Economia

Macri toma posse com desafio de restaurar economia argentina

Durante seus oito anos no poder, Cristina cercou a Argentina de políticas comerciais protecionistas destinadas a reforçar a indústria local


	Mauricio Macri, presidente argentino: empresário conservador e ex-prefeito de Buenos Aires ganhou a eleição presidencial no mês passado
 (REUTERS/Andres Stapff)

Mauricio Macri, presidente argentino: empresário conservador e ex-prefeito de Buenos Aires ganhou a eleição presidencial no mês passado (REUTERS/Andres Stapff)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2015 às 12h54.

Buenos Aires - Mauricio Macri tomou posse como presidente da Argentina nesta quinta-feira com a promessa de reativar uma economia que sofre com a falta de investimentos e uma inflação elevada, após 12 anos de regime peronista de centro-esquerda.

Macri, candidato da centro-direita que venceu as eleições de novembro, precisará realizar ajustes na terceira maior economia da América Latina, mas tendo cuidado para não afetar as conquistas sociais alcançadas na última decada.

Se Macri acertar, o investimento poderia retornar ao país, graças ao cinturão de grãos nos Pampas, um promissor setor de tecnologia, a força de trabalho altamente qualificada e algumas das maiores reservas de óleo de xisto no mundo.

A ex-presidente Cristina Kirchner seguia a tradição populista de Juan Domingo Perón –-e sua esposa, a icônica Evita-–, que expandiu o alcance do Estado na década de 1940.

Durante seus oito anos no poder, Cristina cercou a Argentina de políticas comerciais protecionistas destinadas a reforçar a indústria local. Ela aumentou os gastos sociais num momento em que milhões de argentinos precisavam de ajuda para sair da pobreza, após a devastadora crise econômica de 2002.

Ajudada pelos altos preços mundiais de grãos, seus primeiros anos no poder foram de forte crescimento econômico. Mas o fim do boom das commodities, combinado com gastos pesados do governo e controles da moeda, contiveram o crescimento e elevaram a inflação para bem acima de 20 por cento.

Macri, um empresário conservador e ex-prefeito de Buenos Aires, ganhou a eleição presidencial no mês passado prometendo relaxar os controles comerciais e monetários e favorecer políticas de livre mercado.

"A única maneira de combater a pobreza é criando mais postos de trabalho", disse, enfatizando um papel mais importante para o setor privado.

A inimizade entre Cristina e Macri chegou ao ponto de a ex-presidente e seus aliados decidirem não participar da posse dele.

Os partidários de Macri dizem que as mudanças prometidas já deveriam ter sido feitas no país, mas ele terá que pisar com cuidado se cortar gastos do Estado para níveis sustentáveis sem empurrar a conturbada economia para recessão.

Macri quer estimular as exportações permitindo que o peso perca valor, e chegar a um acordo na disputa politicamente sensível com fundos de hedge dos Estados Unidos que exigem o reembolso integral da dívida não paga pela Argentina em 2002.

Um acordo abriria caminho para o financiamento externo de que o país precisa, e a equipe de Macri tem bom trânsito em Wall Street.

O ministro das Finanças de Macri, Alfonso Prat-Gay, teve um cargo de chefia no JP Morgan antes de liderar o banco central da Argentina entre 2002-2004.

O índice local de ações Merval subiu 17 por cento desde que Macri se saiu melhor do que o esperado no primeiro turno da eleição presidencial e, depois, venceu o candidato de Cristina no segundo turno.

A continuidade do otimismo depende de uma ação rápida em questões como eliminar uma lacuna de 50 por cento entre as taxas de câmbio oficiais e do mercado paralelo e a redução de impostos sobre as receitas das exportações agrícolas.

Texto atualizado às 13h22.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaEleiçõesMauricio Macri

Mais de Economia

Governo e Congresso chegam a acordo sobre desoneração da folha de 17 setores

Medidas do BNDES para apoiar RS terão efeito de até R$ 12,6 bi

STF considera Lei das Estatais constitucional, mas mantém nomeações de Lula

Análise: após decisão do Copom, mercado teme que indicados do PT no BC sejam lenientes com inflação

Mais na Exame