'BC errou por não perceber que mudamos o eixo da economia', diz Guedes
"O BC também errou projeções, mas com erro técnico, de pessoal mais sofisticado", afirmou Guedes
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de setembro de 2022 às 16h26.
O ministro da Economia, Paulo Guedes , afirmou nesta segunda-feira, 19, em entrevista a Rádio Guaíba, que o Banco Central (BC) errou as projeções econômicas para o Brasil por não perceber a mudança no eixo de crescimento com reformas e marcos legais aprovados pelo Congresso. Segundo ele, esse erro teve um viés técnico.
"O BC também errou projeções, mas com erro técnico, de pessoal mais sofisticado. O BC errou por não perceber que mudamos o eixo da economia. O BC errou ao falar o tempo todo em risco fiscal, desajuste fiscal, quando íamos para superávit. O BC estava preocupado com o fiscal e eu com o juro negativo", disse o ministro da Economia.
Apesar das críticas, Guedes elogiou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e disse que os apontamentos são feitos para a diretoria como um todo. "Campos Neto é excelente presidente do BC, percebeu e se adiantou à inflação. Quando falo do BC, falo da diretoria, e não do presidente Campos Neto", disse.
Expectativas de atividade
Na mesma entrevista, o ministro da Economia voltou a afirmar que o Brasil tem surpreendido, mesmo com expectativas pessimistas dos mercado. Segundo ele, o País já registrou um crescimento de 2,5% no primeiro semestre e deve crescer ainda mais até o fim do ano.
Também ressaltou que a inflação brasileira está menor que a das principais economias do mundo e o Produto Interno Bruto (PIB) é o maior entre os países membros do G7. "Fizemos diversas reformas e aprovamos projetos no Congresso. Os elogios não devem vir para mim, mas para presidente (Jair) Bolsonaro, para o Arthur Lira (presidente da Câmara), para o presidente do Senado (Rodrigo Pacheco), para o STF e para o TCU", disse.
Segundo Guedes, o Brasil tem uma dinâmica própria de crescimento que o diferencia das demais economias e reduz os efeitos de uma eventual recessão global. Para ele, o País pode crescer 3% anuais nos próximos cinco anos se a agenda de reformas for aprovada pelo Congresso. "O Brasil será a garantia da segurança energética da Europa. Com a guerra da Ucrânia, os europeus viram que a Rússia não é confiável. Isso beneficia o Brasil. Querem construir 10 Itaipus em cinco anos no Nordeste para geração de energia eólica. Duas guerras mundiais foram oportunidade para os Estados Unidos. Agora é oportunidade para Brasil", disse.
Reforma tributária
O ministro da Economia voltou a afirmar que a reforma tributária proposta pelo governo Jair Bolsonaro está paralisada no Senado, prevê o reajuste da tabela de Imposto de Renda e tributa os "super ricos".
Segundo Guedes, a tributação de lucros e dividendos é essencial para que o governo pague R$ 200 a mais de Auxílio Brasil em 2023.
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2023 prevê o pagamento de um Auxílio médio de R$ 405. O ministro tem afirmado publicamente que tornar permanente o valor de R$ 600 depende da criação do imposto sobre lucros e dividendos. "O nosso projeto foi aprovado pela Câmara e está paralisado no Senado. Todo o nosso programa é claro e pode ser aprovado depois das eleições. Mas o tempo é sempre da política", disse
IPI
O ministro da Economia voltou a afirmar também que um dos objetivos do governo é o de acabar com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Segundo ele, os impostos sobre a agroindústria também devem ser reduzidos.
Entretanto, Guedes não detalhou quais serão diminuídos e quando isso deve ocorrer.
Carteira verde e amarela
Ele também voltou a defender a criação da carteira de trabalho verde e amarela, com redução de encargos para a contratação de trabalhadores. Essa proposta foi enviada ao Congresso e rejeitada pelos parlamentares.
"Nenhum governo transferiu mais recursos para os mais frágeis. Fizemos a maior redução de pobreza dos últimos 40 anos", disse o ministro.
Novas críticas aos analistas do mercado financeiro
Guedes também voltou a declarar que os analistas que têm errado as projeções para a economia brasileira também têm feito previsões catastróficas para o País em 2023.
"Nos mudamos a dinâmica de crescimento da economia brasileira. Com concessões e privatizações, já existe um novo eixo para economia. Temos R$ 900 bilhões de investimentos contratados para os próximos 10 anos. Quem previa recessão em 2022 já fez 10 revisões de crescimento do PIB para cima. Alguns militantes estão só fazendo a 'rolagem da desgraça' para 2023. Dependendo do resultado da eleição, pode ser que a desgraça dê certo", insistiu o ministro.
Reforma administrativa
Guedes voltou a afirmar que o governo realizou uma reforma administrativa invisível, com 40 mil funcionários a menos, e sem a concessão de reajustes salariais para os servidores durante a pandemia. Na avaliação dele, as mudanças no RH do Estado contam com "todo o apoio" do funcionalismo. "Os servidores públicos no Brasil acumularam reajustes com aumento real de 50% nos últimos 17 anos. Pedimos para ele nos ajudarem sem a concessão de reajustes durante a pandemia já que estavam trabalhando em casa, no home office. A reforma administrativa tem todo o apoio do funcionalismo que conversa com a gente", disse.
O ministro também voltou a declarar que a mudança na legislação tributária é a mais importante das reformas. Ele afirmou que a proposta tem potencial para aumentar o potencial de crescimento da economia, com mais eficiência e tributando os mais ricos.
Segundo Guedes, o Brasil é um dos países mais digitalizados do mundo, pagou o auxílio emergencial digitalmente, enquanto nos Estados Unidos diversas pessoas ainda recebem cheques pelo correio. "O Banco Central dos Estados Unidos está vindo ao Brasil para ver como implementamos o Pix. Somos um exemplo para o mundo", disse.
Devolução do BNDES ao Tesouro
O ministro da Economia voltou a cobrar que o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) faça uma devolução final, até o fim desta semana, de R$ 90 bilhões à União. Na agenda dele, constava ainda nesta terça-feira uma reunião com o presidente da instituição, Gustavo Montezano, às 15h.
Guedes tem dito publicamente que dos R$ 500 bilhões aportados pelos governos petistas no banco público, R$ 410 bilhões foram devolvidos e ainda faltam R$ 90 bilhões.
"Vamos usar esse dinheiro do BNDES para reduzir a dívida pública. Com a devolução final pelo BNDES, relação entre a dívida pública e o PIB volta para patamar de quando chegamos aqui", disse o ministro.
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