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Ata do Copom mostra foco no longo prazo

Diante dos primeiros sinais positivos da política monetária, o Banco Central começa a se concentrar nos próximos 12 meses

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h19.

Analistas de mercado fazem uma leitura otimista da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira (24/3). No documento, a autoridade monetária ameniza o aumento da inflação em fevereiro, afirma que a economia entrou em um ritmo mais sustentado de crescimento e assinala que as projeções de longo prazo da inflação cumprem a meta. Com isso, o Copom estaria perto de encerrar as altas dos juros e mudaria seu foco para possíveis pressões inflacionárias de longo prazo, que comprometessem a meta de 4,5% determinada para 2006.

"O texto prepara o fim do ciclo de aperto da política monetária, mas deixa uma porta aberta para eventuais ajustes, se o cenário internacional se deteriorar", afirma o economista-chefe do ABN Amro Real, Mário Mesquita. No ambiente externo, as duas questões que preocupam o Banco Central (BC) neste momento são a recente escalada dos preços do petróleo e as incertezas quanto à inflação americana, que poderiam levar o Federal Reserve (Fed) a aumentar a intensidade do ajuste dos juros nos Estados Unidos.

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Mesmo diante desses fatores, o Copom adotou um tom mais suave na ata de março. De acordo com a autoridade monetária, essas incertezas "poderão se reverter em breve", o que reduziria a pressão sobre os preços no mercado interno. Um sinal de confiança nessa tendência é o fato de o Copom manter a expectativa de que não haverá reajustes dos preços dos combustíveis no Brasil ao longo deste ano.

Cenário favorável

A persistência do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro no patamar de 0,59%, praticamente o mesmo registrado em janeiro (0,58%), foi atribuída pelo Copom a fatores sazonais sobretudo ao aumento de 5,28% da educação, item que, sozinho, respondeu por 0,25 ponto percentual do IPCA do mês passado.

Como ponto positivo, o BC destacou que um menor número de itens foram reajustados no último mês, indicando que a inflação está deixando de ser generalizada na economia. Em janeiro, 73,6% dos itens pesquisados haviam apresentado alta de preços, contra 64,6% em fevereiro.

"O Comitê considera que os efeitos do ciclo de aumento da taxa de juros iniciado em setembro de 2004 já se fazem sentir tanto nos resultados mais favoráveis da inflação no início do ano como nas projeções de inflação para horizontes mais longos", afirma a ata do Copom (se você é assinante, leia reportagem de EXAME sobre a política monetária).

Novo foco

Para Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas, a ata também indica uma mudança de foco do Copom. Sem abrir mão de eventuais ajustes dos juros para conter possíveis pressões sobre a inflação de 2005, o BC já estaria se voltando mais para o longo prazo, a fim de monitorar a trajetória dos preços para 2006. "O ponto principal da ata é que o Copom já está olhando para um horizonte de médio e longo prazo, no qual a inflação está em linha com a meta", diz.

Após a leitura da ata, o mercado se dividiu sobre as expectativas para o próximo encontro do Copom, marcado para os dias 19 e 20 de abril. Para alguns analistas, como Mesquita, do ABN Amro Real, o documento assinala que o Copom manterá a taxa Selic inalterada no próximo mês. Isso só não acontecerá, em sua opinião, se o cenário internacional se deteriorar. Já para Lintz, do BNP Paribas, o mais provável é que seja realizado um novo aumento, desta vez de 0,25 ponto percentual. "O que é possível afirmar, hoje, é que um ajuste de 0,5 ponto será bastante improvável", diz.

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