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Crise política dificulta busca de membro para conselho do BC

A crise política está limitando as chances de o presidente do Banco Central recorrer ao mercado financeiro para preencher uma vaga no conselho

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central: Tombini precisa substituir o diretor de política econômica do BC, que deixará o cargo no dia 1º de outubro (Goh Seng Chong/Bloomberg News)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2015 às 21h48.

A crise política do Brasil está limitando as chances de o presidente do Banco Central , Alexandre Tombini, recorrer ao mercado financeiro para preencher uma vaga no conselho.

Tombini precisa substituir o diretor de política econômica do BC, Luiz Awazu Pereira, que deixará o cargo no dia 1º de outubro, e o Senado precisa endossar sua escolha. Mas no momento faltam alternativas para o presidente da autoridade monetária.

A base aliada em frangalhos e as críticas do Congresso ao único diretor do BC que vem da comunidade financeira aumentaram a pressão sobre Tombini para que ele restrinja sua busca aos quadros do BC, segundo parlamentares, membros do governo e ex-diretores do banco.

“Há políticos que não acham que seja o momento de ter alguém do mercado no Banco Central”, disse o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas Gomes.

“O mercado e a política não necessariamente se complementam”.

O substituto de Awazu se unirá a um conselho que ainda não conseguiu convencer os investidores de que a inflação irá recuar e cumprir a meta em 2016.

A nomeação de uma pessoa apoiada pelos investidores ajudaria Tombini a convencer os mercados de que ele continuará no caminho, apesar da crise política que desvalorizou o real e prejudicou os planos para reduzir o déficit fiscal do Brasil.

Entre os nove membros votantes do banco, o diretor de assuntos internacionais, Tony Volpon, é o único que não estava ligado ao BC durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

Durante os primeiros quatro anos dela no poder, o BC iniciou uma série de cortes que levaram a taxa básica, a Selic, a uma baixa recorde de 7,25 por cento em outubro de 2012 em um momento de aumento da inflação, provocando críticas de traders e analistas.

Inclinação do conselho

“O conselho ainda está inclinado a contar com pessoas de dentro”, disse Paulo Vieira da Cunha, ex-diretor do BC, atualmente economista-chefe da Ice Canyon LLC.

“Existe uma oportunidade de reconstruir a credibilidade do BC trazendo alguém de fora que não tenha se comprometido com tomadas de decisões duvidosas e questionáveis”.

Três nomes são citados nos círculos do governo como possíveis substitutos de Awazu, todos funcionários que estiveram em cargos públicos durante pelo menos 14 anos. Wagner Guerra, chefe de gabinete de Volpon, tem sido elogiado por Tombini, disseram duas fontes que conversam frequentemente com o presidente do BC. Guerra trabalhou anteriormente para o Ministério da Fazenda.

Outra opção é André Minella, que também trabalhou para a Fazenda e atualmente é conselheiro econômico de Tombini, disse um membro da equipe econômica de Dilma, que pediu anonimato porque nenhuma decisão foi tomada.

O mais adequado

O secretário-executivo do banco, Márcio Barreira de Ayrosa, é o mais adequado para o cargo por causa de sua experiência econômica combinada com seu conhecimento a respeito dos mecanismos internos da organização, segundo uma fonte informada sobre a operação do conselho e a maneira de pensar de Tombini, que pediu anonimato porque as discussões não são públicas.

O BC preferiu não falar a respeito do processo, dizendo que não comenta especulações políticas e do mercado. Awazu assumirá como vice-gerente-geral do Banco de Compensações Internacionais.

No mês passado, líderes do Congresso exigiram que Volpon deixasse o BC depois que ele fez comentários publicamente que teriam antecipado sua intenção de votar pelo aumento da taxa de juros na reunião de julho.

Volpon, que assumiu o cargo em abril, antes trabalhava como diretor-gerente da Nomura Holdings Inc. em Nova York e atualmente é considerado a principal ligação do BC com os investidores.

“Buscar um novo diretor em um momento de crise é sempre difícil”, disse Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro e atualmente economista-chefe do Banco Safra SA em São Paulo. “Isso vale especialmente para este momento de crise política e econômica”.

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A crise política do Brasil está limitando as chances de o presidente do Banco Central , Alexandre Tombini, recorrer ao mercado financeiro para preencher uma vaga no conselho.

Tombini precisa substituir o diretor de política econômica do BC, Luiz Awazu Pereira, que deixará o cargo no dia 1º de outubro, e o Senado precisa endossar sua escolha. Mas no momento faltam alternativas para o presidente da autoridade monetária.

A base aliada em frangalhos e as críticas do Congresso ao único diretor do BC que vem da comunidade financeira aumentaram a pressão sobre Tombini para que ele restrinja sua busca aos quadros do BC, segundo parlamentares, membros do governo e ex-diretores do banco.

“Há políticos que não acham que seja o momento de ter alguém do mercado no Banco Central”, disse o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas Gomes.

“O mercado e a política não necessariamente se complementam”.

O substituto de Awazu se unirá a um conselho que ainda não conseguiu convencer os investidores de que a inflação irá recuar e cumprir a meta em 2016.

A nomeação de uma pessoa apoiada pelos investidores ajudaria Tombini a convencer os mercados de que ele continuará no caminho, apesar da crise política que desvalorizou o real e prejudicou os planos para reduzir o déficit fiscal do Brasil.

Entre os nove membros votantes do banco, o diretor de assuntos internacionais, Tony Volpon, é o único que não estava ligado ao BC durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

Durante os primeiros quatro anos dela no poder, o BC iniciou uma série de cortes que levaram a taxa básica, a Selic, a uma baixa recorde de 7,25 por cento em outubro de 2012 em um momento de aumento da inflação, provocando críticas de traders e analistas.

Inclinação do conselho

“O conselho ainda está inclinado a contar com pessoas de dentro”, disse Paulo Vieira da Cunha, ex-diretor do BC, atualmente economista-chefe da Ice Canyon LLC.

“Existe uma oportunidade de reconstruir a credibilidade do BC trazendo alguém de fora que não tenha se comprometido com tomadas de decisões duvidosas e questionáveis”.

Três nomes são citados nos círculos do governo como possíveis substitutos de Awazu, todos funcionários que estiveram em cargos públicos durante pelo menos 14 anos. Wagner Guerra, chefe de gabinete de Volpon, tem sido elogiado por Tombini, disseram duas fontes que conversam frequentemente com o presidente do BC. Guerra trabalhou anteriormente para o Ministério da Fazenda.

Outra opção é André Minella, que também trabalhou para a Fazenda e atualmente é conselheiro econômico de Tombini, disse um membro da equipe econômica de Dilma, que pediu anonimato porque nenhuma decisão foi tomada.

O mais adequado

O secretário-executivo do banco, Márcio Barreira de Ayrosa, é o mais adequado para o cargo por causa de sua experiência econômica combinada com seu conhecimento a respeito dos mecanismos internos da organização, segundo uma fonte informada sobre a operação do conselho e a maneira de pensar de Tombini, que pediu anonimato porque as discussões não são públicas.

O BC preferiu não falar a respeito do processo, dizendo que não comenta especulações políticas e do mercado. Awazu assumirá como vice-gerente-geral do Banco de Compensações Internacionais.

No mês passado, líderes do Congresso exigiram que Volpon deixasse o BC depois que ele fez comentários publicamente que teriam antecipado sua intenção de votar pelo aumento da taxa de juros na reunião de julho.

Volpon, que assumiu o cargo em abril, antes trabalhava como diretor-gerente da Nomura Holdings Inc. em Nova York e atualmente é considerado a principal ligação do BC com os investidores.

“Buscar um novo diretor em um momento de crise é sempre difícil”, disse Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro e atualmente economista-chefe do Banco Safra SA em São Paulo. “Isso vale especialmente para este momento de crise política e econômica”.

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