Economia

Brasil produz menos aço em agosto; setor pode rever previsão

As usinas produziram 2,837 milhões de toneladas de aço bruto no mês passado

Indústria siderúrgica: associações esperam mudanças no setor industrial (Kiko Ferrite/EXAME)

Indústria siderúrgica: associações esperam mudanças no setor industrial (Kiko Ferrite/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2012 às 18h01.

São Paulo - A indústria brasileira de siderurgia pode reduzir suas estimativas de produção em 2012, depois de encerrar agosto com volume de aço bruto produzido no ano 3,3 por cento menor que no mesmo período de 2011, informou nesta quarta-feira o Instituto Aço Brasil (IABr).

As usinas produziram 2,837 milhões de toneladas de aço bruto no mês passado, queda de 6,3 por cento sobre agosto de 2011 e de 5,5 por cento na comparação com julho. O volume ficou perto das 2,756 milhões de toneladas de junho, mês com pior nível de produção no ano até agora.

O setor vem sendo atingido pelo fraco crescimento da economia brasileira, importações elevadas e excesso de oferta no exterior que tem pressionado preços de aço e as exportações. Entre janeiro e agosto, a indústria produziu 23,186 milhões de toneladas de aço bruto ante uma previsão revisada do IABr de produção de 36 milhões de toneladas em 2012.

Com isso, para alcançar a estimativa divulgada em junho, as usinas do país terão de produzir cerca de 3,2 milhões de toneladas de aço bruto em média por mês. Esse volume não é atingido pela indústria desde maio de 2011, ano que o setor produziu 35,2 milhões de toneladas.

"Possivelmente nós teremos de fazer uma revisão nos números. Temos oito meses agora e provavelmente teremos que mexer no final de novembro", disse o presidente-executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, em entrevista à Reuters.


"O cenário ainda está muito incerto (...) temos um problema de sobra de capacidade no mercado interno que está vinculado diretamente com a necessidade de crescimento desse mercado", acrescentou Lopes.

Apesar disso, ele acredita que a tendência para o setor é positiva após medidas tomadas pelo governo para conter importações diretas e indiretas de aço e para estimular o consumo.

No início deste mês, o governo elevou o imposto de importação de 100 produtos de 12 para 25 por cento em média e prometeu nova lista de mais 100 produtos para outubro . Além disso, o governo anunciou em meados de agosto pacote de concessão de rodovias e ferrovias depois de ter divulgado em junho aumento de compras governamentais, atingindo os segmentos de aços planos e longos.

Segundo Lopes, o governo elevou o imposto de importação de 10 de 13 produtos pedidos pelo IABr. "O governo se movimentou de forma positiva na desoneração da energia elétrica e de outro lado temos movimentos de desoneração de folhas de pagamentos de alguns setores, movimentos importantes na correção das assimetrias competitivas." Com esse cenário, aliado ao fim da guerra dos portos entre Estados a partir de janeiro de 2013, que tem favorecido importações de aço no país, Lopes estima que o setor pode mostrar "algum nível de surpresa favorável nos últimos meses do ano" e um 2013 "bem melhor que este ano".

Agosto - A queda anual na produção de aço bruto em agosto foi maior que o recuo de 4 por cento em julho. O resultado foi impactado pelo segmento de semi-acabados, que tombou 27,6 por cento, para 493 mil toneladas, e cujas exportações recuaram dois dígitos.

Após a divulgação, as ações das siderúrgicas devolveram a valorização de mais cedo na sessão e às 15h33 operavam perto da estabilidade. Gerdau tinha perda de 0,05 por cento, CSN exibia alta de 0,54 por cento e Usiminas recuava 0,17 por cento.

"O excedente de capacidade mundial acima de 500 milhões de toneladas continua, num contexto internacional de déficit fiscal nos Estados Unidos, crise na zona do euro, desaceleração na China e em outros mercados emergentes, principalmente nos países muito dependentes de exportações", afirmou o IABr.

Segundo o instituto, no total, as exportações brasileiras de aço em agosto somaram 737 mil toneladas, redução de 29,3 por cento sobre um ano antes e ligeira alta ante as 724 mil toneladas de julho, que havia marcado o pior nível de vendas externas do ano.

Já as vendas no mercado interno em agosto subiram 3,4 por cento sobre um ano antes, para 1,896 milhão de toneladas, indicando consumo de estoques. Na comparação com julho, houve crescimento de 6,6 por cento, com incrementos nas vendas de produtos planos, para quase 981 mil toneladas; e de longos, para 859 mil toneladas.

As importações, enquanto isso, somaram 335 mil toneladas em agosto, queda anual de 8,7 por cento e praticamente estável ante as 337 mil toneladas em julho.

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