Economia

China condiciona compras agrícolas à redução de tarifas dos EUA

Os dois lados trabalham para que um acordo possa ser assinado na cúpula de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico no próximo mês, no Chile

Guerra comercial EUA X China (MikeMareen/Getty Images)

Guerra comercial EUA X China (MikeMareen/Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de outubro de 2019 às 16h25.

Pequim quer que as tarifas em sua guerra comercial com os Estados Unidos sejam reduzidas antes de a China concordar em comprar até US$ 50 bilhões em produtos agrícolas norte-americanos que, segundo o presidente Donald Trump, fazem parte de um acordo inicial, disseram pessoas a par do assunto.

As autoridades chinesas estão dispostas a começar a comprar mais produtos agrícolas dos EUA como parte da “primeira fase” do acordo comercial. Mas essas compras não devem ficar na faixa entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões anunciados por Trump nas circunstâncias atuais, disseram as pessoas, que falaram sob a condição de anonimato.

A condição destaca a distância entre Washington e Pequim, mesmo depois do acordo de “aperto de mão” anunciado pelos EUA na semana passada. Washington havia dito que a China, que importou cerca de US$ 20 bilhões em produtos agrícolas dos EUA em 2017, concordou em fazer grandes compras agrícolas em troca de um alívio nas próximas tarifas. A posição de Pequim torna um acordo mais complexo do que o inicialmente descrito.

Sob os termos do acordo comercial parcial, os gastos chineses em produtos agrícolas dos EUA devem somar um valor anual entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões em dois anos, segundo informação anterior do secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin.

Pequim já concedeu isenções para que suas empresas possam comprar produtos agrícolas dos EUA sem pagar tarifas. Isso poderia ser repetido para iniciar as compras, disseram as pessoas. No entanto, as isenções são consideradas impraticáveis para volumes de até US$ 50 bilhões por ano, disse uma das pessoas.

As empresas chinesas compraram produtos agrícolas dos EUA, incluindo 20 milhões de toneladas de soja e 700 mil toneladas de carne suína até agora este ano e vão acelerar as compras, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, a repórteres na terça-feira.

Questionado sobre o acordo comercial da “primeira fase”, ele afirmou que o governo americano foi “preciso” sobre o que disse, e que EUA e China têm o mesmo entendimento sobre a situação.

Os dois lados trabalham para que um acordo possa ser assinado na cúpula de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico no próximo mês, no Chile. A China quer novas reuniões até o final de outubro para acertar os detalhes, disseram outras pessoas a par do assunto anteriormente.

A China está considerando comprar uma ampla variedade de itens para aumentar as importações, o que inclui soja, cereais, algodão, etanol, fertilizantes, suco, café e carne, disseram as pessoas, pode eliminar barreiras aos grãos secos de destiladores e a proibição de importação de frango.

Máquinas, madeira e pesticidas também podem ser adicionados, disseram as fontes. Essas compras somariam mais de US$ 40 bilhões, mas, segundo as pessoas, a China não decidiu valores específicos para os itens.

O Ministério do Comércio da China não respondeu imediatamente a um fax solicitando comentários sobre possíveis compras agrícolas dos EUA.

Acompanhe tudo sobre:AgriculturaChinaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Guerras comerciais

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor