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Brasil poderá dispensar dólar para comércio com o Irã

Transações poderão ser feitas em outras moedas, como o euro, para evitar barreiras financeiras

Comércio exterior: Brasil pode aceitar fazer transações em outras moedas além do dólar para impulsionar relações com o Irã (REUTERS/Fabian Bimmer)
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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2016 às 15h15.

BRASÍLIA - O Brasil fará uma ofensiva para triplicar o comércio com o Irã nos próximos três anos, especialmente na área de alimentos, proteínas e transportes, e considera aceitar o uso de outras moedas nas transações em vez do dólar , como o euro , para evitar barreiras financeiras, disse nesta terça-feira o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior .

Em entrevista à Reuters, Armando Monteiro Neto afirmou que a meta é elevar a corrente de comércio de 1,7 bilhão de dólares de 2015 a pelo menos 5 bilhões de dólares nos próximos três anos, e o Brasil está disposto a atender ao pedido iraniano de usar o euro nas transações.

“Eu acho que temos caminhos para poder trabalhar bem essa questão de como pagar, que tipo de modalidade, que moeda. Temos um comitê para cuidar especificamente desses temas financeiros. Estamos flexíveis”, afirmou o ministro.

Desde que as sanções contra o país começaram a ser levantadas, o Irã passou a informar seus parceiros comerciais de que prefere receber e fazer pagamentos em euros para evitar barreiras ainda mantidas pelos Estados Unidos. Monteiro revelou que, antes de viajar ao Irã em outubro, com uma comitiva de 30 empresários brasileiros, consultou o Banco Central sobre o tema e levou também representantes do Banco do Brasil para analisar a situação. Segundo o ministro, basta um pouco de “boa vontade” para resolver a questão.

Em meio a uma crise econômica que reduziu drasticamente o mercado interno, o governo brasileiro tem apostado nas exportações para tentar reativar a economia, e o Irã, de volta ao mercado internacional, é uma das principais apostas. Na semana passada, o governo brasileiro levantou as sanções impostas internacionalmente, e a presidente Dilma Rousseff recebeu o embaixador do país para uma conversa. Dilma, de acordo com Monteiro, deve ir ainda este ano ao Irã para aumentar a pressão brasileira por uma posição de destaque no comércio com o país.

Alimentos, proteínas e veículos estão entre as principais áreas de interesse dos iranianos no Brasil. Há conversas para exportações de carros para táxi e ônibus, além de contatos para venda de aeronaves da Embraer para linhas de aviação regional. “Por enquanto a ideia é renovar a frota. É preciso uma adaptação do sistema porque o Irã usa gás combustível. Vamos começar a tratar com empresas brasileiras para ver como ajustar e depois ver que tipo de parceria poderá ser feita”, disse o ministro sobre a venda de veículos.

Sobre a Embraer, confirmou que já há contatos sendo feitos. “Tem uma perspectiva de negócios interessante na aviação regional. O Irã é um país extenso e essa coisa de aviação regional tem um potencial muito grande”, afirmou.

Monteiro confirmou ainda que foram identificadas áreas potenciais de exportações em maquinário para indústria, equipamentos médico-hospitalar, farmacêutica e máquinas e equipamentos. Do outro lado, informou o ministro, o governo brasileiro estuda a importação de gás liquefeito. NOVOS ACORDOS O ministro deixou claro que o governo brasileiro aposta nos mercados internacionais como uma saída para a crise que o país enfrenta. Apesar de reconhecer que as empresas brasileiras tendem a procurar as exportações apenas quando o mercado interno está em crise e voltar para ele quando a situação melhora, Monteiro aposta que a profundidade da atual crise poderá mudar esse perfil.

“A dimensão dessa crise que estamos atravessando e a compreensão que vai nos exigir de que os processos de transição e de ajuste podem se estender no tempo, nos coloca a indicação que se não construirmos novo padrão de inserção internacional vamos ficar fora das redes e fluxos de comércio”, disse o ministro. “Não há alternativa, tem que se inserir, exportar mais e olhar o comércio exterior como ação permanente, um canal que temos que investir permanentemente.” Monteiro explicou que a base tradicional de empresas brasileiras exportadoras é de aproximadamente 20 mil, mas que em 2015 outras 1,1 mil começaram a exportar. Este ano a expectativa é de que outras 2 mil entrem nesse grupo.

Da parte do governo, a investida é para acelerar novos acordos de facilitação de comércio. Em breve, diz o ministro, deve ser fechada a ampliação do acordo com México, ampliando das atuais 450 linhas tarifárias –representações de bens para exportação– para 5 mil. “É um acordo muito mais ambicioso”, disse. Também estão sendo aceleradas a eliminação de tarifas com Colômbia e Peru, o que deve ser completado até o final de 2017. “Temos uma visão de que é estranho que haja aqui no continente barreiras entre o Mercosul e os países da Aliança do Pacífico. Precisa ter um comercio fluído na América Latina”, explicou.

O Brasil quer ainda aproveitar o momento em que o Mercosul finalmente está alinhado nas ideias de ampliar os acordos extra-bloco, depois da eleição de Maurício Macri na Argentina, para tentar acelerar a troca de ofertas com a União Europeia e tentar novas alianças. Uma delas, com o Canadá. “Poderemos fazer algo com o Canadá, mas essa proposta ainda precisa ser assumida pelos parceiros do Mercosul. Estamos iniciando essa conversa”, explicou.

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BRASÍLIA - O Brasil fará uma ofensiva para triplicar o comércio com o Irã nos próximos três anos, especialmente na área de alimentos, proteínas e transportes, e considera aceitar o uso de outras moedas nas transações em vez do dólar , como o euro , para evitar barreiras financeiras, disse nesta terça-feira o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior .

Em entrevista à Reuters, Armando Monteiro Neto afirmou que a meta é elevar a corrente de comércio de 1,7 bilhão de dólares de 2015 a pelo menos 5 bilhões de dólares nos próximos três anos, e o Brasil está disposto a atender ao pedido iraniano de usar o euro nas transações.

“Eu acho que temos caminhos para poder trabalhar bem essa questão de como pagar, que tipo de modalidade, que moeda. Temos um comitê para cuidar especificamente desses temas financeiros. Estamos flexíveis”, afirmou o ministro.

Desde que as sanções contra o país começaram a ser levantadas, o Irã passou a informar seus parceiros comerciais de que prefere receber e fazer pagamentos em euros para evitar barreiras ainda mantidas pelos Estados Unidos. Monteiro revelou que, antes de viajar ao Irã em outubro, com uma comitiva de 30 empresários brasileiros, consultou o Banco Central sobre o tema e levou também representantes do Banco do Brasil para analisar a situação. Segundo o ministro, basta um pouco de “boa vontade” para resolver a questão.

Em meio a uma crise econômica que reduziu drasticamente o mercado interno, o governo brasileiro tem apostado nas exportações para tentar reativar a economia, e o Irã, de volta ao mercado internacional, é uma das principais apostas. Na semana passada, o governo brasileiro levantou as sanções impostas internacionalmente, e a presidente Dilma Rousseff recebeu o embaixador do país para uma conversa. Dilma, de acordo com Monteiro, deve ir ainda este ano ao Irã para aumentar a pressão brasileira por uma posição de destaque no comércio com o país.

Alimentos, proteínas e veículos estão entre as principais áreas de interesse dos iranianos no Brasil. Há conversas para exportações de carros para táxi e ônibus, além de contatos para venda de aeronaves da Embraer para linhas de aviação regional. “Por enquanto a ideia é renovar a frota. É preciso uma adaptação do sistema porque o Irã usa gás combustível. Vamos começar a tratar com empresas brasileiras para ver como ajustar e depois ver que tipo de parceria poderá ser feita”, disse o ministro sobre a venda de veículos.

Sobre a Embraer, confirmou que já há contatos sendo feitos. “Tem uma perspectiva de negócios interessante na aviação regional. O Irã é um país extenso e essa coisa de aviação regional tem um potencial muito grande”, afirmou.

Monteiro confirmou ainda que foram identificadas áreas potenciais de exportações em maquinário para indústria, equipamentos médico-hospitalar, farmacêutica e máquinas e equipamentos. Do outro lado, informou o ministro, o governo brasileiro estuda a importação de gás liquefeito. NOVOS ACORDOS O ministro deixou claro que o governo brasileiro aposta nos mercados internacionais como uma saída para a crise que o país enfrenta. Apesar de reconhecer que as empresas brasileiras tendem a procurar as exportações apenas quando o mercado interno está em crise e voltar para ele quando a situação melhora, Monteiro aposta que a profundidade da atual crise poderá mudar esse perfil.

“A dimensão dessa crise que estamos atravessando e a compreensão que vai nos exigir de que os processos de transição e de ajuste podem se estender no tempo, nos coloca a indicação que se não construirmos novo padrão de inserção internacional vamos ficar fora das redes e fluxos de comércio”, disse o ministro. “Não há alternativa, tem que se inserir, exportar mais e olhar o comércio exterior como ação permanente, um canal que temos que investir permanentemente.” Monteiro explicou que a base tradicional de empresas brasileiras exportadoras é de aproximadamente 20 mil, mas que em 2015 outras 1,1 mil começaram a exportar. Este ano a expectativa é de que outras 2 mil entrem nesse grupo.

Da parte do governo, a investida é para acelerar novos acordos de facilitação de comércio. Em breve, diz o ministro, deve ser fechada a ampliação do acordo com México, ampliando das atuais 450 linhas tarifárias –representações de bens para exportação– para 5 mil. “É um acordo muito mais ambicioso”, disse. Também estão sendo aceleradas a eliminação de tarifas com Colômbia e Peru, o que deve ser completado até o final de 2017. “Temos uma visão de que é estranho que haja aqui no continente barreiras entre o Mercosul e os países da Aliança do Pacífico. Precisa ter um comercio fluído na América Latina”, explicou.

O Brasil quer ainda aproveitar o momento em que o Mercosul finalmente está alinhado nas ideias de ampliar os acordos extra-bloco, depois da eleição de Maurício Macri na Argentina, para tentar acelerar a troca de ofertas com a União Europeia e tentar novas alianças. Uma delas, com o Canadá. “Poderemos fazer algo com o Canadá, mas essa proposta ainda precisa ser assumida pelos parceiros do Mercosul. Estamos iniciando essa conversa”, explicou.

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