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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h36.
A preocupação dos governos latino-americanos com os fluxos de capital já não é mais a mesma. Se antes o problema era impedir a fuga de capitais, agora a questão é como impedir que uma overdose de recursos externos valorize demais suas moedas e prejudique as exportações.
O Financial Times desta terça-feira (21/12) afirma que a imposição pela Colômbia na semana passada de controles de capital de curto prazo é um sinal de como as coisas mudaram nos mercados financeiros da América Latina nos últimos anos. Depois da recessão de 2001 e 2002, as economias estão agora em seu ritmo mais intenso em mais de duas décadas. Os preços altos de commodities estão impulsionando as exportações, os governos usufruem de superávits em conta corrente e as moedas da região registram valorização em relação ao dólar.
Nos últimos 12 meses, registra o jornal britânico, a moeda chilena ganhou 2,4% na comparação com o dólar, a peruana, 6,4%, e a colombiana, 18%. "Apenas a intervenção do banco central pôde coibir a apreciação do peso argentino e do real brasileiro", diz a reportagem (leia outro ponto de vista). "A Colômbia foi forçada a adotar medidas ainda mais drásticas." Mesmo depois de adotá-las, porém, o BC colombiano ainda precisou comprar dólares e surpreendeu os mercados cortando as taxas de juros do overnight em 0,25 ponto percentual, para 6,5%.
Para o jornal, de todas as providências do governo colombiano, a mudança na taxa de juros é a que mais provavelmente pode estabelecer uma tendência. Embora os juros tenham caído em toda região durante 2003 e na primeira metade de 2004, os BCs seguiram o aperto monetário promovido pelo Federal Reserve (o banco central americano) e começaram a subir as taxas a partir do meio do ano.
Mas nas últimas semanas surgiram sinais de que essa política está atraindo fluxos de capital de curto prazo e gerando pressão adicional sobre as moedas. "A manutenção de altas taxas de juros é cada vez mais vista como contraproducente", diz ao Financial Times Mohamed El-Erian, gerente de fundos de investimento da Pimco. A reportagem menciona "crescentes clamores" no Brasil por alívio nos juros, e não somente porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está ansioso para consolidar a recuperação econômica deste ano estimulando o investimento doméstico. Tudo isso implica, diz o jornal, que os países da região podem começar a cortar os juros ainda que os Estados Unidos continuem elevando suas taxas o que seria um fenômeno incomum.