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BNDES: com juro baixo, mercado de crédito e de capitais terá transformação

Presidente Dyogo Oliveira informou que banco de fomento vem trabalhando para que recursos alocados em fundos de curto prazo migrem a fundos de longo prazo

BNDES: presidente do banco disse que redução dos juros forçará sistema financeiro a aumentar suas carteiras de ativos (Nacho Doce/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de maio de 2018 às 19h40.

São Paulo - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ), Dyogo Oliveira, disse nesta terça-feira, 29, que o Brasil está próximo de assistir a uma transformação nos mercados de crédito e de capitais com o início do que chamou de "era dos juros baixos".

Ao participar de fórum com investidores na zona sul da capital paulista, o titular do BNDES comentou que a redução dos juros forçará o sistema financeiro a aumentar suas carteiras de ativos, já que cada ativo oferecerá uma rentabilidade menor.

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Oliveira informou aos investidores que o banco de fomento vem trabalhando para que recursos hoje alocados em fundos de curto prazo migrem a fundos de longo prazo, de modo a garantir a fonte de recursos a, por exemplo, investimentos em infraestrutura.

"Estamos às vésperas de uma grande transformação, que é esse ciclo de juros baixos", declarou o presidente do BNDES. "Estamos num momento muito interessante de transição da economia brasileira. Há incertezas, mas essa é a natureza da economia mundial" acrescentou.

Segundo ele, o Brasil tem condições de crescer hoje a um ritmo de 3% ao ano sem pressionar inflação. Ao comentar a greve dos caminhoneiros, ele disse aos investidores que, embora não se possa fechar os olhos para a situação, o olhar deve ser para o que acontecerá no Brasil no futuro.

Mudança estrutural

Oliveira e o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, avaliaramno fórum que o ciclo de juros baixos representa uma mudança estrutural na economia brasileira que "veio para ficar".

Oliveira sustentou que a inflação vai se beneficiar da queda dos índices de preços observada nos últimos dois anos, de modo que o País vai se acostumar a conviver com inflação abaixo de 3% e uma taxa de juros reais na faixa de 2,5% a 3%, o que, segundo ele, é algo gerenciável.

Oliveira citou a reforma da Previdência como o último problema macroeconômico a ser resolvido pelo Brasil. Aos investidores, ele frisou que nenhum outro País oferece relação tão boa entre risco e taxa de retorno. "O ciclo longo de juros baixos e de taxas de crescimento elevadas é uma convicção que eu tenho", comentou o titular do BNDES.

Numa visão parecida, Caffarelli, afirmou que os juros no Brasil devem passar por um momento de estabilidade e que o novo patamar, depois da forte queda que levou a Selic para 6,5% ao ano, veio para ficar.

"É importante que esse cenário de estabilidade dos juros não se renda apenas da questão da demanda interna, mas também um cuidado especial com a infraestrutura e as exportações brasileiras", disse o executivo, também presente no Fórum de Investimentos Brasil 2018.

Caffarelli lembrou que o País passou por uma crise muito severa. Segundo ele, sob o ângulo da inadimplência, foi a pior crise que o Brasil já enfrentou.

"Na crise de 2009, que passamos muito bem, tivemos menos de 400 pedidos de recuperação judicial. Nesta, foram mais de 4 mil", reforçou o executivo, lembrando que grandes empresas, com atuação em diversos setores, estavam envolvidas na Lava Jato, o que afetou a questão do crédito que depois foi suprida por novos entrantes.

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