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Banco Mundial pede mecanismos de poupança a países da AL

Após o final do do preço das commodities (matéria-primas) exportadas pela região, aparecem os problemas em países que não souberam administrar a bonança

AL: após o final do do preço das commodities (matéria-primas) exportadas pela região, aparecem os problemas em países que não souberam administrar a bonança (Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2016 às 16h01.

O final da bonança ligada ao aumento dos preços das matéria-primas da qual a América Latina se beneficiou revelou deficiências na gestão de recursos extra, afirmou nesta quarta-feira o Banco Mundial , que pediu mecanismos de poupança nos países da região.

"Estamos mal, no quinto ano de desaceleração econômica da América Latina, o segundo ano de recessão e o ano que vem também poderá ser de recessão", disse Augusto de la Torre, economista-chefe do Banco Mundial (BM) para América Latina e Caribe em um seminário em Montevidéu.

Após o final do do preço das commodities (matéria-primas) exportadas pela região, aparecem os problemas em países que não souberam administrar a bonança.

"Para a Venezuela foi péssimo, e grandes economias, como o Brasil, enfrentam dificuldades", disse De la Torre.

Segundo o economista, a variável que explica o comportamento melhor ou pior em um contexto de queda das receitas de exportação depois de um ciclo positivo é a poupança.

"Os noruegueses, quando o preço do petróleo sobe, não consideram isso uma receita. O aumento do preço é considerado uma 'loteria' que deve ser poupada. Eles a colocam no fundo soberano norueguês", exemplificou De la Torre.

Como considerar nas contas nacionais essas bonanças?, questionou. "Seria bom que tivéssemos na região (...) mecanismos para poupar esses lucros", enfatizou.

Agora, em meio a uma queda do crescimento médio de uma queda do crescimento na China, o principal cliente da região, e com uma queda no preço das matérias-primas, "os países que menos poupam têm menos margem de manobra para manejar suas políticas na queda, e por isso atravessam problemas".

Nesse contexto, "a margem de manobra está distribuída de forma muito desigual nos países da região, e há alguns com margens tão restritas que se sentem obrigados a fazer um ajuste mais rápido", conclui o relatório apresentado por De la Torre.

Em abril, o BM revisou em alta suas previsões para os preços do petróleo, de 37 a 41 dólares o barril em 2016, mas estimou uma queda de 5,1%, em comparação aos 3,7% apontados em janeiro, dos preços dos produtos básicos não energéticos, entre os quais se encontram os minerais e as matérias-primas de origem agropecuária produzidos na América Latina.

Dilemas e ilusões

O principal economista do BM para a América Latina afirmou que existe um dilema entre "estimular e ajustar" e exemplificou que se produzem fenômenos como aumento da taxa de juros -que desestimulam o investimento e o crédito- em países que estão em recessão, como o Brasil.

"O Brasil tem que fazer um ajuste muito grande no gasto (público) e não encontra o caminho político para fazer isso", disse.

Outros países devem aceitar quedas do salário real -que mede o poder aquisitivo dos trabalhadores- para que os níveis de emprego não se deteriorem.

"O aumento do poder aquisitivo associado ao aumento do preço das commodities se transforma em uma ilusão se os preços das commodities não continuam altos" e é um elemento que pode desaparecer "logo" da economia, apontou De la Torre.

Consequentemente, os setores vulneráveis que puderam aumentar seus gastos de consumo em épocas de preços altos das exportações podem ser afetados.

"O ideal seria que, em países com margem para utilizar prudentemente o financiamento externo, o ajuste (...) pudesse ser feito de maneira gradual e para preservar os ganhos obtidos (...) por grupos menos favorecidos da sociedade", disse o BM.

Os últimos dados de crescimento regional da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), que na terça-feira estimou que a contração da economia latino-americana será de 0,8% para este ano, arrastada principalmente por Venezuela (com queda do PIB de 10%) e Brasil (retrocesso de 3,5%).

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O final da bonança ligada ao aumento dos preços das matéria-primas da qual a América Latina se beneficiou revelou deficiências na gestão de recursos extra, afirmou nesta quarta-feira o Banco Mundial , que pediu mecanismos de poupança nos países da região.

"Estamos mal, no quinto ano de desaceleração econômica da América Latina, o segundo ano de recessão e o ano que vem também poderá ser de recessão", disse Augusto de la Torre, economista-chefe do Banco Mundial (BM) para América Latina e Caribe em um seminário em Montevidéu.

Após o final do do preço das commodities (matéria-primas) exportadas pela região, aparecem os problemas em países que não souberam administrar a bonança.

"Para a Venezuela foi péssimo, e grandes economias, como o Brasil, enfrentam dificuldades", disse De la Torre.

Segundo o economista, a variável que explica o comportamento melhor ou pior em um contexto de queda das receitas de exportação depois de um ciclo positivo é a poupança.

"Os noruegueses, quando o preço do petróleo sobe, não consideram isso uma receita. O aumento do preço é considerado uma 'loteria' que deve ser poupada. Eles a colocam no fundo soberano norueguês", exemplificou De la Torre.

Como considerar nas contas nacionais essas bonanças?, questionou. "Seria bom que tivéssemos na região (...) mecanismos para poupar esses lucros", enfatizou.

Agora, em meio a uma queda do crescimento médio de uma queda do crescimento na China, o principal cliente da região, e com uma queda no preço das matérias-primas, "os países que menos poupam têm menos margem de manobra para manejar suas políticas na queda, e por isso atravessam problemas".

Nesse contexto, "a margem de manobra está distribuída de forma muito desigual nos países da região, e há alguns com margens tão restritas que se sentem obrigados a fazer um ajuste mais rápido", conclui o relatório apresentado por De la Torre.

Em abril, o BM revisou em alta suas previsões para os preços do petróleo, de 37 a 41 dólares o barril em 2016, mas estimou uma queda de 5,1%, em comparação aos 3,7% apontados em janeiro, dos preços dos produtos básicos não energéticos, entre os quais se encontram os minerais e as matérias-primas de origem agropecuária produzidos na América Latina.

Dilemas e ilusões

O principal economista do BM para a América Latina afirmou que existe um dilema entre "estimular e ajustar" e exemplificou que se produzem fenômenos como aumento da taxa de juros -que desestimulam o investimento e o crédito- em países que estão em recessão, como o Brasil.

"O Brasil tem que fazer um ajuste muito grande no gasto (público) e não encontra o caminho político para fazer isso", disse.

Outros países devem aceitar quedas do salário real -que mede o poder aquisitivo dos trabalhadores- para que os níveis de emprego não se deteriorem.

"O aumento do poder aquisitivo associado ao aumento do preço das commodities se transforma em uma ilusão se os preços das commodities não continuam altos" e é um elemento que pode desaparecer "logo" da economia, apontou De la Torre.

Consequentemente, os setores vulneráveis que puderam aumentar seus gastos de consumo em épocas de preços altos das exportações podem ser afetados.

"O ideal seria que, em países com margem para utilizar prudentemente o financiamento externo, o ajuste (...) pudesse ser feito de maneira gradual e para preservar os ganhos obtidos (...) por grupos menos favorecidos da sociedade", disse o BM.

Os últimos dados de crescimento regional da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), que na terça-feira estimou que a contração da economia latino-americana será de 0,8% para este ano, arrastada principalmente por Venezuela (com queda do PIB de 10%) e Brasil (retrocesso de 3,5%).

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