Crédito público não impulsiona retorno social, diz estudo
Estudo de professores do Insper e economista do Banco Central mostra que o aumento do crédito público afetou pouco o financiamento de grandes empregadoras
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2015 às 08h40.
Brasília - O aumento das operações de crédito público desde a crise de 2008 teve efeito reduzido no financiamento de grandes empregadoras de mão de obra e executoras de projetos de infraestrutura. Os desembolsos também não se transformaram em aumento efetivo da taxa de investimento na economia.
Pelo menos no caso das companhias de capital aberto, que apenas reduziram o custo de rolagem das dívidas, revela estudo dos professores do Insper Marco Bonomo e Ricardo Brito, e do economista do Banco Central Bruno Martins, publicado no portal do BC.
As empresas maiores, mais antigas e mais capitalizadas foram as mais beneficiadas pela expansão do crédito público pelos bancos oficiais, principalmente o BNDES. Esses desembolsos deveriam favorecer setores intensivos em "externalidades sociais positivas", como geração de vagas.
No entanto, não foram os principais beneficiários da forte expansão do chamado crédito direcionado no pós-crise. As empresas que receberam esses recursos foram justamente as que não teriam dificuldade em obter financiamentos na banca privada, o que é uma contradição com a visão social da intervenção do governo no mercado de crédito.
O estudo mostra que os empréstimos diretos do BNDES às chamadas "empresas sociais", que atuam em áreas como transporte, infraestrutura e saneamento, caíram 25,5% no período pós-crise. As operações com as demais empresas, como indústria automobilística, de petróleo e química, cresceram 17,5%. Somados ao que os outros bancos ofereceram com recursos do BNDES, os empréstimos às empresas com externalidade social recuaram 1,5% no período pós-crise enquanto para as demais empresas subiram 10%.
Na análise de todo o crédito público oferecido às empresas, incluindo os desembolsos de bancos públicos em outras linhas, o financiamento às empresas sociais cresceu 4% no período, ritmo inferior aos 17,5% de expansão das operações com as demais empresas.
A pesquisa usou como base de dados empréstimos feitos entre 2004 e 2012 pelos bancos a quase 1 milhão de empresas, retirados do Sistema de Informações de Crédito (SCR) do BC e da consultoria Economática.
A discussão é retomada no momento em que a equipe de Dilma Rousseff pretende acabar com a era "desenvolvimentista" do BNDES. Embora o governo justifique que o maior acesso ao crédito público - seja direcionado ou originado em bancos públicos - levaria a uma maior alavancagem das empresas, o efeito dessas operações sobre a taxa de investimento é insignificante, pelo menos para as empresas de capital aberto, segundo o estudo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasília - O aumento das operações de crédito público desde a crise de 2008 teve efeito reduzido no financiamento de grandes empregadoras de mão de obra e executoras de projetos de infraestrutura. Os desembolsos também não se transformaram em aumento efetivo da taxa de investimento na economia.
Pelo menos no caso das companhias de capital aberto, que apenas reduziram o custo de rolagem das dívidas, revela estudo dos professores do Insper Marco Bonomo e Ricardo Brito, e do economista do Banco Central Bruno Martins, publicado no portal do BC.
As empresas maiores, mais antigas e mais capitalizadas foram as mais beneficiadas pela expansão do crédito público pelos bancos oficiais, principalmente o BNDES. Esses desembolsos deveriam favorecer setores intensivos em "externalidades sociais positivas", como geração de vagas.
No entanto, não foram os principais beneficiários da forte expansão do chamado crédito direcionado no pós-crise. As empresas que receberam esses recursos foram justamente as que não teriam dificuldade em obter financiamentos na banca privada, o que é uma contradição com a visão social da intervenção do governo no mercado de crédito.
O estudo mostra que os empréstimos diretos do BNDES às chamadas "empresas sociais", que atuam em áreas como transporte, infraestrutura e saneamento, caíram 25,5% no período pós-crise. As operações com as demais empresas, como indústria automobilística, de petróleo e química, cresceram 17,5%. Somados ao que os outros bancos ofereceram com recursos do BNDES, os empréstimos às empresas com externalidade social recuaram 1,5% no período pós-crise enquanto para as demais empresas subiram 10%.
Na análise de todo o crédito público oferecido às empresas, incluindo os desembolsos de bancos públicos em outras linhas, o financiamento às empresas sociais cresceu 4% no período, ritmo inferior aos 17,5% de expansão das operações com as demais empresas.
A pesquisa usou como base de dados empréstimos feitos entre 2004 e 2012 pelos bancos a quase 1 milhão de empresas, retirados do Sistema de Informações de Crédito (SCR) do BC e da consultoria Economática.
A discussão é retomada no momento em que a equipe de Dilma Rousseff pretende acabar com a era "desenvolvimentista" do BNDES. Embora o governo justifique que o maior acesso ao crédito público - seja direcionado ou originado em bancos públicos - levaria a uma maior alavancagem das empresas, o efeito dessas operações sobre a taxa de investimento é insignificante, pelo menos para as empresas de capital aberto, segundo o estudo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.