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As mulheres podem salvar o futuro do Japão?

No Japão, participação das mulheres no trabalho é muito mais baixa do que em outros países ricos - e resolver esse problema é central para reanimar a economia

EXAME.com (EXAME.com)

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de junho de 2014 às 14h07.

São Paulo – A terceira maior economia do mundo tem um problema importante para resolver.

Na média dos países avançados, a diferença entre a participação masculina e feminina na força de trabalho fica por volta de 10 pontos percentuais.

No Japão , é o dobro: 80% dos homens e 60% das mulheres trabalham.

Só igualar a participação feminina aumentaria o PIB do país entre 9% e 13%, segundo diferentes estimativas.

E isso sem falar nas outras diferenças: as japonesas ganham 62% do salário dos japoneses e representam uma porcentagem minúscula dos altos postos executivos.

O país caiu 25 posições em 3 anos e hoje está na 105ª posição no ranking de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial. O debate sobre mulheres e economia está em evidência e o governo do Japão decidiu olhar para o problema de frente.

Womenomics

No final de 2012, Shinzo Abe assumiu como primeiro-ministro com a meta de tirar a economia japonesa da pasmaceira que já dura duas décadas.

Um dos obstáculos é a deflação persistente, que o governo está combatendo com um forte estímulo monetário, na linha do que fez o banco central americano no pós-crise. Está dando certo: em abril, foi registrada a maior inflação dos últimos 23 anos.

Mas a economia japonesa tem problemas mais sérios. Nenhum outro país tem uma dívida por cabeça tão alta ou uma população que envelhece tão rápido. A combinação é explosiva: um país de idosos significa mais custos de aposentadoria e menos pessoas trabalhando.

É essa queda na força de trabalho que Abe quer compensar com uma maior participação feminina. Ele colocou a "Womenomics" no centro da "Abenomics" e costuma dizer que as mulheres são “o recurso mais subutilizado da economia japonesa”.

Seu governo se comprometeu a zerar a lista de espera em creches, apoiar empresas que aumentem a licença-maternidade de um para três anos e promover treinamento para as japonesas que queiram voltar para o trabalho.

A meta é que nada menos do que 30% das posições de liderança em todas as áreas da sociedade sejam ocupadas por mulheres até 2020, ano em que Tóquio vai sediar as Olimpíadas.

A mudança enfrenta barreiras culturais e passa necessariamente também por uma divisão mais igualitária nas tarefas domésticas e na criação dos bebês.

O próprio partido de Abe está longe da meta que ele próprio colocou, já que só 11% dos indicados na última eleição parlamentar eram mulheres.

Mas os resultados começam a aparecer aqui e ali. Em março, o segundo e o maior terceiro bancos do Japão anunciaram a promoção de mulheres para postos executivos pela primeira vez em sua história.

São Paulo – O país com mais igualdade entre os gêneros no mundo é a Holanda , seguido por Suécia . Já os mais desiguais são o Iêmen e o Afeganistão . É o que mostra o Gender Inequality Index, estudo do Programa de Desenvolvimento da ONU, que analisou dados de 195 países. Para criar o ranking, a ONU analisou cinco fatores: A taxa de mortalidade materna, o número de mulheres com cadeiras nos congressos e câmaras de cada país, a participação das mulheres na força de trabalho, o número de mulheres com, no mínimo, o diploma secundário e o número de casos de gravidez na adolescência. Veja a seguir os 20 primeiros:
  • 2. 1. Holanda

    2 /12(Ian Walton/Getty Images)

  • Veja também

    Mulheres que trabalham: 58,3% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 87,5% Participação no parlamento: 37,8%
  • 3. 2. Suécia

    3 /12(Charles Fred/Creative Commons)

  • Mulheres que trabalham: 59,4% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 84,4% Participação no parlamento: 44,7%
  • 4. 3. Dinamarca

    4 /12(Linus Hook/Bloomberg/Getty Images)

    Mulheres que trabalham: 59,8% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 99,3% Participação no parlamento: 39,1%
  • 5. 5. Noruega

    5 /12(Paula Bronstein /Getty Images)

    Mulheres que trabalham: 61,7% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 95,6% Participação no parlamento: 39,6%
  • 6. 7. Alemanha

    6 /12(Adam Berry/Bloomberg via Getty Images)

    Mulheres que trabalham: 53% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 96,2% Participação no parlamento: 32,4%
  • 7. 13. Singapura

    7 /12(Nicky Loh/Getty Images)

    Mulheres que trabalham: 56,5% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 71,3% Participação no parlamento: 23,5%
  • 8. 15. Espanha

    8 /12(Gerard Julien/AFP)

    Mulheres que trabalham: 51,6% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 63,3% Participação no parlamento: 34,9%
  • 9. 16. Portugal

    9 /12(PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP/GettyImages)

    Mulheres que trabalham: 56,5% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 40,9% Participação no parlamento: 28,7%
  • 10. 17. Austrália

    10 /12(Brendon Thorne/Bloomberg)

    Mulheres que trabalham: 58,8% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 92,2% Participação no parlamento: 29,2%
  • 11. 18. Canadá

    11 /12(GettyImage)

    Mulheres que trabalham: 61,9% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 100% Participação no parlamento: 28%
  • 12. 19. Irlanda

    12 /12(Matt Cardy/Getty Images)

    Mulheres que trabalham: 52,6% Mulheres com, no mínimo, o diploma secundário: 74,8% Participação no parlamento: 19%
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