fatia foi ligeiramente menor e atingiu 60%. E, nos últimos tempos, esse tem sido o principal destino dado ao 13.º salário.
A pesquisa mostra que, coincidentemente, esse acréscimo de 1 ponto porcentual no número de entrevistados que planejam quitar dívidas com o 13.º salário foi compensado por uma redução na mesma proporção na quantidade de pessoas que pretendem usar parte desse dinheiro para comprar presente. Neste ano, 16% dos entrevistados informaram que vão gastar parte dos recursos com compras e, no ano passado, essa fatia era de 17%.
Além de reduzir a parcela do dinheiro destinado ao consumo, quem pretende ir às compras está disposto a gastar menos. Neste ano, 24% pretendem gastar mais de R$ 500 com presentes, 4 pontos porcentuais a menos em relação ao Natal de 2011. Em contrapartida, cresceu de 72% para 76% a fatia daqueles que planejam gastos mais modestos de até R$ 500.
A maior cautela do consumidor na hora de ir às compras pode reduzir o potencial do Natal e a capacidade de impulsionar o ritmo de atividade da economia no primeiro trimestre de 2013 com a reposição dos estoques, observa Ribeiro de Oliveira. As vedetes do consumo neste ano são praticamente as mesmas do ano passado: eletroeletrônicos, com 75% das intenções de compra, celulares (74%) e roupas (68%).
Uma novidade é que, a cada ano, os brinquedos estão perdendo participação na lista de compras dos adultos. Em 2010, 68% dos entrevistados informaram que comprariam brinquedos. Esse índice recuou para 65% no ano passado e para 54% agora. Ribeiro de Oliveira destaca que a mudança reflete as alterações no perfil das criança, cada dia mais interessadas em celulares e eletrônicos.
Dívidas
Dívidas no cheque especial e no cartão de crédito, as duas linhas de crédito que cobram juros mais elevados em relação às demais, são aquelas que serão preferencialmente quitadas com o uso do 13.º salário, de acordo com a pesquisa.
Como vem ocorrendo nos últimos anos, mais de 70% dos entrevistados têm dívidas contraídas no cheque especial e no cartão de crédito e pretendem usar os recursos extras para regularizar essas pendências. Nessas duas linhas houve acréscimo do ano passado para este no índice de consumidores interessados em pagar o que devem. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.