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Com racionamento de água e energia, PIB poderá cair até 2%

A queda no Produto Interno Bruto (PIB) projetada por economistas inicialmente em 0,5% para 2015 pode chegar a 1,8% por conta do problema

Racionamento: não se sabe quanto as empresas do setor de serviços, que responde por 67% do PIB, consomem de água (Divulgação/Cesan)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2015 às 10h05.

São Paulo - A falta de energia e de água pode agravar o quadro recessivo da economia brasileira esperado para este ano. A queda no Produto Interno Bruto ( PIB ) projetada por economistas inicialmente em 0,5% para 2015 pode chegar a 1,8%, só por causa de um racionamento de energia, segundo a consultoria Tendências.

Já a equipe de economistas do banco Credit Suisse considera um recuo de até 1,5% no PIB com o problema energético. Se for levado em conta também um corte no abastecimento de água, o recuo será ainda maior, podendo chegar a 2%, afirma Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências.

O impacto de um racionamento de água na atividade é um cenário novo para traçar projeções, pois não se sabe quanto as empresas do setor de serviços, que responde por 67% do PIB, consomem de água, observa Alessandra. Na indústria, existem alguns parâmetros. Para fabricar um carro e uma calça jeans, por exemplo, são gastos 400 mil litros e 17,2 mil litros de água, respectivamente.

Nas últimas semanas, a situação do abastecimento de água complicou para as indústrias de São Paulo, Rio Janeiro e de Minas Gerais. O governo do Rio se reuniu com grandes indústrias, como Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), Gerdau e Furnas e determinou que elas comprem água de reúso para liberar mais água do Rio Guandu para a população.

Em São Paulo, a Agência Nacional de Águas e o Departamento de Águas e Energia Elétrica determinaram que as indústrias que captam água das bacias dos rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia reduzam em 30% o consumo diário após o reservatório do Sistema Cantareira ficar abaixo de 5%.

Em Minas, o governo convocou os empresários da Região Metropolitana de Belo Horizonte a reduzirem o consumo em 30% dentro de 90 dias. Segundo o gerente de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Wagner Soares Costa, a medida afetará 15 mil pequenas indústrias, que não têm captação própria.

Impacto. Em São Paulo e no Rio, as medidas de redução de consumo afetarão 60% das indústrias, calculam a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). O impacto é considerável, já que as indústrias paulista e fluminense respondem por 7,5% do PIB do País.

Pesquisa feita pela Firjan no fim de 2014 mostrava que três em cada dez indústrias já estavam sendo afetadas pela escassez de água. Neste mês, o problema foi ampliado, mas a entidade não tem nova sondagem. Entre as empresas afetadas, 6% demitiram por causa de dificuldades na produção e 1,3% deram férias coletivas.

Jorge Peron, especialista em Meio Ambiente da Firjan, diz que 3,8 mil empresas estão às margens do Rio Paraíba do Sul, que está com 2,5% de nível de água. Essas empresas respondem por 65% do PIB do Estado e empregam 35 mil pessoas. "Algumas têm mais e outras menos dependência de água e é certo que várias serão afetadas."

Segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, empresas que respondem por 56% do PIB industrial paulista (cerca de 40 mil estabelecimentos que empregam 2 milhões de pessoas), estão sob risco. "A situação é gravíssima e vai afetar fortemente todos - indústria, comércio, agricultura, população -, mas ainda não é possível medir esse impacto." Ele não descarta, contudo, a possibilidade de, num cenário crítico, empresas terem de parar a produção.

"É o resumo da falta de obras, falta de transparência, de providências em tempo certo e agora quem vai pagar o pato é a sociedade", afirma Skaf.

A preocupação com racionamento afetou as expectativas da indústria. Sondagem da Indústria de Transformação da FGV mostra que em janeiro o índice de expectativa de negócios para seis meses caiu para um nível próximo de 100 pontos, que é muito baixo em termos históricos, observa o superintendente da FGV, Aloisio Campelo. "Esse resultado tem a ver com muitos fatores: desde a expectativa de que a demanda continua enfraquecida até preocupação com riscos de racionamento de água e de energia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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São Paulo - A falta de energia e de água pode agravar o quadro recessivo da economia brasileira esperado para este ano. A queda no Produto Interno Bruto ( PIB ) projetada por economistas inicialmente em 0,5% para 2015 pode chegar a 1,8%, só por causa de um racionamento de energia, segundo a consultoria Tendências.

Já a equipe de economistas do banco Credit Suisse considera um recuo de até 1,5% no PIB com o problema energético. Se for levado em conta também um corte no abastecimento de água, o recuo será ainda maior, podendo chegar a 2%, afirma Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências.

O impacto de um racionamento de água na atividade é um cenário novo para traçar projeções, pois não se sabe quanto as empresas do setor de serviços, que responde por 67% do PIB, consomem de água, observa Alessandra. Na indústria, existem alguns parâmetros. Para fabricar um carro e uma calça jeans, por exemplo, são gastos 400 mil litros e 17,2 mil litros de água, respectivamente.

Nas últimas semanas, a situação do abastecimento de água complicou para as indústrias de São Paulo, Rio Janeiro e de Minas Gerais. O governo do Rio se reuniu com grandes indústrias, como Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), Gerdau e Furnas e determinou que elas comprem água de reúso para liberar mais água do Rio Guandu para a população.

Em São Paulo, a Agência Nacional de Águas e o Departamento de Águas e Energia Elétrica determinaram que as indústrias que captam água das bacias dos rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia reduzam em 30% o consumo diário após o reservatório do Sistema Cantareira ficar abaixo de 5%.

Em Minas, o governo convocou os empresários da Região Metropolitana de Belo Horizonte a reduzirem o consumo em 30% dentro de 90 dias. Segundo o gerente de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Wagner Soares Costa, a medida afetará 15 mil pequenas indústrias, que não têm captação própria.

Impacto. Em São Paulo e no Rio, as medidas de redução de consumo afetarão 60% das indústrias, calculam a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). O impacto é considerável, já que as indústrias paulista e fluminense respondem por 7,5% do PIB do País.

Pesquisa feita pela Firjan no fim de 2014 mostrava que três em cada dez indústrias já estavam sendo afetadas pela escassez de água. Neste mês, o problema foi ampliado, mas a entidade não tem nova sondagem. Entre as empresas afetadas, 6% demitiram por causa de dificuldades na produção e 1,3% deram férias coletivas.

Jorge Peron, especialista em Meio Ambiente da Firjan, diz que 3,8 mil empresas estão às margens do Rio Paraíba do Sul, que está com 2,5% de nível de água. Essas empresas respondem por 65% do PIB do Estado e empregam 35 mil pessoas. "Algumas têm mais e outras menos dependência de água e é certo que várias serão afetadas."

Segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, empresas que respondem por 56% do PIB industrial paulista (cerca de 40 mil estabelecimentos que empregam 2 milhões de pessoas), estão sob risco. "A situação é gravíssima e vai afetar fortemente todos - indústria, comércio, agricultura, população -, mas ainda não é possível medir esse impacto." Ele não descarta, contudo, a possibilidade de, num cenário crítico, empresas terem de parar a produção.

"É o resumo da falta de obras, falta de transparência, de providências em tempo certo e agora quem vai pagar o pato é a sociedade", afirma Skaf.

A preocupação com racionamento afetou as expectativas da indústria. Sondagem da Indústria de Transformação da FGV mostra que em janeiro o índice de expectativa de negócios para seis meses caiu para um nível próximo de 100 pontos, que é muito baixo em termos históricos, observa o superintendente da FGV, Aloisio Campelo. "Esse resultado tem a ver com muitos fatores: desde a expectativa de que a demanda continua enfraquecida até preocupação com riscos de racionamento de água e de energia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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