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Argentinos fazem greve contra governo Macri meses antes das eleições

O intuito da paralisação é pressionar o presidente Macri por uma solução econômica poucos meses antes do primeiro turno das novas eleições presidenciais

MAURICIO MACRI: o presidente argentino anunciou recentemente um congelamento no preço de 60 itens básicos, política que vai contra a bandeira liberal que o elegeu / Reuters
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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2019 às 06h01.

Última atualização em 30 de abril de 2019 às 07h54.

Em meio a um dos piores cenários econômicos dos últimos anos, sindicatos e diversos setores comerciais da Argentina irão se mobilizar para uma greve geral que deverá paralisar o país nesta terça-feira, 30. Somente nos últimos 12 meses, a inflação no país acumulou uma alta de 54%, enquanto o peso argentino não para de desvalorizar.

Além dos sindicatos, devem aderir à greve setores como transporte, aviação, comércio e repartições públicas. Neste cenário de falta de serviços ao longo do dia, a companhia aérea argentina Aerolíneas informou o cancelamento de todos os voos da empresa no país, e as aéreas brasileiras Azul e Latam fizeram o mesmo, o que deve impactar mais de 20.000 passageiros.

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O intuito da paralisação é pressionar Macri por uma solução econômica poucos meses antes do primeiro turno das novas eleições presidenciais, marcadas para outubro. A avaliação negativa da economia está em 74%, ante 32% em 2017 (segundo o instituto de pesquisa argentino Opinaia).

Quando assumiu o governo da Argentina, em 2015, Macri encontrou uma economia fragilizada após 12 anos de kirchnerismo e prometeu sanar os desajustes do país por meio de uma política econômica liberal. Agora, no meio de seu último ano de mandato, o ex-prefeito de Buenos Aires parece já ter perdido boa parte do apoio político e do mercado que tinha quando foi eleito.

Em meio ao caos e de olho nas próximas eleições presidenciais, Macri anunciou o congelamento do preço de 60 itens básicos, copiando o modelo de sua antecessora, Cristina Kirchner, e indo contra a própria bandeira liberal que o elegeu há quatro anos. “Ele sabe que tem uma eleição se aproximando e que nem a dinâmica política, nem a econômica estão favorecendo”, disse Alberto Ramos, diretor de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs à EXAME: “Mas interferir nos preços não resolve o problema da inflação, além de ter um cheiro de heterodoxia”, comentou.

As primárias das eleições argentinas acontecem em agosto na maioria das províncias, enquanto o primeiro turno presidencial acontece em 28 de outubro, e um eventual segundo turno em 24 de novembro. Nas pesquisas mais recentes, Macri, que é do partido Cambiemos (mudemos, em espanhol) está pelo menos cinco pontos percentuais atrás de Kirchner (que é do peronista Unidad Ciudadana), mas a rejeição a ambos é alta. Só neste ano, o partido de Macri já perdeu seis eleições ou primárias regionais na Argentina, uma possível prévia do que está por vir. O presidente terá dificuldades em se reeleger, ainda que Kirchner, presidente entre 2007 e 2015, também não tenha deixado as melhores lembranças entre os argentinos.

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