Economia

Brasil quer negociar com o mundo "sem ideologia", diz Tereza Cristina

A ministra também destacou a importância de o país se manter como o primeiro produtor de alimentos "sem agredir o meio ambiente"

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (Wilson Dias/Agência Brasil)

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (Wilson Dias/Agência Brasil)

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EFE

Publicado em 18 de janeiro de 2019 às 14h30.

Brasília- A ministra da Agricultura, Tereza Cristina Costa, disse nesta sexta-feira que o Brasil pretende negociar com o mundo "sem ideologia", "sem ruídos políticos", e se mantendo como o primeiro produtor de alimentos "sem agredir o meio ambiente".

Um exemplo dessa premissa é a China, o maior parceiro comercial do país, destino preferencial para produtos agropecuários brasileiros e com a qual o governo do presidente Jair Bolsonaro deseja fazer negócios "de uma forma muito profissional", conforme ela explicou em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros.

Esta semana, a viagem à China de uma comitiva de parlamentares do Partido Social Liberal (PSL) gerou polêmicas na base governista, na qual alguns setores criticaram a visita a um país "comunista". Sobre essas controvérsias, ela disse que o seu gabinete se manterá indiferente aos "ruídos políticos" e aproveitou para anunciar que prepara uma viagem a países asiáticos, com escala na China.

"A ideia é sentarmos para negociar em igualdade de condições", disse ela.

Segundo ela, a intensão também é agregar à pasta de negócios agrícolas questões relacionadas inclusive à infraestrutura que o campo brasileiro precisa, com a inclusão de projetos ferroviários e hidrelétricos que pudessem ser financiados por capital estrangeiro.

A ministra negou que as novas políticas do governo Bolsonaro visem permitir uma maior destruição da Amazônia ou que pretendam "acabar" com as reservas indígenas. De acordo ela, as leis que regulam esses assuntos "não foram alteradas" e o governo só pretende que "sejam cumpridas", através de uma melhor fiscalização e que a solução seja dada pela Justiça nos casos de conflitos.

Para Tereza Cristina, esse debate está contaminado por "muito romantismo" e "alguma histeria" e que simplesmente "existe a lei" e tem que ser "cumprida", "aplicada" e "fiscalizada".

Conforme disse, no caso das reservas indígenas, assim como "há a parte da terra, há também a parte humanitária" e o "direito" das populações originais de não serem excluídas do desenvolvimento.

"É preciso apoiar os indígenas, ajudar no seu desenvolvimento, levar saúde pública às reservas, que têm os piores índices, e levar também eletricidade, pois onde há pobreza, também não há preservação do meio ambiente", afirmou.

No encontro com a imprensa, Tereza Cristina também comentou a decisão do governo de manter o Brasil no Acordo de Paris sobre mudança climática, que Bolsonaro tinha sugerido que poderia ser abandonado. Segundo ela, foi "muito importante para a agricultura", pois sair do tratado poderia ter tido um impacto negativo nas exportações do setor.

A ministra ainda enfatizou que assim como o Brasil "respeitará" as normas desse acordo, "também é necessário que os outros países cumpram com a sua parte".

Segundo disse, o setor agropecuário brasileiro "ainda pode crescer muito e isso assusta o mundo" e até grandes potências como os Estados Unidos. Apesar de o governo de Bolsonaro ter começado a "se aproximar" do governo americano, nessa área existe uma "competição" aberta do país nos mercados internacionais. EFE

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