Economia

"Arsenal de medidas para enfrentar crise global acabou", diz Armínio Fraga

Ex-presidente do BC diz que cenário é preocupante pelas condições econômicas e por causa da instabilidade política na União Europeia

Armínio Fraga vê alto risco de recaída para as economias globais e diz que os mercados funcionam "sem pneu sobressalente" (Wikimedia Commons)

Armínio Fraga vê alto risco de recaída para as economias globais e diz que os mercados funcionam "sem pneu sobressalente" (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 18h23.

São Paulo - Para o economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, o arsenal de medidas econômicas que os governos poderiam usar para lidar com a crise na Europa acabou. Segundo ele, se houver uma recaída global, o retorno à recessão será muito pior do que na crise de 2008.

"Nos Estados Unidos e na Europa as taxas de juros estão perto de zero. Nos países europeus as políticas fiscais já estão no limite da capacidade, os déficits estão altos. É como se a economia global estivesse fazendo uma longa viagem de carro sem um pneu sobressalente", afirmou.

Fraga demonstrou pessimismo ao analisar a situação da economia mundial. Segundo ele, países como os Estados Unidos, que baixaram muito suas taxas de juros, estão "em situação de UTI". Além disso, o risco de desaceleração em várias regiões do mundo ainda é elevado.

Além dos problemas econômicos, o economista também apontou a instabilidade política como agravante. "A Europa vê sua união monetária violentamente testada pelos mercados. Há casos claros de falta de liderança no bloco. Trata-se de uma economia que embarcou em um projeto de união, mas que é incompleta. Houve uma unificação monetária e alfandegária, mas ainda falta unidade em outras áreas, sobretudo a fiscal."

Para o ex-presidente do BC, o cenário dos próximos meses é preocupante. "Há um risco relevante de recaída. Uma saída de crise bem feita tem duas coisas: medidas de emergência de curto prazo e medidas estruturais, de longo prazo. Países que saem bem da crise aproveitam estes momentos para fazer reformas. Infelizmente não vemos isso acontecer nos EUA, e muito pouco na Europa, e isso me assusta." 

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