ANÁLISE - Porque o BC elevou o compulsório para 15%

O Banco Central (BC) acabou de anunciar um aumento dos depósitos compulsórios sobre empréstimos a prazo de 10% para 15% do valor total.

Com isso, os bancos terão de deixar mais dinheiro depositado sem rendimento no BC se captarem recursos por meio da emissão de Certificados de Depósito Bancário (CDB).

Segundo operadores, a iniciativa do BC visa aumentar a disposição do mercado em tomar títulos públicos. "Essa medida deve tornar os CDB menos competitivos e facilitar a venda de papéis do Tesouro", disse um operador de renda fixa em São Paulo.

A medida não era esperada pelo mercado, e teve repercussão imediata. Os contratos futuros de juros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) subiram para seu limite de alta máximo do dia.

A decisão também reduziu a convicção do mercado financeiro de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vá reduzir os juros em sua próxima reunião. "Antes (dessa elevação do compulsório) o mercado esperava uma queda dos juros, mas agora tudo pode acontecer", disse um profissional do mercado.

O Banco Central vai retirar do mercado R$ 6,5 bilhões com a decisão tomada hoje de elevar de 10% para 15% a alíquota do compulsório sobre os depósitos a prazo. O chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos do Banco Central, José Antônio Maciano, disse nesta sexta-feira que o aumento do compulsório sobre esses depósitos tem como objetivo reter a liquidez do mercado que poderia ser aplicada em ações especulativas.

Ele explicou que a nova alíquota vai valer a partir do próximo dia 21 quando será feito o recolhimento do compulsório relativo ao período de 10 a 14 deste mês.

Segundo a Agência Brasil, ele acrescentou que o compulsório será feito em títulos públicos vinculados à Selic. Com isso, ele acredita no incremento da demanda por títulos públicos. Marciano admite que a alteração do compulsório pode encarecer o crédito para o tomador, já que os bancos terão menos dinheiro disponível. A alíquota de 10% do compulsório sobre depósitos a prazo estava em vigor desde outubro de 2001.