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Brasil pode ter de reduzir preço da carne para exportar

Volumes exportados de carnes devem cair entre 10% e 15%, segundo associação de comércio externo

Carne: Brasil pode perder neste ano entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões em exportações (moodboard/Thinkstock)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de março de 2017 às 12h05.

São Paulo - A operação da Polícia Federal (PF) que revelou a violação de regras sanitárias por frigoríficos brasileiros deve causar duplo impacto nas exportações de carnes, segundo avaliação da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entidade que abriga empresas exportadoras a importadoras.

A instituição acredita que as restrições que outros mercados devem ter ao País poderá reduzir os volumes vendidos entre 10% e 15%.

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Além disso, o episódio pode reduzir a reputação da carne brasileira de categoria no mercado internacional, algo que forçaria seus produtores a cobrar menos do que os concorrentes.

O resultado, conforme as previsões da AEB, seria um corte de 20% em relação aos preços que eram praticados pelo setor em mercados internacionais antes da operação Carne Fraca, deflagrada pela PF na sexta-feira.

No saldo final, com a queda tanto de volume como de preços, o Brasil pode perder neste ano entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões em exportações do produto.

No ano passado, os embarques de carne chegaram a US$ 12,7 bilhões. "É um impacto grande", afirma o presidente da AEB, José Augusto de Castro.

O executivo diz que o choque chega num momento em que os frigoríficos brasileiros vinham conseguindo aumentar preços, com valorização de 40% da carne suína, de 10% da carne bovina e de 20% do frango nos últimos 12 meses.

Mesmo que os embargos contra o Brasil possam, pela redução de oferta, pressionar para cima os preços internacionais, os produtores brasileiros terão que vender a preços mais baixos para voltar ao mercado, diz o titular da AEB.

"O preço no mercado internacional pode subir, mas o Brasil terá de vender mais barato. A alegação dos compradores para pagar menos será de que a carne brasileira é de segunda", comenta Castro.

Ele também diz que a operação da PF deve frustrar planos de produtores brasileiros de frango de ocupar espaços da concorrência americana após a descoberta recente de mais um foco de gripe aviária no Estado do Tennessee.

"Na sexta-feira, mudou tudo. Quem suspendeu a compra do Brasil terá que importar dos Estados Unidos ou ficar sem frango", diz Castro.

Acompanhamento

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) diz se preocupar com a Operação Carne Fraca, mas acredita que o problema é pontual. O farelo de soja é usado na alimentação de animais no Brasil.

"Vemos com preocupação, mas temos um entendimento bastante semelhante ao expressado pelo governo brasileiro de que se trata de um problema localizado e pequeno", disse o secretário geral da Abiove, Fábio Trigueirinho.

A associação acha cedo para projetar se haverá queda no consumo de farelo caso a operação reduza a venda de carnes. "A gente ainda não conseguiu avaliar isso, mas não acreditamos que deva ter tanto impacto. O governo está sinalizando no sentido de que não há preocupação e que o consumidor não deve se desesperar."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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