Economia

Casa Branca tenta resolver crise criada por O;Neill e divulga apoio ao Brasil

A pressão do governo brasileiro em cima dos Estados Unidos deu algum resultado. Segundo a agência de notícias Reuters, a Casa Branca, buscando resolver uma "saia-justa" diplomática causada pelo secretário do Tesouro norte-americano, Paul ONeill, afirmou nesta terça-feira que apóia a ajuda internacional ao Brasil e que tem "grande confiança" na equipe econômica do país. […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h37.

A pressão do governo brasileiro em cima dos Estados Unidos deu algum resultado. Segundo a agência de notícias Reuters, a Casa Branca, buscando resolver uma "saia-justa" diplomática causada pelo secretário do Tesouro norte-americano, Paul ONeill, afirmou nesta terça-feira que apóia a ajuda internacional ao Brasil e que tem "grande confiança" na equipe econômica do país.

"O Brasil é um importante amigo e aliado, e o presidente e sua administração têm grande confiança no Brasil e em sua equipe econômica", disse o porta-voz da Casa Branca Ari Fleischer numa retratação do governo norte-americano após comentários de ONeill sugerindo que a ajuda externa à América Latina poderia acabar em uma conta na Suíça.

Os comentários de ONeills enfureceram o Brasil e levaram o presidente Fernando Henrique Cardoso a pedir uma retratação na segunda-feira.

ONeill, que ficou sob fogo cruzado nos Estados Unidos por sua resposta às recentes quedas no mercado de ações, tem uma viagem marcada para o Brasil, a Argentina e o Uruguai na próxima semana.

"O Brasil demonstrou sua habilidade para usar a assistência monetária internacional de forma efetiva, e eles têm políticas econômicas fortes em curso", disse Fleischer a repórteres.

"Os Estados Unidos continuarão apoiando a ajuda financeira internacional ao Brasil. Essa é a posição do presidente e a posição da administração, incluindo o secretário, é claro."

Perguntado se o presidente George W. Bush ainda tem confiança no secretário ONeill, Fleischer respondeu: "Sim, ele tem. É claro que ele tem."

Segundo a Agência Brasil, ONeill teria afirmado hoje, por meio de uma assessora, que não teve a intenção de fazer referência à qualquer corrupção no governo do Brasil com suas declarações sobre fuga de capitais para bancos suíços de países da América Latina, após a obtenção de empréstimos junto ao Fundo. ONeill procurou esclarecer que, quando se referiu ao problema da fuga de capitais, quis mencionar particularmente a Argentina e o Uruguai, que vivem problemas "agudos" em suas economias nos últimos meses. As informações são da CNN.

"O Brasil demonstrou sua capacidade de usar de forma eficaz a assistência internacional", afirmou a subsecretária do Tesouro para Informação Pública, Michele Davis, em entrevista ao jornal "Washington Post" desta terça-feira. Na entrevista, Michele disse também que o Tesouro norte-americano apóia as conversações que o governo brasileiro mantém com o FMI.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou nota de repúdio às declarações do secretário dos EUA. Leia a íntegra da nota, assinada pelo presidente da entidade, Carlos Eduardo Moreira Ferreira:

"A Confederação Nacional da Indústria repudia de forma veemente as declarações do Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Sr. Paul ONeill, que, às vésperas de cumprir missão oficial em nosso país, chocou a opinião pública com afirmações irresponsáveis e ofensivas ao Brasil e a outros países.

Somos uma nação soberana que não aceita, e jamais aceitou, a idéia arcaica e preconceituosa de uma suposta inferioridade de alguns Países das Américas, na qual certamente se amparam as observações do Sr. ONeill.

Ao misturar a análise de problemas econômicos que o Brasil enfrenta com suposições genéricas a propósito do comportamento de autoridades latino-americanas, o Sr. ONeill presta um desserviço às boas relações entre o nosso País e os Estados Unidos.

Temos, mais do que a esperança, a convicção de que, ao se pronunciar dessa forma, o secretário do Tesouro não fala em nome dos governantes de seu país.

Ao mesmo tempo em que manifestamos nosso apoio à reação do governo brasileiro a essas declarações inaceitáveis, rogamos que as autoridades norte-americanas desautorizem o comportamento insólito do Secretário do Tesouro, de modo a preservar os laços históricos de cordialidade e cooperação que marcam as relações Brasil-Estados Unidos".

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

São Paulo cria meio milhão de empregos formais em um ano, alta de 3,6%

EUA divulga payroll de agosto nesta sexta — e que pode ser crucial para o Fed

Senado marca sabatina de Galípolo para 8 de outubro, dia em que indicação será votada no plenário

Lula diz que acordo com Vale sobre desastres em Minas Gerais será resolvido até outubro

Mais na Exame