Brasil adota linha pragmática com China e Arábia Saudita
Brasil espera arrecadar R$ 1,3 trilhão nos próximos anos por meio de leilões de concessões para aeroportos, portos e exploração de petróleo e privatizações
Ligia Tuon
Publicado em 21 de dezembro de 2019 às 08h00.
Última atualização em 21 de dezembro de 2019 às 09h00.
O Brasil não permitirá que sensibilidades políticas atrapalhem o bom relacionamento com os principais parceiros comerciais ou potenciais investidores, incluindo China e Arábia Saudita , disse o ministro-chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, Onyx Lorenzoni .
Aliado de longa data de Bolsonaro, a quem muitas vezes acompanha em viagens internacionais, o ministro disse que o Brasil está no caminho de se tornar o motor do crescimento econômico da América Latina e, portanto, precisa tratar de negócios mesmo com países que têm sistemas políticos e econômicos radicalmente diferentes.
O Brasil espera arrecadar R$ 1,3 trilhão nos próximos anos por meio de leilões de concessões para aeroportos, portos e exploração de petróleo, e também por meio da privatização de empresas estatais, como os Correios. Mas a política externa passou por uma guinada desde que Bolsonaro assumiu o poder com a promessa de alinhar completamente o país às políticas dos EUA.
Nos últimos meses, o líder brasileiro trocou farpas com o novo presidente de esquerda da Argentina e causou alvoroço entre os parceiros comerciais do Oriente Médio com a decisão de abrir um escritório comercial em Jerusalém.
Em entrevista no palácio do Planalto de Brasília, Lorenzoni minimizou as tensões com o presidente argentino Alberto Fernandez, ao dizer que “as coisas vão se ajeitar” entre as duas maiores economias da América do Sul. Ele também defendeu relações pragmáticas com a China e Arábia Saudita.
“A China é o nosso maior comprador. Precisa da commodity brasileira, tem dinheiro, expertise e algumas das maiores empresas do mundo, então vamos negociar pragmaticamente”, disse ele.
O mesmo vale para a Arábia Saudita. Lorenzoni rejeitou a ideia de que o assassinato do jornalista e crítico do governo Jamal Khashoggi por agentes sauditas em 2018 seja um constrangimento na relação bilateral. “Isso é um problema” do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman “com a sociedade dele, com os organismos internacionais”, disse. “Nosso problema é o seguinte: a Arábia Saudita tem hoje um fundo soberano de bilhões de dólares e o Brasil precisa de investimento.”
A promessa da Arábia Saudita de investir US$ 10 bilhões no Brasil é “só o início” de uma onda de investimentos, principalmente em infraestrutura, disse o ministro. Ele acrescentou que os países estão montando um conselho para decidir o momento dos investimentos, bem como os setores que se beneficiarão deles.