Aluguel deve ser vítima da alta da inflação esperada para 2010
Mercado projeta IGP-M acumulado de 8,28% em dezembro; em 2009 indicador registrou deflação de 1,72%
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2010 às 15h36.
São Paulo - Parte das preocupações do mercado com a inflação tem a ver com a expectativa de uma disparada do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) em 2010. O último relatório Focus, do Banco Central, mostra que o mercado espera, no fim do ano, uma alta acumulada de 8,28% para o indicador, que é o responsável por balizar o reajuste dos contratos de aluguel.
Há 16 semanas consecutivas a projeção para o IGP-M em dezembro de 2010 tem aumentado. Esse comportamento chama a atenção principalmente depois do resultado observado em 2009, quando a inflação acumulada medida pelo índice foi negativa, fechando em -1,72%. Quem tinha contratos de aluguel com aniversário no fim do ano comemorou o reajuste zero, ou até um desconto no valor.
Entretanto, em 2010 a história deve ser diferente. A expectativa do mercado traz a possibilidade de uma má notícia para os locatários. E de acordo com o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana, a maioria deve ser prejudicada, já que 95% dos contratos de aluguel tem o IGP-M como referência para os reajustes de valor.
O impacto deve ser considerável. Se o IGP-M encerrar o ano com uma alta acumulada de 8,28%, um contrato de aluguel no valor de 2.000 reais mensais, por exemplo, com reajuste previsto para dezembro, passa a 2165,60 reais.
"É muito ruim que em uma economia estável como a nossa um índice elevado como o IGP-M seja usado para reajustar os contratos de aluguel. Mesmo assim, não significa que não possa haver um desconto no reajuste. Mas isso depende da relação entre locador e locatário", diz Viana.
Oscilação
Na opinião do diretor de economia do Sindicato da Habitação (Secovi) Roberto Akazawa, entretanto, o índice calculado pela Fundação Getúlio Vargas deve caminhar ao longo do ano para um comportamento mais próximo do IPCA.
"Normalmente, ao longo do tempo, indicadores demonstram tendência de variações semelhantes, no acumulado de um período maior. Chega um momento em que eles se aproximam", afirma. Para o economista, seria mais razoável esperar o IGP-M abaixo de 7%.
Mesmo que a projeção apontada pelo relatório Focus se confirme, Akazawa explica que a elaboração dos contratos prevê épocas de pico e períodos em que o indicador fica abaixo da inflação real.
"Então, considerando os contratos de aluguel, eventuais discrepâncias podem perfeitamente ser negociadas no momento da renovação, principalmente quando o inquilino é um bom pagador", diz.