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Detroit, destroçada, finalmente quebra

Na cidade há 78 mil edifícios abandonados, 40% dos serviços de iluminação não funcionam, e as gangues espalham a violência pelas ruas

Prédio da GM é visto em Detroit, Michigan: cidade já foi a quarta maior dos EUA, mas perdeu metade de sua população desde 1950, expulsa pela violência de gangues armadas e em busca de melhores oportunidades devido à crise na indústria automobilística (Spencer Platt/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2013 às 20h31.

Detroit - A cidade de Detroit, berço da indústria automobilística dos Estados Unidos, tornou-se na quinta-feira a maior cidade americana a se declarar em concordata e a pedir ajuda legal diante desta situação, segundo documentos judiciais.

Esta cidade, que chegou a ser a quarta maior do país, perdeu a metade de sua população desde 1950, expulsa pela violência de gangues armadas, e em busca de melhores oportunidades devido à crise na indústria automobilística, que derrubou a economia local.

"Tomo esta decisão difícil para que os habitantes de Detroit tenham acesso aos serviços públicos básicos e para que Detroit volte a funcionar com sólidas bases financeiras, que lhe permitam criar no futuro", declarou Rick Snyder, governador do Estado de Michigan, em um comunicado.

"Os habitantes de Detroit merecem um plano que os permita sair da espiral que os arrasta para serviços públicos cada vez piores", argumentou em uma carta que acompanha o expediente apresentado à Justiça.

"A quebra é a única solução que permitirá a Detroit voltar a ser estável e viável", ressaltou.

A cidade, no noroeste dos Estados Unidos, tem uma dívida recorde de 18,5 milhões de dólares e as autoridades municipais já haviam anunciado mês passado que entraria em moratória em parte da dívida.

Amy Brundage, porta-voz da Casa Branca, declarou à AFP que o presidente Barack Obama e sua equipe "seguem supervisionando" a situação.

"Os dirigentes em Michigan e os credores da cidade sabem que precisam encontrar uma solução para o sério desafio financeiro de Detroit, e nós seguimos comprometidos em colaborar com Detroit enquanto trabalha para revitalizar e manter seu status de uma das maiores cidades americanas", acrescentou o porta-voz em um comunicado.


A cidade oferece um aspecto desolador, há 78.000 edificios abandonados na cidade e 40% dos serviços de iluminação não funcionam.

A falta de fundos para manutenção e reparações significa que apenas um terço das ambulâncias da cidade funcionam e os carros de polícia e dos bombeiros também estão em mau estado.

A taxa de homicídios é a maior em quase 40 anos e, por mais de duas décadas, Detroit esteve na lista de cidades mais perigosas dos Estados Unidos.

Kevyn Orr, o administrador de emergência com experiência em falência nomeado pelo governador de Michigan para enfrentar o problema, resumiu a situação como resultado de "uma má gestão financeira, uma população em queda e uma erosão da base fiscal dos últimos 45 anos".

Por sua vez, a câmara de comércio da cidade elogiou a declaração de quebra e considerou como uma "decisão valente".

Os fundos de pensão, aos que Detroit deve 9 bilhões de dólares, lançaram uma ação judicial para evitar o corte das pensões dos seus assinantes, apesar de a falência tender a parar temporariamente o processo.

Agora, um juiz terá de pronunciar-se sobre se Detroit pode se beneficiar da lei de falências, permitindo renegociar sua dívida.

"O maior desafio que temos é que não houve muitas quebras de cidades ao longo da história [...], por isso temos pouca experiência nesta área", disse à AFP Douglas Bernstein, um advogado especializado em falência.

Para além dos aspectos legais e financeiros, o colapso de Detroit é um reflexo do declínio da indústria automobilística nos Estados Unidos, que teve sua idade de ouro no início do século XX.

Detroit foi o berço dos pesos pesados da indústria, o "Big Three" (Ford, Chrysler, General Motors). A cidade foi marcada por décadas de cultura automobilística, com bandas de rock como MC5 ("Motor City 5") ou a lendária Motown (abreviação de "Motor Town").

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Detroit - A cidade de Detroit, berço da indústria automobilística dos Estados Unidos, tornou-se na quinta-feira a maior cidade americana a se declarar em concordata e a pedir ajuda legal diante desta situação, segundo documentos judiciais.

Esta cidade, que chegou a ser a quarta maior do país, perdeu a metade de sua população desde 1950, expulsa pela violência de gangues armadas, e em busca de melhores oportunidades devido à crise na indústria automobilística, que derrubou a economia local.

"Tomo esta decisão difícil para que os habitantes de Detroit tenham acesso aos serviços públicos básicos e para que Detroit volte a funcionar com sólidas bases financeiras, que lhe permitam criar no futuro", declarou Rick Snyder, governador do Estado de Michigan, em um comunicado.

"Os habitantes de Detroit merecem um plano que os permita sair da espiral que os arrasta para serviços públicos cada vez piores", argumentou em uma carta que acompanha o expediente apresentado à Justiça.

"A quebra é a única solução que permitirá a Detroit voltar a ser estável e viável", ressaltou.

A cidade, no noroeste dos Estados Unidos, tem uma dívida recorde de 18,5 milhões de dólares e as autoridades municipais já haviam anunciado mês passado que entraria em moratória em parte da dívida.

Amy Brundage, porta-voz da Casa Branca, declarou à AFP que o presidente Barack Obama e sua equipe "seguem supervisionando" a situação.

"Os dirigentes em Michigan e os credores da cidade sabem que precisam encontrar uma solução para o sério desafio financeiro de Detroit, e nós seguimos comprometidos em colaborar com Detroit enquanto trabalha para revitalizar e manter seu status de uma das maiores cidades americanas", acrescentou o porta-voz em um comunicado.


A cidade oferece um aspecto desolador, há 78.000 edificios abandonados na cidade e 40% dos serviços de iluminação não funcionam.

A falta de fundos para manutenção e reparações significa que apenas um terço das ambulâncias da cidade funcionam e os carros de polícia e dos bombeiros também estão em mau estado.

A taxa de homicídios é a maior em quase 40 anos e, por mais de duas décadas, Detroit esteve na lista de cidades mais perigosas dos Estados Unidos.

Kevyn Orr, o administrador de emergência com experiência em falência nomeado pelo governador de Michigan para enfrentar o problema, resumiu a situação como resultado de "uma má gestão financeira, uma população em queda e uma erosão da base fiscal dos últimos 45 anos".

Por sua vez, a câmara de comércio da cidade elogiou a declaração de quebra e considerou como uma "decisão valente".

Os fundos de pensão, aos que Detroit deve 9 bilhões de dólares, lançaram uma ação judicial para evitar o corte das pensões dos seus assinantes, apesar de a falência tender a parar temporariamente o processo.

Agora, um juiz terá de pronunciar-se sobre se Detroit pode se beneficiar da lei de falências, permitindo renegociar sua dívida.

"O maior desafio que temos é que não houve muitas quebras de cidades ao longo da história [...], por isso temos pouca experiência nesta área", disse à AFP Douglas Bernstein, um advogado especializado em falência.

Para além dos aspectos legais e financeiros, o colapso de Detroit é um reflexo do declínio da indústria automobilística nos Estados Unidos, que teve sua idade de ouro no início do século XX.

Detroit foi o berço dos pesos pesados da indústria, o "Big Three" (Ford, Chrysler, General Motors). A cidade foi marcada por décadas de cultura automobilística, com bandas de rock como MC5 ("Motor City 5") ou a lendária Motown (abreviação de "Motor Town").

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