Brasil dependerá ainda mais das commodities, dizem especialistas
Produtos primários deverão corresponder a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até 2019
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
A importância das commodities para a economia brasileira deverá crescer nos próximos anos. A expansão do mercado interno e, sobretudo, o apetite dos países emergentes por matérias-primas que sustentem seu desenvolvimento devem impulsionar o setor de produtos primários do Brasil. A conclusão é de um seminário realizado em São Paulo, na segunda-feira (29/3), pelo Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp). O evento reuniu especialistas renomados que se dividiram em diversos temas - de agronegócios à mineração, óleo e gás. A expectativa de um dos palestrantes, o economista José Roberto Mendonça de Barros, da consultoria MB Associados, é de que, até 2019, as commodities correspondam a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No ano passado, esse percentual foi de 5,2%.
O diretor de planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Carlos Ferraz, enfatizou que as empresas brasileiras estão liderando o movimento de alta das commodities. Grande parte desse crescimento, lembra ele, foi financiado pela instituição pública, que destinou 48 bilhões de reais no ano passado para a produção brasileira de matérias-primas. "Ultimamente, o termo 'internacionalização' ganhou mais frequência na mídia", afirma Ferraz, referindo-se à expansão de companhias petroquímicas e mineradoras no cenário global.
Para o presidente da Vale, Roger Agnelli, tanto a balança comercial superavitária como a reserva cambial do Banco Central, que paga as dívidas do país, são resultados das exportações de commodities. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) revelam que a participação dos produtos primários nas vendas externas do Brasil saltou de 37,5%, em 2005, para 50.2%, em 2009. "O que gera o caixa para o Brasil, quer nos momentos bons, quer nos momentos ruins, é a commodity", diz Agnelli.
O executivo à frente da maior empresa privada do país completa o seu discurso dizendo que a exploração de minérios colabora com o desenvolvimento dos seguintes setores: infraestrutura ("Colaboramos com o renascimento da operação ferroviária no país"); logística ("Estamos fazendo o maior investimento em portos"); educação ("Temos parcerias com universidades em todo o mundo para elaborar pesquisas").
<hr> <p class="pagina"><strong>Desenvolvimento tecnológico<br></strong><br>Na área agrícola, o diretor geral da Votorantim Industrial, Raul Calfat, destaca que a exploração de commodities incentiva a sofisticação tecnológica nos campos. Usando o exemplo do Grupo Votorantim, que atua em setores de base da economia, Calfat disse que dentro da cadeia florestal o sistema de clonagem do eucalipto, para a produção de celulose, foi essencial para aumentar o volume e a qualidade da colheita do vegetal. <br><br>Outra principal colaboração das commodities agrícolas tem a ver com o preço dos alimentos. Segundo estatísticas da consultoria MB Associados, nos últimos trinta anos o valor do arroz, do açúcar, do macarrão, entre outros, caiu 5,2% ao ano. "Estamos nos transformando numa indústria de massa de alimentos", constata José Roberto Mendonça de Barros. "O consumo de produtos industrializados, favorecidos pelo mercado internacional, será a nossa alavanca", completa o especialista.<br><br>A lista de produtos primários, que vai da soja ao petróleo, deverá garantir para o Brasil um fim de ano com a balança comercial com saldo positivo. As projeções feitas pelo Banco Central apontam para um superávit de 10 bilhões de dólares, com venda total de 173 bilhões de dólares e importações de 163 bilhões de dólares em 2010. Se essas expectativas se concretizarem, as commodities terão uma participação fundamental no ciclo de crescimento econômico.</p>
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