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Crises no Brasil no exterior derrubam bolsa e elevam dólar

Pregão atinge o menor patamar desde o final de junho; risco-país também dispara

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h12.

O fechamento do mercado financeiro, nesta quinta-feira (21/9), refletiu o nervosismo dos investidores diante da nova crise política, a dez dias das eleições, e das dúvidas sobre o cenário externo. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 1,04% e encerrou em 34 830 pontos - o menor nível desde o final de junho. Temerosos, os investidores reduziram sua exposição ao risco, vendendo os papéis mais suscetíveis a perdas e antecipando a realização de lucros em parte da carteira. Com isso, o volume financeiro negociado pela bolsa foi de 2,7 bilhões de reais. Ao mesmo tempo, o dólar continuou subindo pelo terceiro dia consecutivo e fechou cotado a 2,208 reais - uma alta de 1,38%. É a primeira vez que a moeda americana ultrapassa 2,20 reais desde julho.

"Assistimos a um cenário político interno desfavorável, dentro de um contexto internacional também desfavorável", afirma a economista-chefe do Banco Espírito Santo Investimentos, Sandra Utsumi. Para a especialista, é essa coincidência de situações negativas que explica o nervosismo do mercado.

No plano interno, os investidores demonstram preocupação com o impacto da última crise política sobre as eleições de 1º de outubro. As acusações de que petistas próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, estariam envolvidos no esquema da compra de um dossiê para envolver o tucano José Serra, candidato que lidera disputa pelo governo de São Paulo com a máfia dos sanguessugas, e as dúvidas sobre a origem dos 1,7 milhão de reais encontrados com assessores do PT preocupam o mercado. A dúvida é sobre as conseqüências de um eventual segundo turno da eleição presidencial sobre a economia e a estabilidade política.

Segundo turno

Para Sandra, o mercado ainda aposta na vitória de Lula, líder na disputa presidencial em todas as pesquisas. Mas um segundo turno poderia enfraquecê-lo politicamente, o que minaria suas condições de reunir apoio e tocar as reformas que os investidores esperam ver aprovadas no primeiro ano de seu eventual segundo mandato. "Lula pode enfrentar muitos problemas no início do próximo governo. Se vencer no primeiro turno, sai mais fortalecido", diz. Com isso, o presidente poderia atrair os parlamentares de partidos nanicos para sua base, manter o PMDB na aliança e, ainda, flertar com uma parcela do próprio PSDB.

Já o cenário externo está contaminado, sobretudo, pelo temor de uma desaceleração da economia americana maior que a prevista. Nesta quinta-feira, os investidores ficaram tensos com a divulgação de um relatório do governo americano, que mostra um recuo inesperado no nível de atividade industrial em algumas regiões do país. Com isso, o índice Dow Jones fechou o dia em queda de 0,69%; e o Nasdaq caiu 0,67%.

Segundo Sandra, as turbulências políticas na Tailândia e na Hungria também influenciaram negativamente os papéis de países emergentes. No Brasil, o principal reflexo foi a disparada do risco-país, que subiu 16 pontos e bateu em 244 pontos.

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