Economia

Boletim Focus: Copom enfrenta expectativas inflacionárias em queda para 2023 e 2024

Projeções apontam recuo da inflação oficial, IPCA, e mercado aguarda corte da taxa Selic

Reunião do Copom: projeções apontam inflação mais baixa para os próximos anos (Copom/Divulgação)

Reunião do Copom: projeções apontam inflação mais baixa para os próximos anos (Copom/Divulgação)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 31 de julho de 2023 às 09h28.

Última atualização em 31 de julho de 2023 às 09h52.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central desta semana vai se deparar com expectativas inflacionárias mais baixas para 2023 e 2024, conforme o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 31. A projeção para a inflação oficial — IPCA — em 2023 voltou a recuar ante a semana anterior, de 4,90% para 4,84% — apenas 0,09 ponto porcentual acima do teto da meta deste ano (4,75%). Um mês antes, a mediana era de 4,98%.

Para 2024, foco da política monetária, a projeção baixou marginalmente, de 3,90% para 3,89%. Há um mês, era de 3,92%. A expectativa para 2025, que deve passar a ter peso minoritário nas decisões do Copom a partir desta semana, seguiu em 3,50%, contra 3,60% de quatro semanas antes. No Copom anterior, em junho, as medianas eram de 5,12%, 4,00% e 3,80% para os três anos, respectivamente.

O comitê se reúne nos dois próximos dias, com a divulgação da decisão a partir de 18h30 de quarta-feira, 2. No mercado financeiro, há consenso que o comitê iniciará os cortes da taxa Selic, hoje em 13,75%, mas os economistas estão divididos sobre o ritmo que será adotado.

Queda esperada

Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, 70% (62 de 88) das instituições consultadas esperam queda de 0,25 ponto porcentual, para 13,50%, já 30% (26 de 88) projetam redução de 0,50pp, para 13,25%.

Na Focus, considerando somente as 100 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4 90% para 4,83%. Para 2024, a projeção de alta cedeu de 3,90% para 3,88%, considerando 99 atualizações no período.

No horizonte mais longo, de 2026, houve manutenção na estimativa em 3,50%, repetindo o porcentual de um mês antes. No fim de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta inflacionária de 2026 em 3,0%, com intervalo de tolerância de 1 5% a 4,5%, assim como nos anos de 2024 e 2025 - o que despertou um movimento de reancoragem, especialmente em prazos mais longos. Para 2023, o alvo central é de 3,25%, com piso de 1,75% e teto de 4,75%.

As projeções do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023 a mediana ainda indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022, mas vem se aproximando do teto da meta (4,75%). Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%. Atualmente, as projeções do BC para o IPCA são de 5,0% em 2023, 3,4% em 2024 e 3,1% em 2025.

Meses

Após a surpresa favorável com o IPCA-15 de julho (-0,07%), os economistas reduziram marginalmente a expectativa de inflação do IPCA do mês no Boletim Focus desta segunda. A mediana passou de 0,10% para 0,09%. Há um mês, a expectativa era de 0,26%.

Para o IPCA de agosto, a estimativa também cedeu ligeiramente, de 0,31% para 0,30%, contra a mediana de 0,25% um mês antes. Já para setembro, a previsão para o indicador continuou em 0,28%, de 0,29% há quatro semanas.

Inflação suavizada

Os economistas do mercado financeiro atualizaram no Boletim Focus a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, de 4,18% para 4,11%, de 4,18% há um mês.

No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário. Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, não deram previsão de quando o ato do Executivo será publicado.

Como mostrou o Estadão Broadcast, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, defende a continuidade da realização da justificativa sobre o descumprimento da meta uma vez ao ano, mas no caso de o IPCA estourar o teto em qualquer momento durante os 12 meses aferidos.

Câmbio

O cenário esperado para o câmbio brasileiro continuou a mostrar apreciação no Relatório de Mercado Focus desta semana. A estimativa para o câmbio este ano passou de R$ 4,97 para R$ 4,91 de R$ 5,00 um mês antes.

Para 2024, a mediana passou de R$ 5,05 para R$ 5,00, contra R$ 5,08 quatro semanas antes. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.

Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

PIB

A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 continuou em 2,24%, contra 2,19% há um mês. Considerando apenas as 55 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 diminuiu, de 2,23% para 2,21%.

Para 2024, o Relatório Focus também mostrou estabilidade no cenário de crescimento do PIB, em 1,30% ante 1,28% de um mês atrás. Considerando apenas as 50 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 cedeu de 1,30% para 1,25%.

Em relação a 2025, a mediana seguiu em 1,90%, ante 1,81% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que baixou de 2,00% para 1,97%, contra 1 90% de um mês atrás.

O Ministério da Fazenda aumentou sua projeção oficial para o PIB deste ano, de 1,9% para 2,5%, em meados deste mês. No Banco Central, a estimativa atual é de 2,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.

A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023 sofreu alterações no Boletim Focus desta semana. A projeção passou de 60,50% para 60 40%, ante 60,60% de um mês atrás.

Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana seguiu em 1,00%, contra 1,02% um mês antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1 0% do PIB em 2023, ou menor. Já a estimativa para o déficit nominal este ano se manteve em 7,45% do PIB, de 7,74% há um mês.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Para 2024, a estimativa para a dívida líquida variou de 63,95% para 63,90%. Há quatro semanas, a expectativa era maior, de 64 00% do PIB. Já o déficit primário esperado para 2024 se manteve em 0,80%, longe da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB), enquanto o déficit nominal passou de 7,00% para 6,90% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 7 00%, nessa ordem.

Déficit em c/c

Os economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus agora divulgado. A projeção deficitária variou de US$ 42,00 bilhões para US$ 42,90 bilhões, ante US$ 43,22 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit continuou em US$ 50,00 bilhões, ante US$ 50,40 bilhões há quatro semanas.

Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção cedeu de US$ 67,56 bilhões para US$ 66,00 bilhões, contra US$ 63 76 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária continuou em US$ 60,00 bilhões, de US$ 55,65 bilhões quatro semanas antes.

Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.

A mediana das previsões para o IDP em 2023 seguiu em US$ 80 bilhões, de US$ 79,50 bilhões há um mês. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 26ª vez.

Selic

Os economistas consultados pelo Boletim Focus continuam a projetar que a taxa Selic deve ter sua primeira queda esta semana, com um ritmo de 0,25 ponto porcentual, para 13,50%, conforme a mediana do Sistema de Expectativas de Mercado do Banco Central, base para a Focus. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na terça (dia 1º) e quarta-feira (2) para definir o novo patamar dos juros básicos da economia brasileira, que estão parados em 13,75% desde agosto do ano passado.

Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, 70% (62 de 88) das instituições consultadas esperam queda de 0,25 ponto porcentual do juro, para 13,50%, já 30% (26 de 88) projetam redução de 0 50pp, para 13,25%. Na curva de juros, por sua vez, está precificada uma chance maior de a redução da Selic esta semana ser de 0,50 ponto.

No Sistema de Expectativas, as medianas para as três reuniões do Copom posteriores a agosto são de corte de 0,50 ponto. Para o fim de 2023, a mediana na Focus permaneceu em 12,00% ao ano, mas houve baixa para os anos seguintes: 9,50% para 9,25% no término de 2024, 9,00% para 8,75% no encerramento de 2025 e 8,63% para 8 50% no final de 2026.

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