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E se a inovação fosse coletiva?

Segundo levantamento da Dell Technologies, neste momento de pandemia 79% dos respondentes estão reinventando seu modelo de negócios

 (Constantine Johnny/Getty Images)
(Constantine Johnny/Getty Images)
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Sofia Esteves

Publicado em 8 de fevereiro de 2021 às, 18h36.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2021 às, 09h59.

Inovação, para mim, nunca foi um destino. Nunca foi um lugar em que, como executiva, eu chegava e pronto, problema resolvido! Não era um "item" que, uma vez alcançado, eu poderia tirar da minha lista de afazeres. Inovação, bem como educação e desenvolvimento, é um processo contínuo.

O ano passado, talvez, tenha sido uma demonstração prática disso. Inovamos não porque necessariamente escolhemos esse caminho, mas porque precisamos. Mudar o negócio, transformar processos, pensar em alternativas... Tudo isso era necessário para dar conta do recado! E as empresas que tiveram o privilégio de chegar lá — porque sabemos que inovar não é só uma questão de querer, mas de ter as condições necessárias para tal — não podem se acomodar nesse lugar e dar por missão cumprida.

Segundo levantamento da Dell Technologies com 4.300 líderes empresariais no mundo, neste momento de pandemia 79% dos respondentes estão reinventando seu modelo de negócios. Além disso, 80% das empresas aceleraram pelo menos alguns programas de transformação digital em 2020.

Mesmo assim, esse movimento todo de mudança não parou. É que, de acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 83% das indústrias afirmam que precisarão de ainda mais inovação para sobreviver no pós-pandemia.

Não quero aqui provocar em ninguém uma palpitação no peito, uma onda de ansiedade, mas apontar para uma realidade: poucas coisas na vida são estáticas e, por isso, mudamos. Mas, veja só, existe um lado bom!

Se todos nós — e, por consequência, as nossas empresas, as nossas carreiras, enfim, diversos aspectos da nossa vida — precisamos nos transformar, por que não enfrentamos isso em conjunto? Talvez, trilhar a jornada da inovação juntos seja parte da solução daquela angústia, medo e pressa por encontrar e desbravar o novo.

Como fundadora e presidente de uma empresa de recrutamento e desenvolvimento de jovens profissionais, costumo dizer que a carreira é uma construção coletiva feita não só das suas experiências, mas das pessoas que participam dela. E se essas pessoas agirem de modo consciente para deixar um impacto positivo na construção da carreira do outro, bem, melhor ainda!

Um exemplo disso é como um profissional mais sênior pode auxiliar os jovens talentos ao longo da jornada. Uma lição que ele aprendeu em sua carreira pode muito bem servir de inspiração e de guia para alguém que está começando agora.

Do outro lado, os recém-chegados no mercado trazem um frescor, uma nova forma de enxergar o mundo e outros conhecimentos que ampliam as perspectivas daquela pessoa mais experiente. Coloque este sênior ao lado daquele jovem e o percurso rumo à inovação certamente será melhor e, quem sabe, até mais ágil!

A mesma dinâmica motiva empresas com mais anos de mercado a se unirem, por exemplo, às startups em busca de algo comum: inovação. Cada uma com a sua potência compartilhando os desafios, dividindo as dores e construindo em conjunto. F

oi exatamente essa relação quase que de simbiose que nos inspirou a lançar em janeiro a primeira edição do programa de aceleração CT Labs em parceria com a Liga Ventures. Uma forma de tornar o conceito da coletividade como uma via para a inovação ainda mais concreto, mais palpável.

No fundo, apenas estruturamos e formalizamos algo que já fazemos há anos: compartilhar nosso largo conhecimento de mercado com aqueles negócios que estão nos primeiros passos dessa longa trilha. Nos últimos anos, eu e meu time da Cia de Talentos já mentoramos mais de 15 startups e, agora, lançamos um programa para acelerar HR Techs e EdTechs.

E, nós, o que ganhamos com isso? Além de podermos compartilhar nossa experiência (algo sempre tão gratificante), ajudamos a lançar mais soluções voltadas para as áreas de gestão de pessoas e educação, e ainda impulsionamos o desenvolvimento de futuros líderes, algo que beneficia não só a nós, mas todo o mercado.

Melhor do que sofrer diante da necessidade de transformação, é entender que ela, na verdade, sempre fez parte da vida e, mais ainda, que não precisamos encarar essa demanda sozinhos. Inovar não é uma atividade solitária, nem deveria ser individualista e, portanto, quanto mais incorporarmos o senso de coletividade nesse processo, mais de fato estaremos criando o novo.

Afinal, acho que todos podemos concordar que, nos últimos tempos, o que mais desejamos — e, ouso dizer, precisamos — é de um recomeço. Vamos juntos?