Alta de rating deve baratear dólar e reduzir custo de financiamento para empresas, diz economista
Avaliação é do economista-chefe do banco Pine, Cristiano Oliveira. Segundo ele, avanço da reforma tributária e do arcabouço fiscal pesaram na decisão da Fitch
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 26 de julho de 2023 às 14h25.
A elevação da nota de crédito do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável, anunciada nesta quarta-feira, 26, pela Agência Fitch tem potencial para atrair mais investimento estrangeiro para o Brasil, reduzir o preço dólar e baratear o custo de financiamento das empresas brasileiras no exterior.A avaliação é do economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, em entrevista à EXAME.
Segundo ele, a Fitch considerou para tomar essa decisão a melhora da condução da política fiscal, além da perspectiva de maior crescimento econômico e queda da inflção.
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"Provavelmente, sem a aprovação da reforma tributária e sem o novo arcabouço fiscal, o Brasil não teria esse upgrade. O fator primordial foi o arcabouço fiscal e a reforma tributária. Sem desmerecer as reformas implementadas desde o governo Michel Temer, mas sem essas duas não teríamos upgrade. As anteriores são importantes, no entanto, as últimas duas foram fundamentais", disse.
Leia abaixo a entrevista completa
O que motivou a Fitch a revisar a nota de crédito do Brasil?
A própria agência Fitch fez referência a melhora da condução da política fiscal e da perspectiva macroeconômica geral. Eles se referem a um crescimento maior e uma inflação menor. Isso possibilitou esse upgrade. De maneira resumida, a decisão considerou um resultado fiscal melhor, perspectiva de maior crescimento e inflação menor. Esse combo sugere que o nosso rating estava baixo e merecia um upgrade.
Essa decisão da Fitch pode influenciar outras agências?
Sim. Principalmente a S&P, que está com a nota em um patamar inferior. Acredito que essa revisão venha antes do Natal.
Como esse upgrade da nota de crédito beneficia o Brasil?
Beneficia o Real brasileiro e dá novo impulso para a redução do prêmio de risco que as empresas brasileiras pagam lá fora. Elas pagam um prêmio de risco país. Isso diminui o custo de financiamento das empresas brasileiras no exterior. No ponto de vista cambial, o upgrade diminui o risco macroeconômico e traz mais investimento estrangeiro, seja de portifólio ou investimento direto.
Essa decisão da Fitch pode influenciar o Copom da próxima semana? Existe alguma correlação?
Na verdade, indiretamente existe uma correlação. Isso ajuda o Real, diminui o custo Brasil e é um reconhecimento de uma agência de que nossa situação fiscal está melhor. E indiretamente sugere que o nosso prêmio doméstico também tem que cair, que no fundo é a taxa de juros. A gente tem a perspectiva de redução da Selic de 0,5 ponto percentual desde março. Tecnicamente, o BC tem condições de cortar 0,5 ponto percentual em agosto.
O que falta para o Brasil voltar a ter grau de investimento?
Perseverar na política fiscal, que no longo prazo seja crível, e que limite o crescimento da dívida pública. Além disso, é necessária a adoção de políticas que favoreçam o crescimento econômico e a produtividade. E por fim, uma continuidade de uma política monetária que persiga as metas de inflação no longo prazo para o Brasil ter uma menor volatilidade das variáveis reais.
Qual a importância da reforma tributária e do arcabouço fiscal nesse processo?
É grande. Provavelmente, sem a aprovação da reforma tributária e sem o novo arcabouço fiscal, o Brasil não teria esse upgrade. O fator primordial foi o arcabouço fiscal e a reforma tributária. Sem desmerecer as reformas implementadas desde o governo Michel Temer, mas sem essas duas não teríamos upgrade. As anteriores são importantes, no entanto, as últimas duas foram fundamentais.