Economia

BC atualiza projeção de inflação e juros longos avançam

No documento, o Banco Central voltou a atribuir a incertezas externas e internas a cautela com a qual deve ser administrada a política monetária brasileira


	Embora o BC tenha elevado de 12% para 25% a probabilidade de o teto da meta de inflação estourar em 2013, o mercado manteve a percepção de que a Selic não deve subir no curto prazo
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Embora o BC tenha elevado de 12% para 25% a probabilidade de o teto da meta de inflação estourar em 2013, o mercado manteve a percepção de que a Selic não deve subir no curto prazo (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2013 às 17h50.

São Paulo - O aguardado Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central trouxe projeções mais altas para os preços neste e nos próximos anos, mas manteve o tom de cautela em relação à política monetária.

Embora o BC tenha elevado de 12% para 25% a probabilidade de o teto da meta de inflação estourar em 2013, o mercado manteve a percepção de que a Selic não deve subir no curto prazo. E se a taxa básica não subirá agora, ela precisará ser elevada mais à frente.

Isso explica, de acordo com analista, a alta mais consistente das taxas dos contratos futuros de juros com prazos mais longos nesta quinta-feira. No fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro de juros com vencimento em julho de 2013 (109.605 contratos negociados) estava em 7,15%, na máxima do dia, ante 7,13% do ajuste de quarta-feira.

O DI para janeiro de 2014 (292.450 contratos) marcava 7,77%, também na máxima, ante 7,74% do ajuste, enquanto o vencimento para janeiro de 2015 (278.085 contratos) tinha taxa de 8,49%, ante 8,50% da máxima e 8,45% do ajuste. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (174.825 contratos) marcava 9,39%, ante 9,42% da máxima e 9,28% do ajuste, enquanto o vencimento para janeiro de 2021 (13.075 contratos) tinha taxa de 9,99%, ante 10,10% da máxima e 9,83% do ajuste.

No documento, o Banco Central voltou a atribuir a incertezas externas e internas a cautela com a qual deve ser administrada a política monetária brasileira. Em um dos trechos do relatório, é repetido parágrafo da última ata do Copom, que manteve a Selic em 7,25% ao ano.


"O Copom avalia que a maior dispersão recentemente observada de aumentos de preços ao consumidor, pressões sazonais e pressões localizadas no segmento de transportes, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência", diz o documento.

"Houve repetição da ideia de cautela e de outras observações que estavam nos documentos anteriores, sobre o risco de que a alta da inflação não ser temporária e o nível de incerteza do cenário interno e externo", comentou Mauro Schneider, economista-chefe da CGD Securities. "Acho que, a rigor, a Selic pode subir, mas que a decisão pode não estar tomada."

"Na verdade, com base nas projeções, não se pode inferir nada. Você só sabe que no cenário de referência, com a Selic estável, a inflação terá este comportamento (descrito pelo BC). E se o Banco Central tiver realmente a intenção de trazer a inflação para 4,5% (centro da meta), ele vai ter que subir juros", avaliou Flávio Serrano, economista-sênior do Besi Brasil.

Porém, na visão do mercado, a autoridade monetária não deve fazer isso de forma radical, sob pena de prejudicar a atividade econômica. Nas mesas de operação desta quinta-feira, apesar do relatório, seguiram repercutindo as declarações de ontem da presidente Dilma Rousseff sobre a inflação e o crescimento do País.

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