Exame Logo

2013 será pior ano da recessão, diz ministro do Chipre

Yeoryiadis afirmou que é difícil fazer previsões precisas após "o choque" sofrido pelo sistema bancário do país

O Chipre recebeu 10 bilhões de euros - o equivalente a quase R$ 27 bilhões - da troika para se recuperar economicamente. Em troca, o país deve promover uma ampla reestruturação de seu sistema bancário (REUTERS/Bogdan Cristel)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2013 às 20h10.

Nicósia - O ministro de Finanças do Chipre , Jaris Yeoryiadis, disse nesta terça-feira que apesar da "grande recessão" que seu país enfrentará neste ano - possivelmente acima do índice de 9% previsto oficialmente -, acredita que a economia cipriota voltará a números positivos em 2015.

Em entrevista à Agência Efe, Yeoryiadis explicou que, embora as previsões incluídas no programa de resgate financeiro que o Chipre acaba de assinar com a troika internacional apontem para uma recessão de 9% em 2013, é "provável que o retrocesso seja maior". Mesmo assim, afirmou que é difícil fazer previsões precisas após "o choque" sofrido pelo sistema bancário do país.

O Chipre recebeu 10 bilhões de euros - o equivalente a quase R$ 27 bilhões - da troika para se recuperar economicamente. Em troca, o país deve promover uma ampla reestruturação de seu sistema bancário, o que trará prejuízos para cidadãos que tenham depósitos superiores a 100 mil euros (cerca de R$ 268 mil) no Banco do Chipre e no Banco Popular (Laiki), os dois principais do país.

O acordo com a troika - formada pelo Banco Central Europeu, pela Comissão Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional - inclui uma reformulação estrutural da maior instituição financeira cipriota, o Banco do Chipre, e o fim do Banco Popular, além da redução da incidência do setor no PIB - de 550% a 350%.

Além disso, o Chipre teve que impor uma série de medidas para prevenir a fuga de depósitos.

Yeorgiadis garantiu que a prioridade de seu governo é estabilizar o sistema bancário do país, condição indispensável para "a recuperação do resto da economia".

No entanto, o ministro reconheceu que "todos concordam" que o governo deve agir o mais rápido possível, e com cautela.


"Precisamente, nossos parceiros europeus nos pedem muito cuidado nos próximos passos relacionados às restrições, para evitar que haja uma desestabilização do sistema".

Na opinião do ministro cipriota as restrições, em vigor desde março de 2012, devem ser retiradas "gradualmente", e as consequências avaliadas antes de dar continuidade ao processo.

Apesar da grave crise financeira, Yeoryiadis acredita que o sistema bancário do país "mostrou resistência e um comportamento muito maduro. Alguns previam uma derrubada, o caos, mas os resultados foram muito melhores".

O ministro reconheceu, no entanto, que os efeitos sobre a economia real "foram desastrosos" para o mercado e para as empresas.

"Não há números porque é muito cedo para avaliar as consequências. O golpe no setor bancário, por sua vez, provocou um trauma na economia real", ressaltou.

"O que se discute agora na Europa são os altos impostos no Chipre. Para nós foi um modo muito violento de recapitalização, sobretudo se levarmos em conta a situação dos dois grandes bancos sistêmicos do país", afirmou Yeoryiadis.

Por outro lado, o ministro assegurou que o Chipre trabalha também para corrigir os vazios legais na luta contra a lavagem de dinheiro constatada após uma inspeção realizada por uma empresa privada e pela instituição europeia Moneyval.

"O Chipre adotará todas as recomendações presentes no relatório emitido pelo Moneyval. Nossa intenção é passar a executar uma fiscalização rigorosa, detalhada e profunda para evitar esse tipo de atividade", acrescentou.

Após constatar que não nenhum outro país havia sido objeto de um relatório tão detalhado, o ministro disse que "nem as avaliações do Moneyval nem do Deloitte confirmam as referências difamatórias feitas sobre o Chipre nos últimos meses", nas quais o país é descrito como um paraíso para a lavagem de dinheiro.

Mesmo assim, o ministro cipriota evitou pedir registros de controles semelhantes realizados em outros países europeus, porque, segundo ele, tal atitude poderia ser interpretada como uma tentativa de abstenção, "do Estado", de suas "próprias obrigações e responsabilidades".

"Talvez cada país deva individual ou coletivamente pedir um controle semelhante, porque não há dúvidas de que a lavagem de dinheiro é um fenômeno internacional e europeu a ser combatido", disse.

Yeoryiadis ressaltou ainda que o Chipre está decidido a corrigir seus erros do passado para poder se apresentar novamente como um país digno de credibilidade nos negócios.

Veja também

Nicósia - O ministro de Finanças do Chipre , Jaris Yeoryiadis, disse nesta terça-feira que apesar da "grande recessão" que seu país enfrentará neste ano - possivelmente acima do índice de 9% previsto oficialmente -, acredita que a economia cipriota voltará a números positivos em 2015.

Em entrevista à Agência Efe, Yeoryiadis explicou que, embora as previsões incluídas no programa de resgate financeiro que o Chipre acaba de assinar com a troika internacional apontem para uma recessão de 9% em 2013, é "provável que o retrocesso seja maior". Mesmo assim, afirmou que é difícil fazer previsões precisas após "o choque" sofrido pelo sistema bancário do país.

O Chipre recebeu 10 bilhões de euros - o equivalente a quase R$ 27 bilhões - da troika para se recuperar economicamente. Em troca, o país deve promover uma ampla reestruturação de seu sistema bancário, o que trará prejuízos para cidadãos que tenham depósitos superiores a 100 mil euros (cerca de R$ 268 mil) no Banco do Chipre e no Banco Popular (Laiki), os dois principais do país.

O acordo com a troika - formada pelo Banco Central Europeu, pela Comissão Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional - inclui uma reformulação estrutural da maior instituição financeira cipriota, o Banco do Chipre, e o fim do Banco Popular, além da redução da incidência do setor no PIB - de 550% a 350%.

Além disso, o Chipre teve que impor uma série de medidas para prevenir a fuga de depósitos.

Yeorgiadis garantiu que a prioridade de seu governo é estabilizar o sistema bancário do país, condição indispensável para "a recuperação do resto da economia".

No entanto, o ministro reconheceu que "todos concordam" que o governo deve agir o mais rápido possível, e com cautela.


"Precisamente, nossos parceiros europeus nos pedem muito cuidado nos próximos passos relacionados às restrições, para evitar que haja uma desestabilização do sistema".

Na opinião do ministro cipriota as restrições, em vigor desde março de 2012, devem ser retiradas "gradualmente", e as consequências avaliadas antes de dar continuidade ao processo.

Apesar da grave crise financeira, Yeoryiadis acredita que o sistema bancário do país "mostrou resistência e um comportamento muito maduro. Alguns previam uma derrubada, o caos, mas os resultados foram muito melhores".

O ministro reconheceu, no entanto, que os efeitos sobre a economia real "foram desastrosos" para o mercado e para as empresas.

"Não há números porque é muito cedo para avaliar as consequências. O golpe no setor bancário, por sua vez, provocou um trauma na economia real", ressaltou.

"O que se discute agora na Europa são os altos impostos no Chipre. Para nós foi um modo muito violento de recapitalização, sobretudo se levarmos em conta a situação dos dois grandes bancos sistêmicos do país", afirmou Yeoryiadis.

Por outro lado, o ministro assegurou que o Chipre trabalha também para corrigir os vazios legais na luta contra a lavagem de dinheiro constatada após uma inspeção realizada por uma empresa privada e pela instituição europeia Moneyval.

"O Chipre adotará todas as recomendações presentes no relatório emitido pelo Moneyval. Nossa intenção é passar a executar uma fiscalização rigorosa, detalhada e profunda para evitar esse tipo de atividade", acrescentou.

Após constatar que não nenhum outro país havia sido objeto de um relatório tão detalhado, o ministro disse que "nem as avaliações do Moneyval nem do Deloitte confirmam as referências difamatórias feitas sobre o Chipre nos últimos meses", nas quais o país é descrito como um paraíso para a lavagem de dinheiro.

Mesmo assim, o ministro cipriota evitou pedir registros de controles semelhantes realizados em outros países europeus, porque, segundo ele, tal atitude poderia ser interpretada como uma tentativa de abstenção, "do Estado", de suas "próprias obrigações e responsabilidades".

"Talvez cada país deva individual ou coletivamente pedir um controle semelhante, porque não há dúvidas de que a lavagem de dinheiro é um fenômeno internacional e europeu a ser combatido", disse.

Yeoryiadis ressaltou ainda que o Chipre está decidido a corrigir seus erros do passado para poder se apresentar novamente como um país digno de credibilidade nos negócios.

Acompanhe tudo sobre:BancosCrise econômicaEuropaFinançasUnião Europeia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame