América Latina tem 19 milhões de desempregados
Cerca de 19 milhões de trabalhadores urbanos permaneceram desempregados em 2003, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O Panorama Laboral 2003 também apontou a deterioração da qualidade do emprego, o aumento da informalidade nos novos postos de trabalho, além de uma queda dos salários reais e a redução da produtividade de sua força […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h36.
Cerca de 19 milhões de trabalhadores urbanos permaneceram desempregados em 2003, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O Panorama Laboral 2003 também apontou a deterioração da qualidade do emprego, o aumento da informalidade nos novos postos de trabalho, além de uma queda dos salários reais e a redução da produtividade de sua força de trabalho.
Dos nove países considerados nos três primeiros trimestres de 2003, em comparação a igual período de 2002, o desemprego urbano aumentou no Brasil (de 12% para 12,4%), no Equador (de 6,3% para 6,7%), no México (de 2,8% para 3,2%), no Uruguai (de 16,5% para 17,4%) e na Venezuela (de 15,7% para 18,9%), e se reduz na Argentina (-5,9%), Chile (-0,4%), Colômbia (-0,5%), Costa Rica (-0,1%), Panamá (-0,3%) e Peru (-0,3%).
O Brasil foi um dos seis países (além de Argentina, Brasil, México, Chile, Uruguai e Venezuela) em que cresceu o desemprego dos jovens , num total de nove países examinados (os outros três eram Colômbia, Costa Rica e Peru). Em alguns países, como na Argentina e no Chile, a dificuldade dos jovens em conseguir trabalho cresceu apesar de a taxa total ter caído.
O desemprego continua afetando em maior grau as mulheres, mesmo nos países em que a taxa é negativa. Na Argentina, a redução da taxa no primeiro trimestre de 2003, em comparação com o mesmo período de 2002, foi maior para os homens (6,1 pontos percentuais negativos) que para as mulheres (4,7 pontos negativos); no Chile, foi de 0,8 ponto percentual para os homens entre janeiro e setembro de 2003, enquanto, para as mulheres, não houve queda. No Brasil, foi um pouco diferente: o desemprego masculino manteve-se constante e o feminino caiu 0,8 ponto percentual.
"Mais da metade da força de trabalho na América Latina", afirma o diretor regional da OIT, Agustín Muñoz, "enfrenta problemas de desemprego e informalidade. A desigualdade na distribuição e o fato de que mais de quatro de cada 10 latino-americanos recebam salários insuficientes para satisfazer suas necessidades básicas, têm contribuído para a erosão da coesão social, dificultando a governabilidade."
O poder aquisitivo do salário mínimo na região sofreu uma contração de -1,6% em média, como conseqüência dos baixos ajustes salariais e do impacto da inflação. Como outros países, o Brasil veio na contramão desse movimento registrando um aumento de 1%. Assim, os salários mínimos reais experimentaram uma forte queda na Venezuela (-15,9%) e Uruguai (-15%), contrações na Bolívia (-0,8%), Equador (-3,9%), México (-0,3%), e Peru (-1,9%). Quanto à média dos salários industriais, a região experimentou uma contração média de -4,8%, devido basicamente às quedas deste indicador na Argentina (-14,1%), Brasil (-5,9%), Equador (-5,2%), Uruguai (-14%) e Venezuela (-19,8%).
Com o Panorama Laboral, realizado há 10 anos, a OIT constatou as seguintes mudanças no comportamento da estrutura ocupacional na América Latina e no Caribe na última década:
"O sombrio balanço dos resultados de 2003" disse o diretor regional da OIT "corrobora nossa preocupação pelo desempenho do modelo de desenvolvimento aplicado desde o começo dos anos noventa, que tem se caracterizado por deixar de lado os efeitos sociais das políticas"