Brasil quer dar mais tempo ao Irã na questão nuclear
Amorim defendeu a postura iraniana de um intercâmbio de material radioativo com as potências internacionais
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2010 às 23h53.
Washington - O Brasil defende que se dê mais tempo ao Irã e que haja uma solução técnica para o caso nuclear iraniano, declarou nesta segunda-feira o chanceler Celso Amorim, após participar da reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, sobre o tema.
"A questão, principalmente neste momento, é dar um mínimo de tempo para que ocorra o diálogo" entre Irã e as potências que querem aplicar sanções mais rigorosas, disse Amorim à imprensa à margem da Cúpula de Segurança Nuclear.
Lula se reuniu com Erdogan pouco antes do início da Cúpula, organizada pelos Estados Unidos e que busca um compromisso internacional para combater a ameaça do terrorismo nuclear.
Paralelamente ao encontro entre Brasil e Turquia, o presidente Barack Obama se reuniu com o líder chinês, Hu Jintao, com quem obteve um princípio de acordo para negociar novas sanções na ONU contra o Irã.
Perguntado sobre o acordo entre EUA e China, e da possibilidade de que Brasil e Turquia fiquem isolados em sua posição, Amorim respondeu: "estamos (todos) no mesmo lado, queremos uma solução diplomática para este problema".
Amorim defendeu a postura iraniana de um intercâmbio de material radioativo com as potências internacionais, mas admitiu que há importantes diferenças sobre sua aplicação.
O chanceler brasileiro garantiu que é possível se obter um acordo intermediário, e revelou que vai manter outra reunião com o chanceler turco no sábado para seguir analisando o tema.
"A proposta iraniana retorma uma proposição da Agência Internacional de Energia Atômica", afirmou Amorim.
O problema é "a questão do tempo, porque o Irã exige simultaneidade, entrega urânio levemente enriquecido, a 3,5%, e recebe elementos combustíveis (a 20%) ao mesmo tempo", mas as potências ocidentais querem primeiro receber todo o urânio enriquecido para só depois entregar o combustível, explicou.
Uma proposta intermediária, com um país neutro próximo geograficamente do Irã, poderá ser explorada, estimou Celso Amorim.