Economia

Desvalorização do bolívar leva salário mínimo venezuelano a US$ 2

Salário mínimo adotado no país afundou com a desvalorização da moeda

Venezuelana segura moeda em protesto em Caracas (Susana Gonzalez/Getty Images)

Venezuelana segura moeda em protesto em Caracas (Susana Gonzalez/Getty Images)

E

EFE

Publicado em 29 de novembro de 2017 às 10h48.

Última atualização em 29 de novembro de 2017 às 10h49.

Bogotá - A desvalorização da moeda da Venezuela afundou o salário mínimo do país (177.507 bolívares) - como percebido pela maioria dos trabalhadores e todos os aposentados - ao equivalente a apenas US$ 2 por mês, segundo o portal "Dolar Today".

O site calcula o valor do dólar americano frente ao bolívar sem levar em conta o câmbio oficial do Banco Central da Venezuela (BCV), e aponta que US$ 1 é comprado no mercado extraoficial por 88.235 bolívares, e 1 euro por 105.000 bolívares.

Embora o governo de Nicolás Maduro tenha proibido o acesso a este portal no país, a maioria dos venezuelanos consulta com frequência a conta no Twitter da página para comparar a diferença cambial que nas últimas semanas mudou várias vezes por dia, quase sempre em detrimento do bolívar.

A taxa paralela desta última terça-feira equivale a 50% do salário mínimo do país, mas supera em mais de 8.000 vezes o valor do câmbio oficial mais baixo (10 bolívares) e em pelo menos 25 vezes o da taxa referencial do sistema de leilões (3.345 bolívares), que o chavismo implementou neste ano, mas suspendeu há várias semanas.

O governo, que tem o monopólio da venda de divisas desde 2003, nos últimos meses cortou em grande medida a disponibilização de moedas estrangeiras devido ao aprofundamento da crise econômica e a queda nos preços do petróleo, a sua principal fonte de financiamento.

Maduro disse que a chamada revolução bolivariana enfrenta uma "guerra econômica" e, mais recentemente, uma "guerra de preços", que não param de subir nos mercados formais e ambulantes, especialmente neste mês, no qual a economia entrou em uma espiral hiperinflacionária.

O Parlamento venezuelano, de contundente maioria opositora, informou no começo de novembro que a inflação acumulada até outubro deste ano foi de 825,7%, um índice que a Casa divulga à revelia dos dados do Banco Central da Venezuela (BCV), controlado pelo governo Maduro.

Como resposta a esta "guerra" o chavismo endureceu as fiscalizações nos mercados populares, e a plenipotenciária Assembleia Nacional Constituinte, formada só por governistas, aprovou uma lei de preços para tentar harmonizar a relação entre o governo e os distribuidores.

Maduro anunciou em 1º de novembro a incorporação da nota de 100 mil bolívares, que começou a circular no dia seguinte, quando o dólar era cotado a 43 mil bolívares no mercado paralelo, que rege a maioria das atividades comerciais devido à seca nas divisas liberadas pelo Estado.

O deputado opositor José Guerra, presidente da Comissão de Finanças do Parlamento, declarou que o órgão emissor aumentou a base monetária neste ano em mais de 1.000% em relação a 2016. Ele alegou que este "dinheiro do nada" é criado pelo Banco Central para "financiar o déficit do governo e da quebrada PDVSA (companhia petrolífera estatal)", e denunciou que, com estas práticas, está "potencializando" a desvalorização do bolívar e a hiperinflação no país.

Segundo estimativas divulgadas ontem pelo Parlamento, a inflação fechará o ano acima de 2.000%.

Acompanhe tudo sobre:Crises em empresasMoedasSalário mínimoVenezuela

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto