Economia

"Contribuinte vai pagar a conta do reajuste da Previdência", diz professor da UnB

José Matias-Pereira afirma que a falta de transparência e de gestão pode levar ao estrangulamento da Previdência em 10 anos

Aposentados acompanham votação na Câmara: reajuste de 7,7% deve pesar nas contas públicas (.)

Aposentados acompanham votação na Câmara: reajuste de 7,7% deve pesar nas contas públicas (.)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2010 às 18h27.

Brasília - A conta do reajuste de 7,7% para aposentados que recebem mais de um salário mínimo por mês, aprovado pela Câmara dos Deputados nesta terça-feira, vai acabar no bolso dos contribuintes. Na avaliação do professor da Universidade de Brasília José Matias-Pereira, não existe milagre na economia. "A riqueza é gerada pelo pagamento de tributos. Se é para conceder mais benefícios, é certo que os recursos vão sair de algum lugar", disse o professor.

A estimativa dos técnicos do Congresso Nacional é que os gastos com esse reajuste batam a casa do R$ 1,8 bilhão apernas neste ano, aumentando o rombo da Previdência. "Do ponto de vista orçamentário, o aumento impacta nas contas públicas, mas o importante é discutir se os recursos estão sendo aplicados como deveriam", explica Matias-Pereira. Para o professor, é necessário discutir a reforma previdenciária de maneira profunda. 

Segundo ele, a falta de transparência no setor complica a comprovação do déficit. "Quando não se tem um fator atuarial e financeiro claro, não tem como alegar déficit na Previdência", afirmou. A Previdência deveria garantir segurança ao contribuinte depois que parasse de trabalhar. Matias-Pereira, no entanto, acha que este seguro corre riscos. "Se não for bem gerida, a Previdência vai explodir nos próximos 8, 10 anos".

Ele afirma que as idades para aposentadoria - de 60 anos para os homens e 55 para as mulheres - são baixas e contribuem para complicar a situação da Previdência. "A Previdência hoje é uma caixa preta e funciona de forma desconexa. O problema não é o aumento, é a questão da reforma previdenciária, que precisa estar na agenda do próximo governo", defende o professor.
 

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