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Analistas têm dúvida de onde a Selic vai parar

Não há margem de dúvida na linguagem do Relatório Trimestral de Inflação do 4º trimestre, interpretada como explicitamente mais dura, mas com política monetária

Banco Central: não existe concordância se a Selic vai parar perto de 12,5% ou de 13% (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2014 às 06h50.

Rio de Janeiro - Não há margem de dúvida na linguagem do Relatório Trimestral de Inflação do 4º trimestre, interpretada consensualmente como explicitamente mais dura do que a empregada no comunicado e na ata da reunião do Copom de dezembro.

Já em relação às implicações para a política monetária - especialmente para o atual ciclo de aperto - das projeções de cenário do Banco Central (BC), as opiniões estão mais divididas.

Se parece formar-se um consenso de que a Selic será elevada em 0,5 ponto porcentual (e não 0,25 ponto) na reunião de janeiro, não existe a mesma concordância sobre onde a taxa básica vai parar: se perto de 12,5% ou de 13%.

Caio Megale, economista do Itaú Unibanco, afirma que "embora o BC tenha escrito no relatório que fará o que for necessário para levar a inflação para 4,5% em 2016, o cenário básico dele sugere que o que tem de ser feito não é muito mais do que ele já fez".

Ele ressalva que está levando em conta que o principal fato novo no relatório de dezembro é o endurecimento da linguagem.

Megale observa que a visão do BC sobre crescimento que sai das projeções no relatório teve uma boa piora, caindo para 0,2% em 2014 e 0,6% nos 12 meses até o terceiro trimestre de 2015.

No relatório de setembro, as projeções para o crescimento em 2014 e 2015 eram de respectivamente 0,7% e 1,2%.

Já em relação à política fiscal, o relatório de dezembro prevê impulso à demanda em 2015 "de magnitude desprezível", não podendo "se descartar migração da política fiscal para a zona de contenção".

O economista acrescenta, finalmente, que a projeção de inflação para 2016 no cenário de referência - em que se combinam a hipótese de manutenção dos atuais níveis da Selic e do câmbio com a projeção de inflação do BC - está em 5%, não tão distante assim dos 4,5% do centro da meta.

Dessa forma, Megale considera que a sinalização dada pela linguagem mais dura do relatório corrobora a projeção do Itaú Unibanco de que haverá mais uma alta da Selic na reunião de janeiro, de 0,5 ponto porcentual, seguida de uma alta adicional de 0,25 ponto em março, o que levaria a Selic para 12,5%.

Mudança

O consultor Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, também acha que o endurecimento do tom do relatório em relação à ata e ao comunicado da reunião de dezembro é a principal novidade na divulgação de ontem.

"Se é para valer eu não sei, mas eles mudaram a linguagem de maneira radical, é uma tremenda pirueta."

Para o economista, "à luz desse relatório é praticamente impossível eles não aumentarem a Selic em 0,5 ponto na próxima reunião".

Em relação às projeções do BC, Schwartsman nota que "o cenário está otimista demais tanto em termos de crescimento quanto de inflação - imaginar que a inflação em 2015 vai ser mais baixa que em 2014 é excesso de otimismo".

Sobre o relatório divulgado ontem, o consultor observa que as projeções de inflação do mercado para 2015 já superam 6,5%, comparadas a 6,1% no cenário de referência do BC e 6% no cenário de mercado.

Boa parte da explicação para o otimismo em relação à inflação de 2015, para Schwartsman, está no fato de que o BC trabalhou com uma projeção de alta dos preços administrados menor do que a projetada pelo mercado.

Além disso, a projeção de câmbio do mercado para 2016 agora é de R$ 2,75, comparada à de R$ 2,55 usada no relatório.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Rio de Janeiro - Não há margem de dúvida na linguagem do Relatório Trimestral de Inflação do 4º trimestre, interpretada consensualmente como explicitamente mais dura do que a empregada no comunicado e na ata da reunião do Copom de dezembro.

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Se parece formar-se um consenso de que a Selic será elevada em 0,5 ponto porcentual (e não 0,25 ponto) na reunião de janeiro, não existe a mesma concordância sobre onde a taxa básica vai parar: se perto de 12,5% ou de 13%.

Caio Megale, economista do Itaú Unibanco, afirma que "embora o BC tenha escrito no relatório que fará o que for necessário para levar a inflação para 4,5% em 2016, o cenário básico dele sugere que o que tem de ser feito não é muito mais do que ele já fez".

Ele ressalva que está levando em conta que o principal fato novo no relatório de dezembro é o endurecimento da linguagem.

Megale observa que a visão do BC sobre crescimento que sai das projeções no relatório teve uma boa piora, caindo para 0,2% em 2014 e 0,6% nos 12 meses até o terceiro trimestre de 2015.

No relatório de setembro, as projeções para o crescimento em 2014 e 2015 eram de respectivamente 0,7% e 1,2%.

Já em relação à política fiscal, o relatório de dezembro prevê impulso à demanda em 2015 "de magnitude desprezível", não podendo "se descartar migração da política fiscal para a zona de contenção".

O economista acrescenta, finalmente, que a projeção de inflação para 2016 no cenário de referência - em que se combinam a hipótese de manutenção dos atuais níveis da Selic e do câmbio com a projeção de inflação do BC - está em 5%, não tão distante assim dos 4,5% do centro da meta.

Dessa forma, Megale considera que a sinalização dada pela linguagem mais dura do relatório corrobora a projeção do Itaú Unibanco de que haverá mais uma alta da Selic na reunião de janeiro, de 0,5 ponto porcentual, seguida de uma alta adicional de 0,25 ponto em março, o que levaria a Selic para 12,5%.

Mudança

O consultor Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, também acha que o endurecimento do tom do relatório em relação à ata e ao comunicado da reunião de dezembro é a principal novidade na divulgação de ontem.

"Se é para valer eu não sei, mas eles mudaram a linguagem de maneira radical, é uma tremenda pirueta."

Para o economista, "à luz desse relatório é praticamente impossível eles não aumentarem a Selic em 0,5 ponto na próxima reunião".

Em relação às projeções do BC, Schwartsman nota que "o cenário está otimista demais tanto em termos de crescimento quanto de inflação - imaginar que a inflação em 2015 vai ser mais baixa que em 2014 é excesso de otimismo".

Sobre o relatório divulgado ontem, o consultor observa que as projeções de inflação do mercado para 2015 já superam 6,5%, comparadas a 6,1% no cenário de referência do BC e 6% no cenário de mercado.

Boa parte da explicação para o otimismo em relação à inflação de 2015, para Schwartsman, está no fato de que o BC trabalhou com uma projeção de alta dos preços administrados menor do que a projetada pelo mercado.

Além disso, a projeção de câmbio do mercado para 2016 agora é de R$ 2,75, comparada à de R$ 2,55 usada no relatório.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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