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Dívida no Brasil é desafiadora, mas não explosiva, diz Fitch

A agência diz que existem pontos positivos, como a alta proporção de dívida em moeda local e as contas externas, inclusive com uma melhora na balança comercial

Economia brasileira: Fitch afirma que o Brasil ainda tem alguns pontos positivos, como a alta proporção de dívida em moeda local e as contas externas robustas, inclusive com uma melhora na balança comercial nos últimos meses (REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2015 às 14h20.

São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch disse nesta terça-feira,8, que as dinâmicas de dívida no Brasil são desafiadoras, mas não "explosivas". A declaração consta em uma apresentação feita pela diretora de ratings soberanos da América Latina, Shelly Shetty, durante conferência em Londres.

A Fitch afirma que o Brasil tem desafios crescentes na questão fiscal e também no crescimento. O crescimento médio de cinco anos está abaixo da mediana dos países com rating na faixa BBB e a inflação está bem acima da mediana desse grupo.

Já o superávit primário vem caindo basicamente desde a média de 3,6% entre 2003 e 2005 e se transformou em déficit no ano passado. "A meta de superávit (para este ano) foi reduzida de 1,1% para 0,15%", aponta a agência na apresentação.

Na semana passada, ao comentar a proposta de Orçamento do governo para 2016, que veio com déficit de R$ 30,5 bilhões, a agência afirmou que "as revisões para baixo colocam a tendência do superávit primário bem abaixo do cenário base da Fitch usado em abril (quando o rating do Brasil foi reafirmado) e refletem os crescentes riscos para a trajetória das finanças públicas e da dívida".

Na apresentação desta terça-feira, a Fitch aponta que a dívida bruta brasileira estava em quase 60% do PIB no fim de 2014, acima da mediana da faixa BBB, de 40%, enquanto os gastos com juros como porcentual das receitas do governo estavam em mais de 15%, sendo que a mediana do grupo é de menos de 10%.

"As dinâmicas de dívida são desafiadoras, mas não explosivas", afirma o texto, mostrando um gráfico que mostra que a dívida brasileira deve rodar perto de 65% até 2017.

Nesse slide, intitulado "Brasil: o grau de investimento está em risco?", a Fitch lembra que quando a Croácia foi rebaixada para o nível especulativo, em 2013, o principal motivo foi o crescimento fraco e os desafios fiscal. Na época, a dívida bruta daquele país estava em 69% do PIB.

Mesmo assim, a apresentação indica que o Brasil ainda tem alguns pontos positivos, como a alta proporção de dívida em moeda local e as contas externas robustas, inclusive com uma melhora na balança comercial nos últimos meses. A agência aponta ainda que a inflação está acima da meta, mas que as expectativas estão melhor ancoradas.

Os desafios políticos, no entanto, crescem, com a popularidade da presidente Dilma Rousseff em uma mínima recorde. A Fitch também cita a recente desvalorização do real e a leve redução nos estoques de swap cambial nos últimos meses.

Nos slides de sua apresentação, Shelly compara as diferenças entre o Brasil, que tem rating BBB, com perspectiva negativa, e o México, com nota BBB+ e perspectiva estável.

Os custos dos contratos de swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos dos dois países começaram a se distanciar em meados de 2013 e agora o Brasil está em mais de 300 pontos-base, enquanto o México está abaixo de 150 pontos-base.

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São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch disse nesta terça-feira,8, que as dinâmicas de dívida no Brasil são desafiadoras, mas não "explosivas". A declaração consta em uma apresentação feita pela diretora de ratings soberanos da América Latina, Shelly Shetty, durante conferência em Londres.

A Fitch afirma que o Brasil tem desafios crescentes na questão fiscal e também no crescimento. O crescimento médio de cinco anos está abaixo da mediana dos países com rating na faixa BBB e a inflação está bem acima da mediana desse grupo.

Já o superávit primário vem caindo basicamente desde a média de 3,6% entre 2003 e 2005 e se transformou em déficit no ano passado. "A meta de superávit (para este ano) foi reduzida de 1,1% para 0,15%", aponta a agência na apresentação.

Na semana passada, ao comentar a proposta de Orçamento do governo para 2016, que veio com déficit de R$ 30,5 bilhões, a agência afirmou que "as revisões para baixo colocam a tendência do superávit primário bem abaixo do cenário base da Fitch usado em abril (quando o rating do Brasil foi reafirmado) e refletem os crescentes riscos para a trajetória das finanças públicas e da dívida".

Na apresentação desta terça-feira, a Fitch aponta que a dívida bruta brasileira estava em quase 60% do PIB no fim de 2014, acima da mediana da faixa BBB, de 40%, enquanto os gastos com juros como porcentual das receitas do governo estavam em mais de 15%, sendo que a mediana do grupo é de menos de 10%.

"As dinâmicas de dívida são desafiadoras, mas não explosivas", afirma o texto, mostrando um gráfico que mostra que a dívida brasileira deve rodar perto de 65% até 2017.

Nesse slide, intitulado "Brasil: o grau de investimento está em risco?", a Fitch lembra que quando a Croácia foi rebaixada para o nível especulativo, em 2013, o principal motivo foi o crescimento fraco e os desafios fiscal. Na época, a dívida bruta daquele país estava em 69% do PIB.

Mesmo assim, a apresentação indica que o Brasil ainda tem alguns pontos positivos, como a alta proporção de dívida em moeda local e as contas externas robustas, inclusive com uma melhora na balança comercial nos últimos meses. A agência aponta ainda que a inflação está acima da meta, mas que as expectativas estão melhor ancoradas.

Os desafios políticos, no entanto, crescem, com a popularidade da presidente Dilma Rousseff em uma mínima recorde. A Fitch também cita a recente desvalorização do real e a leve redução nos estoques de swap cambial nos últimos meses.

Nos slides de sua apresentação, Shelly compara as diferenças entre o Brasil, que tem rating BBB, com perspectiva negativa, e o México, com nota BBB+ e perspectiva estável.

Os custos dos contratos de swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos dos dois países começaram a se distanciar em meados de 2013 e agora o Brasil está em mais de 300 pontos-base, enquanto o México está abaixo de 150 pontos-base.

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