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Dilma corre o risco de ter entrado numa armadilha, diz Maílson da Nóbrega

“Todos são movidos pelo ambiente populista, inclusive o Ministro da Fazenda”, diz o ex-ministro

Para o ex-ministro, se os bancos lucram muito, caberia ao governo usar as instituições de defesa de concorrência para investigar se existe um cartel (VEJA)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2012 às 13h39.

São Paulo – Para Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, as recentes ações do governo para diminuir os juros dos bancos são populistas e a Dilma pode ter entrado em uma armadilha. “Nenhum governo do PT assumiu publicamente essa estratégia de atacar os bancos”, afirmou Maílson.

A armadilha está na hipótese de abaixar os juros dar errado “ou por causa da subida da taxa de inflação com um aumento insustentável do crédito ou por perda de rentabilidade por parte dos bancos públicos”, disse Maílson. Nesse cenário hipotético, seria necessário subir a inflação ou os juros, mas o interesse eleitoral “poderia falar mais alto”, segundo Maílson.  “Sabemos que hoje o Banco Central não tem a autonomia do passado. E (nesse cenário hipotético) poderiamos ingressar em um estado em que o governo começaria a tabelar preços”, disse.

Maílson defendeu a rentabilidade atual dos bancos. Para ele, os bancos no Brasil tem um nível de rentabilidade muito semelhante ao das empresas brasileiras. “Não dá pra comparar com os bancos europeus, que agora tem como grande objetivo não quebrar, não é ganhar dinheiro”, disse.

Para o ex-ministro, o lucro excessivo ocorre em mercados sem concorrência. Logo, se os bancos lucram muito, caberia ao governo usar as instituições de defesa de concorrência (como o Cade e o Banco Central, no caso dos bancos) para investigar se existe um cartel e tomar as medidas necessárias caso essa situação se comprove.

“Com base em que um ministro de estado fala que os bancos podem diminuir sua rentabilidade? Todos são movidos pelo ambiente populista, inclusive o Ministro da Fazenda”, disse o ex-ministro.

Maílson listou alguns fatores que justificam os juros altos no país, como a poupança baixa e a tradição de instabilidade econômica. “O Brasil é um dos únicos países que tributa transações financeiras”, disse.

“Vários economistas no Brasil dizem que a taxa de juros do país tem que chegar a padrões internacionais. Concordo, se as condições no Brasil forem como as do mercado internacional”, disse Maílson da Nóbrega. O ex-ministro defende que o Brasil continue a fornecer meios para que os bancos emprestem a juros mais baixos. “Essas coisas tem que ser discutidas e não na base do grito”, defendeu.


Para Maílson, a orientação do governo para que suas instituições financeiras cobrem taxas de juros mais baixas, forçando os particulares a cobrarem menos “é uma violência”. “Se um acionista majoritário determina que esse banco cobre abaixo do que deveria cobrar para produzir uma mudança no mercado, esse acionista faz uma transgressão perante a lei, e caberia uma ação do acionista minoritário na CVM”, afirmou, sobre o Banco do Brasil. Com juros mais baixos, os bancos privados poderiam exigir mais garantias para realizar empréstimos, enquanto a inadimplência nos bancos públicos poderia aumentar, segundo o ex-ministro.

Com as recentes ações, Maílson acredita que a popularidade da Dilma vai subir. “Como subiu a da Cristina Kirchner na Argentina com a nacionalização da YPF. Ambas são ações populistas”, disse.

Selic

Sobre as especulações de queda na taxa Selic – que atualmente está em 9% -  Maílson afirmou que até uma taxa de 3% seria viável, dependendo da relação entre o potencial de crescimento do país e a taxa de crescimento da economia. “Estamos crescendo muito próximo do potencial, se isso for verdade, uma taxa de juros de 7% não é sustentável no longo prazo”, disse.

Maílson chefiou o ministério da Fazenda entre 1988 a 1990, após longa carreira no Banco do Brasil e no setor público. Atualmente é sócio da Tendências Consultoria. Maílson participou hoje do Congresso Consumidor Moderno de Crédito, Cobrança e Meios de Pgamento, em São Paulo.

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São Paulo – Para Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, as recentes ações do governo para diminuir os juros dos bancos são populistas e a Dilma pode ter entrado em uma armadilha. “Nenhum governo do PT assumiu publicamente essa estratégia de atacar os bancos”, afirmou Maílson.

A armadilha está na hipótese de abaixar os juros dar errado “ou por causa da subida da taxa de inflação com um aumento insustentável do crédito ou por perda de rentabilidade por parte dos bancos públicos”, disse Maílson. Nesse cenário hipotético, seria necessário subir a inflação ou os juros, mas o interesse eleitoral “poderia falar mais alto”, segundo Maílson.  “Sabemos que hoje o Banco Central não tem a autonomia do passado. E (nesse cenário hipotético) poderiamos ingressar em um estado em que o governo começaria a tabelar preços”, disse.

Maílson defendeu a rentabilidade atual dos bancos. Para ele, os bancos no Brasil tem um nível de rentabilidade muito semelhante ao das empresas brasileiras. “Não dá pra comparar com os bancos europeus, que agora tem como grande objetivo não quebrar, não é ganhar dinheiro”, disse.

Para o ex-ministro, o lucro excessivo ocorre em mercados sem concorrência. Logo, se os bancos lucram muito, caberia ao governo usar as instituições de defesa de concorrência (como o Cade e o Banco Central, no caso dos bancos) para investigar se existe um cartel e tomar as medidas necessárias caso essa situação se comprove.

“Com base em que um ministro de estado fala que os bancos podem diminuir sua rentabilidade? Todos são movidos pelo ambiente populista, inclusive o Ministro da Fazenda”, disse o ex-ministro.

Maílson listou alguns fatores que justificam os juros altos no país, como a poupança baixa e a tradição de instabilidade econômica. “O Brasil é um dos únicos países que tributa transações financeiras”, disse.

“Vários economistas no Brasil dizem que a taxa de juros do país tem que chegar a padrões internacionais. Concordo, se as condições no Brasil forem como as do mercado internacional”, disse Maílson da Nóbrega. O ex-ministro defende que o Brasil continue a fornecer meios para que os bancos emprestem a juros mais baixos. “Essas coisas tem que ser discutidas e não na base do grito”, defendeu.


Para Maílson, a orientação do governo para que suas instituições financeiras cobrem taxas de juros mais baixas, forçando os particulares a cobrarem menos “é uma violência”. “Se um acionista majoritário determina que esse banco cobre abaixo do que deveria cobrar para produzir uma mudança no mercado, esse acionista faz uma transgressão perante a lei, e caberia uma ação do acionista minoritário na CVM”, afirmou, sobre o Banco do Brasil. Com juros mais baixos, os bancos privados poderiam exigir mais garantias para realizar empréstimos, enquanto a inadimplência nos bancos públicos poderia aumentar, segundo o ex-ministro.

Com as recentes ações, Maílson acredita que a popularidade da Dilma vai subir. “Como subiu a da Cristina Kirchner na Argentina com a nacionalização da YPF. Ambas são ações populistas”, disse.

Selic

Sobre as especulações de queda na taxa Selic – que atualmente está em 9% -  Maílson afirmou que até uma taxa de 3% seria viável, dependendo da relação entre o potencial de crescimento do país e a taxa de crescimento da economia. “Estamos crescendo muito próximo do potencial, se isso for verdade, uma taxa de juros de 7% não é sustentável no longo prazo”, disse.

Maílson chefiou o ministério da Fazenda entre 1988 a 1990, após longa carreira no Banco do Brasil e no setor público. Atualmente é sócio da Tendências Consultoria. Maílson participou hoje do Congresso Consumidor Moderno de Crédito, Cobrança e Meios de Pgamento, em São Paulo.

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