Dilma Rousseff: "Nós não descartamos que vai ser necessário fazer uma avaliação se esse processo continuar", disse a presidente (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2016 às 12h49.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira que não descarta uma capitalização da Petrobras se os preços do petróleo no exterior continuarem a cair.
"O que nós faremos será em função do cenário local e internacional. Nós não descartamos que vai ser necessário fazer uma avaliação (sobre uma capitalização) se esse processo (de queda no preço do petróleo) continuar. Agora não somos nós, o governo brasileiro que não descarta. Nenhum governo vai descartar", disse Dilma em café da manhã com jornalistas.
Os preços do petróleo no exterior estão operando perto de mínimas de 12 anos, com um excedente de oferta afetando o mercado global, em meio a preocupações com a desaceleração na economia da China.
Somente em 2016, as cotações do petróleo tipo Brent recuaram cerca de 20 por cento e estão cotados atualmente na casa dos 30 dólares por barril.
O banco Morgan Stanley alertou no começo desta semana que uma maior desvalorização da moeda chinesa, o iuan, pode levar os preços do petróleo a uma espiral de baixa para entre 20 e 25 dólares por barril.
"O que acontecerá com o petróleo, que pelo menos eu acho que desde o final da década de 1990 até hoje ele nunca esteve aos níveis que alguns bancos internacionais estão dizendo que ele vai chegar. Agora, se ele vai chegar, eu não sei e ninguém sabe. Porque ninguém podia dizer no final de 2014 que ele chegaria a 30 (dólares)", disse Dilma.
Segundo a presidente, todas as grandes produtoras de petróleo no mundo estão preocupadas com os preços atuais da commodity, por inviabilizar a produção em algumas áreas, o que não é o caso do pré-sal brasileiro.
Além de lidar com preços do petróleo em queda no mercado internacional, a Petrobras possui a maior dívida detida por uma petroleira no mundo e plano de investimentos ainda vultoso.
Executivos da Petrobras disseram, em conversa com analistas também nesta sexta-feira, que a empresa não descarta ajuda do governo federal, mas que isso não está em discussão no momento e seria a última opção, segundo relato do Itaú BBA em nota a clientes obtida pela Reuters.
Ainda de acordo com a nota do Itaú BBA, a petroleira vê a posição considerada mínima de caixa de 15 bilhões de dólares sendo alcançada em meados de 2017 apenas considerando o pior cenário.