Economia

Confiança Empresarial cai 5,6 pontos em março e vai a 85,5 pontos

Apesar de esperada pelo mercado, a queda chama atenção por estar acontecendo há pelo menos seis meses; neste cenário, recuperação econômica deve ser morosa

Campinas: essa é a primeira vez que o toque de recolher é adotado na cidade (Germano Lüders/Exame)

Campinas: essa é a primeira vez que o toque de recolher é adotado na cidade (Germano Lüders/Exame)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 31 de março de 2021 às 10h12.

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) recuou 5,6 pontos em março ante fevereiro, para 85,5 pontos, informou nesta quarta-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado é o mais baixo desde julho de 2020. A média do primeiro trimestre de 2021 ficou 6,1 pontos abaixo da média do trimestre anterior.

Com a piora do quadro de pandemia no país, a confiança empresarial sofre um forte recuo em março. Além da intensificação da tendência de desaceleração do nível de atividade que já se observava nos meses anteriores, houve um expressivo aumento do pessimismo em relação aos próximos meses, afetando as perspectivas de vendas e de contratações. A confiança do Comércio despencou, ficando abaixo da confiança de Serviços, que já estava muito baixa em fevereiro. A distância entre a confiança da Indústria, em queda mas ainda elevada, e a dos demais setores atingiu um recorde histórico em março.

Aloisio Campelo Júnior, superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial

 

O Índice de Confiança Empresarial reúne os dados das sondagens da Indústria, Serviços, Comércio e Construção. O cálculo leva em conta os pesos proporcionais à participação na economia dos setores investigados, com base em informações extraídas das pesquisas estruturais anuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a FGV, o objetivo é que o ICE permita uma avaliação mais consistente sobre o ritmo da atividade econômica.

Houve piora tanto na percepção sobre o cenário atual quanto nas perspectivas para os próximos meses, pelo terceiro mês consecutivo. O Índice de Situação Atual Empresarial (ISA-E) caiu 4,6 pontos em março, para 88,8 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-E) recuou 8,6 pontos, para 83,2 pontos.

Para o economista André Perfeito, da Necton Research, a queda na confiança não é novidade, tanto pela piora da pandemia quanto clima político que, na avaliação dele, se tornou mais nebuloso nas últimas semanas.

"Nos chama atenção, entretanto, que a queda na confiança vem ocorrendo há pelo menos seis meses, desde outubro do ano passado", explica o economista. "Ficou evidente este mês que a recuperação econômica será, na melhor das hipóteses, morosa."

Todos os setores que integram o ICE tiveram redução na confiança em março, com destaque para o tombo de 18,5 pontos na confiança do comércio, para 72,5 pontos. A confiança dos serviços caiu 5,6 pontos, para 77,6 pontos. A confiança da construção encolheu 3,2 pontos, para 88,8 pontos, e a da indústria diminuiu 3,7 pontos, para 104,2 pontos.

Em março, a confiança avançou em apenas 24% dos 49 segmentos integrantes do ICE. A indústria teve 42% dos segmentos com melhora, enquanto os setores de serviços e construção registraram avanços em menos de 20%. Nenhum segmento do comércio teve alta da confiança em março.

A coleta do Índice de Confiança Empresarial reuniu informações de 4.076 empresas dos quatro setores entre os dias 1 e 24 de março.

Acompanhe tudo sobre:ComércioConfiançaConstrução civilEmpresáriosFGV - Fundação Getúlio VargasIndústriaNível de confiançaServiços

Mais de Economia

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês

Rui Costa diz que pacote de corte de gastos não vai atingir despesas com saúde e educação