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BC mantém juro em 26,5%, mas adota viés de alta

Medida preventiva foi tomada caso a guerra contra o Iraque se prolongue

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h46.

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (19/3) manter a taxa básica de juros do país em 26,5% ao ano. "A inflação mostra sinais de queda. O Copom entende ser necessário aguardar os efeitos dos recentes movimentos de política monetária para avaliar melhor os seus impactos", disse o Copom no comunicado. A decisão foi tomada por unanimidade e o Copom adotou viés de alta para os juros.

A maioria dos profissionais do mercado financeiro acreditava que o BC manteria a taxa. "Esperávamos a manutenção", afirma a consultoria Global Invest. Segundo o BBV, as projeção média do mercado para o IPCA em 2003 tiveram a sua primeira redução em relação à pesquisa anterior em meses. "Este fato está longe de ser irrelevante." O IPCA tem projeção média de 12,47% contra 12,51% na semana anterior, de acordo com o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central. A mediana das expectativas teve queda ainda mais expressiva, tendo migrado de 12,52% para 12,38% em uma semana. A variação do IPCA projetada para os próximos 12 meses também teve redução nesta semana, tendo ido de 11,41% para 11,12% na média da amostra e de 11,21% para 11,07% na mediana, evidenciando que o mercado já identifica a possibilidade de uma desinflação gradual. "Os sinais de austeridade monetária têm sido claros", afirma o BBV. "O que justifica a cautela do BC."

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Com a decisão, os juros continuam no maior patamar desde maio de 1999, quando a taxa era de 27%. Nas duas primeiras reuniões do governo Lula, o BC elevou os juros em 1,5 ponto percentual. Desde outubro, a Selic subiu 8,5 pontos percentuais.

O viés de alta

O viés de alta para os juros significa que a taxa poderá ser elevada antes da próxima reunião do Copom, em 23 de abril. É uma forma de os diretores do BC se precaverem caso a guerra do Iraque seja um combate prolongado. O presidente do BC, Henrique Meirelles, já havia sinalizado com a manutenção dos juros na manhã desta quarta-feira.

Repercussão

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado federal Armando Monteiro Neto (PMDB-PE), considera que a decisão é um reconhecimento de que "as medidas restritivas de política monetária adotadas nos últimos meses produziram desaceleração sensível da inflação" e esperava que o BC reduzisse a taxa de juros. O presidente da CNI reconheceu, contudo, que as incertezas do quadro externo justificam a cautela do Copom ao decidir pelo viés de alta. "A indústria espera que a situação internacional volte a se normalizar, para que os juros possam cair", afirmou. Ele disse que a entidade vai continuar "lutando pela redução dos spreads bancários, que é uma outra medida para baixar as taxas de juros".

A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) qualificou "prudente" a manutenção da taxa, considerando a instabilidade no cenário internacional. Mas o presidente da entidade, Horacio Lafer Piva, considerou "inoportuno" o viés de alta. "Não há necessidade de o Copom cogitar a retomada do ciclo de aperto monetário nas próximas semanas", disse Piva. "São contundentes as evidências de desaceleração da atividade produtiva e dos índices correntes de inflação."

O presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), Synésio Batista da Costa, disse estar "indignado e inconformado" com a decisão do Copom. "Esta decisão impede e retarda o crescimento da produção, comprometendo milhares de empresas e milhões de empregos em todo o país", disse. Para ele, "está na hora de o Copom começar a pensar um pouco na população e deixar a economia produzir riquezas e empregos ao Brasil". "O que temos é uma inflação cambial e não de demanda, e mesmo assim está em queda. Esse medo precisa acabar. Essa taxa só beneficia o mercado financeiro e não a produção", disse ele.

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